01 agosto, 2025

A esquerda de verde e amarelo

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A esquerda de verde e amarelo


Acossado pelas mal chamadas tarifas — que, na verdade, são sanções com motivação política — dos Estados Unidos, o Brasil parece ter se tornado o centro do planeta. Pelo menos, na última semana.

Dentre os países afetados pelo arroubo tarifário de Donald Trump, o nosso se manteve firme, não cedeu às pressões e aposta na fórmula "diálogo e soberania" para resolver a crise.

E o saldo político, até agora, foi positivo:
- o tarifaço foi minimizado por Trump, que retirou uma série de produtos da lista;
- o índice de aprovação do governo, pela primeira vez, ultrapassou o de desaprovação;
- a extrema direita, afundada em suas próprias rusgas, saiu "enfraquecida" e "humilhada".

O presidente Lula, ao melhor estilo dos tempos de Vila Euclides, voltou a oferecer, quase diariamente, palavras de ordem anti-imperialistas e mantém o Brasil como um farol de sobriedade em um mundo com cada vez mais ódio. Nenhum gringo nos dará ordens ou vai meter a mão nos nossos recursos, prometeu o presidente.

Ao New York Times, Lula expôs Trump ao revelar que tentou diversas vezes o diálogo, mas não foi recebido. A revista The Economist já fala em "tiro no pé" da Casa Branca.

E o povo parece ter compreendido o seu papel ao ocupar as ruas nesta sexta-feira (1º), em marchas por todo o país defendendo a soberania nacional e rechaçando intervenção estrangeira. Os alvos indicam muita coisa: consulados e a embaixada estadunidense em Brasília são foco dos protestos.

Nas redes, o governo e a esquerda saíram das cordas com a estratégia que já vinha dando frutos ao pautar o debate de taxação aos super ricos e que agora mira o imperialismo como inimigo.

Tudo indica que a bandeira nacional voltou — como já foi em outros momentos históricos — às mãos da esquerda e que a pauta da soberania será plataforma de campanha em 2026.

Apesar do otimismo, precisamos vigiar para avançar, tendo a memória como candieiro e o futuro livre como horizonte.

Um governo que defende a soberania deveria realizar a reforma agrária popular, exigida pelo Movimento Sem Terra na semana camponesa, que contou com ocupações e atos em todo o país.

Um governo que defende a soberania deveria rever o regime de concessões da Petrobrás, que enriquece petroleiras gringas e retira poder decisório do povo brasileiro sobre seus recursos.

O mesmo governo que defende a soberania deveria reestatizar a Eletrobras e todas as outras estatais estratégicas que foram entregues nos últimos 30 anos.

E o governo que defende a soberania poderia rever a política do arcabouço fiscal, que busca a manter a distopia do "déficit zero", para aproveitar as janelas positivas que podem vir do tarifaço e transformar o Estado em força motriz de um ciclo virtuoso na economia com investimento nacional, proteção de empregos e desenvolvimento industrial.

Vestir-se de verde e amarelo não é só uma demanda retórica ou eleitoral para a  esquerda, é uma necessidade histórica para melhorar a qualidade de vida do povo e, finalmente, completar o salto e abandonar de vez o subdesenvolvimento.

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