17 novembro, 2025

Homilia do Papa Leão XIV - Jubileu dos Pobres


IX Dia Mundial dos Pobres - Jubileu dos Pobres
XXXIII Domingo do Tempo Comum, 16 de novembro de 2025

Queridos irmãos e irmãs,

nos últimos domingos do ano litúrgico somos convidados a olhar para a história nos seus desfechos finais. Na primeira leitura, o profeta Malaquias vislumbra na chegada do “dia do Senhor” a entrada num novo tempo. Este é descrito como o tempo de Deus, em que, como um amanhecer que faz surgir um sol de justiça, as esperanças dos pobres e dos humildes receberão do Senhor uma resposta final e definitiva, e serão erradicadas, queimadas como se fossem palha, as obras dos ímpios e a sua injustiça, sobretudo em detrimento dos indefesos e dos pobres.

Como sabemos, esse sol de justiça que surge é o próprio Jesus. O dia do Senhor, com efeito, não é apenas o último dia da história, mas é o Reino que se aproxima de cada homem no Filho de Deus que vem. No Evangelho, usando a típica linguagem apocalíptica de seu tempo, Jesus anuncia e inaugura esse Reino: na realidade, Ele mesmo é o senhorio de Deus que se faz presente em meio aos acontecimentos dramáticos da história. Por isso, eles não devem assustar o discípulo, mas torná-lo ainda mais perseverante no testemunho e consciente de que a promessa de Jesus é sempre viva e fiel: «não se perderá um só cabelo da vossa cabeça» (Lc 21, 18).

Irmãos e irmãs, esta é a esperança à qual nos agarramos, mesmo diante das vicissitudes nem sempre felizes da vida. Ainda hoje, «a Igreja prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha» (Lumen gentium, 8). E, onde todas as esperanças humanas parecem esgotar-se, torna-se ainda mais firme a única certeza, mais estável do que o céu e a terra, de que o Senhor não deixará que se perca nem um único cabelo da nossa cabeça.

Deus não nos deixa sozinhos nas perseguições, nos sofrimentos, nas dificuldades e nas opressões da vida e da sociedade. Ele manifesta-se como Aquele que toma partido por nós. Toda a Escritura é atravessada por este fio condutor que narra um Deus que está sempre do lado dos mais frágeis, dos órfãos, dos estrangeiros e das viúvas (cf. Dt 10, 17-19). E a proximidade de Deus atinge o ápice do amor em seu filho Jesus: por isso, a presença e a palavra de Cristo tornam-se júbilo e jubileu para os mais necessitados, pois Ele veio para anunciar aos pobres a boa nova e proclamar o ano da graça do Senhor (cf. Lc 4, 18-19).

Neste ano de graça, também nós participamos, precisamente hoje, de modo especial, ao celebrarmos o Jubileu dos Pobres com este Dia Mundial. Toda a Igreja exulta e se alegra, e em primeiro lugar a vós, queridos irmãos e irmãs, desejo transmitir com força as palavras irrevogáveis do próprio Senhor Jesus: «Dilexi te - Eu te amei» (Ap 3, 9). Sim, diante da nossa pobreza e pequenez, Deus olha-nos como ninguém mais e ama-nos com amor eterno. E a sua Igreja, ainda hoje, talvez especialmente neste nosso tempo tão ferido por antigas e novas pobrezas, quer ser «mãe dos pobres, lugar de acolhimento e justiça» (Exort. ap. Dilexi te, 39).

Quantas pobrezas oprimem o nosso mundo! Trata-se, primordialmente, de pobrezas materiais, mas também existem inúmeras situações morais e espirituais, que muitas vezes afetam sobretudo os mais jovens. E o drama que as atravessa todas, transversalmente, é a solidão. Ela desafia-nos a olhar para a pobreza de forma integral, certamente porque às vezes é necessário responder às necessidades urgentes, mas, de modo mais geral, é uma cultura da atenção que devemos desenvolver, justamente para quebrar o muro da solidão. Por isso, queremos estar atentos ao outro, a cada um, ali onde estamos e onde vivemos, transmitindo essa atitude já na família, para vivê-la concretamente nos locais de trabalho e de estudo, nas diferentes comunidades, no mundo digital, em toda parte, indo até aos confins e tornando-nos testemunhas da ternura de Deus.

Hoje, o nosso estado de impotência parece ser confirmado, em primeiro lugar, pelos cenários de guerra que infelizmente estão presentes em várias regiões do mundo. Mas a globalização dessa impotência nasce de uma mentira: da crença de que a história sempre foi assim e não pode mudar. O Evangelho, de modo diverso, diz-nos que é precisamente nas grandes perturbações da história que o Senhor vem salvar-nos. E nós, comunidade cristã, devemos ser hoje sinal vivo dessa salvação no meio dos pobres.

A pobreza interpela os cristãos, e também todos aqueles que têm funções de responsabilidade na sociedade. Exorto, portanto, os Chefes de Estado e os Responsáveis das Nações a ouvirem o clamor dos mais pobres. Não poderá haver paz sem justiça, e os pobres recordam-nos isso de muitas maneiras: com a sua migração, bem como com o seu grito muitas vezes abafado pelo mito do bem-estar e do progresso que não tem todos em conta e que, em vez disso, esquece muitas criaturas, abandonando-as ao seu destino.

Aos agentes da caridade, aos muitos voluntários, a todos aqueles que se ocupam de aliviar as condições dos mais pobres, expresso a minha gratidão e, ao mesmo tempo, o meu encorajamento a terem cada vez mais consciência crítica na sociedade. Vós sabeis bem que a questão dos pobres remete ao essencial da nossa fé, que para nós eles são a própria carne de Cristo e não apenas uma categoria sociológica (cf. Dilexi te, 110). É por isso que «a Igreja, como mãe, caminha com os que caminham. Onde o mundo vê ameaça, ela vê filhos; onde se erguem muros, ela constrói pontes» (ivi, 75).

Comprometamo-nos todos. Como escreve o apóstolo Paulo aos cristãos de Tessalónica (cf. 2 Ts 3, 6-13), enquanto aguardamos o glorioso regresso do Senhor, não devemos viver uma vida voltada para nós mesmos e num intimismo religioso que se traduz no descompromisso para com os outros e a história. Pelo contrário, buscar o Reino de Deus implica o desejo de transformar a convivência humana num espaço de fraternidade e dignidade para todos, sem excluir ninguém. Está sempre à espreita o perigo de viver como viajantes distraídos, indiferentes ao destino final e desinteressados por aqueles que partilham o caminho conosco.

Neste Jubileu dos Pobres, deixemo-nos inspirar pelo testemunho dos Santos e das Santas que serviram Cristo nos mais necessitados e o seguiram no caminho da pequenez e do despojamento. Em particular, gostaria de propor novamente a figura de São Bento José Labre, que com a sua vida de “vagabundo de Deus” tem as características para ser o padroeiro de todos os pobres sem-abrigo. Que a Virgem Maria, que no Magnificat continua a recordar-nos as escolhas de Deus e se faz voz dos que não têm voz, nos ajude a entrar na nova lógica do Reino, para que na nossa vida de cristãos esteja sempre presente o amor de Deus que acolhe, perdoa, cuida das feridas, consola e cura.

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Fonte: Site da A Santa Sé

14 novembro, 2025

Mensagem do Santo Padre Leão XIV para o IX Dia Mundial dos Pobres

XXXIII Domingo do Tempo Comum - 16 de novembro de 2025

Tu és a minha esperança (cf. Sl 71,5)

1. «Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus» (Sl 71,5). Essas palavras emanam de um coração oprimido por graves dificuldades: «Fizeste-me sofrer grandes males e aflições mortais» (v. 20), diz o Salmista. Apesar disso, o seu espírito está aberto e confiante, porque firme na fé reconhece o amparo de Deus e o professa: «És o meu rochedo e a minha fortaleza» (v. 3). Daí deriva a confiança inabalável de que a esperança n’Ele não decepciona: «Em ti, Senhor, me refugio, jamais serei confundido» (v. 1).

No meio das provações da vida, a esperança é animada pela firme e encorajadora certeza do amor de Deus, derramado nos corações pelo Espírito Santo. Por isso, ela não decepciona (cf. Rm 5, 5) e São Paulo pode escrever a Timóteo: «Pois se nós trabalhamos e lutamos, é porque pomos a nossa esperança no Deus vivo» (1 Tm 4, 10). O Deus vivo é, verdadeiramente, o «Deus da esperança» (Rm 15, 13), que em Cristo, pela sua morte e ressurreição, se tornou a «nossa esperança» (1 Tm 1, 1). Não podemos esquecer que fomos salvos nesta esperança, na qual precisamos permanecer enraizados.

2. O pobre pode tornar-se testemunha de uma esperança forte e confiável, precisamente porque professada numa condição de vida precária, feita de privações, fragilidade e marginalização. Ele não conta com as seguranças do poder e do ter; pelo contrário, sofre-as e, muitas vezes, é vítima delas. A sua esperança só pode repousar noutro lugar. Reconhecendo que Deus é a nossa primeira e única esperança, também nós fazemos a passagem entre as esperanças que passam e a esperança que permanece. As riquezas são relativizadas perante o desejo de ter Deus como companheiro de caminho porque se descobre o verdadeiro tesouro de que realmente precisamos. Ressoam claras e fortes as palavras com que o Senhor Jesus exortou os seus discípulos: «Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam» (Mt 6, 19-20).

3. A pobreza mais grave é não conhecer a Deus. Recordou-nos isso o Papa Francisco quando escreveu na Evangelii gaudium: «A pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé» (n. 200). Há aqui uma consciência fundamental e totalmente original sobre como encontrar em Deus o próprio tesouro. Realmente, insiste o apóstolo João: «Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê» (1 Jo 4, 20).

É uma regra da fé e um segredo da esperança: embora importantes, todos os bens desta terra, as realidades materiais, os prazeres do mundo ou o bem-estar económico não são suficientes para fazer o coração feliz. Frequentemente, as riquezas iludem e conduzem a situações dramáticas de pobreza, sendo a primeira dessas ilusões pensar que não precisamos de Deus e conduzir a nossa vida independentemente d’Ele. Vêm-me à mente as palavras de Santo Agostinho: «Seja Deus todo motivo de presumires. Sente necessidade d’Ele para que Ele te cumule. Tudo o que possuíres fora d’Ele é imensamente vazio» (Enarr. in Ps. 85,3).

4. A esperança cristã, à qual a Palavra de Deus remete, é certeza no caminho da vida, porque não depende da força humana, mas da promessa de Deus, que é sempre fiel. Por isso, desde os primórdios, os cristãos quiseram identificar a esperança com o símbolo da âncora, que oferece estabilidade e segurança. A esperança cristã é como uma âncora, que fixa o nosso coração na promessa do Senhor Jesus, que nos salvou com a sua morte e ressurreição e que retornará novamente no meio de nós. Esta esperança continua a indicar como verdadeiro horizonte da vida os «novos céus» e a «nova terra» (2 Pe 3, 13), onde a existência de todas as criaturas encontrará o seu sentido autêntico, visto que a nossa verdadeira pátria está nos céus (cf. Fl 3, 20).

Consequentemente, a cidade de Deus compromete-nos com as cidades dos homens, que, desde agora, devem começar a assemelhar-se àquela. A esperança, sustentada pelo amor de Deus derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo (cf. Rm 5, 5), transforma o coração humano em terra fértil, onde pode germinar a caridade para a vida do mundo. A Tradição da Igreja reafirma constantemente esta circularidade entre as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. A esperança nasce da fé, que a alimenta e sustenta, sobre o fundamento da caridade, que é a mãe de todas as virtudes. E precisamos de caridade hoje, agora. Não é uma promessa, mas uma realidade para a qual olhamos com alegria e responsabilidade: envolve-nos, orientando as nossas decisões para o bem comum. Em vez disso, quem carece de caridade não só carece de fé e esperança, mas tira a esperança ao seu próximo.

5. O convite bíblico à esperança traz consigo o dever de assumir, sem demora, responsabilidades coerentes na história. Com efeito, a caridade é «o maior mandamento social» (Catecismo da Igreja Católica, 1889). A pobreza tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas. À medida que isso acontece, todos somos chamados a criar novos sinais de esperança que testemunhem a caridade cristã, como fizeram, em todas as épocas, muitos santos e santas. Os hospitais e as escolas, por exemplo, são instituições criadas para expressar o acolhimento aos mais fracos e marginalizados. Eles deveriam fazer parte das políticas públicas de todos os países, mas as guerras e as desigualdades frequentemente ainda o impedem. Hoje, cada vez mais, as casas-família, as comunidades para menores, os centros de acolhimento e escuta, as refeições para os pobres, os dormitórios e as escolas populares tornam-se sinais de esperança: são tantos sinais, muitas vezes ocultos, aos quais talvez não prestemos atenção, mas que são muito importantes para se desvencilhar da indiferença e provocar o empenho nas diversas formas de voluntariado!

Os pobres não são um passatempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, com a sua existência e também com as palavras e a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do Evangelho. Por isso, o Dia Mundial dos Pobres pretende recordar às nossas comunidades que os pobres estão no centro de toda a ação pastoral. Não só na sua dimensão caritativa, mas igualmente naquilo que a Igreja celebra e anuncia. Através das suas vozes, das suas histórias, dos seus rostos, Deus assumiu a sua pobreza para nos tornar ricos. Todas as formas de pobreza, sem excluir nenhuma, são um apelo a viver concretamente o Evangelho e a oferecer sinais eficazes de esperança.

6. Este é o convite que emerge da celebração do Jubileu. Não é por acaso que o Dia Mundial dos Pobres seja celebrado no final deste ano de graça. Quando a Porta Santa for fechada, deveremos conservar e transmitir os dons divinos que foram derramados nas nossas mãos ao longo de um ano inteiro de oração, conversão e testemunho. Os pobres não são objetos da nossa pastoral, mas sujeitos criativos que nos estimulam a encontrar sempre novas formas de viver o Evangelho hoje. Diante da sucessão de novas ondas de empobrecimento, corre-se o risco de se habituar e resignar-se. Todos os dias, encontramos pessoas pobres ou empobrecidas e, às vezes, pode acontecer que sejamos nós mesmos a possuir menos, a perder o que antes nos parecia seguro: uma casa, comida suficiente para o dia, acesso a cuidados de saúde, um bom nível de educação e informação, liberdade religiosa e de expressão.

Promovendo o bem comum, a nossa responsabilidade social tem o seu fundamento no gesto criador de Deus, que dá a todos os bens da terra: assim como estes, também os frutos do trabalho do homem devem ser igualmente acessíveis. Com efeito, ajudar os pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade. Como observa Santo Agostinho: «Damos pão a quem tem fome, mas seria muito melhor que ninguém passasse fome e não precisássemos ser generosos para com ninguém. Damos roupas a quem está nu, mas Deus queira que todos estejam vestidos e que ninguém passe necessidades sobre isto» (Comentário à 1 Jo, VIII, 5).

Desejo, portanto, que este Ano Jubilar possa incentivar o desenvolvimento de políticas de combate às antigas e novas formas de pobreza, além de novas iniciativas de apoio e ajuda aos mais pobres entre os pobres. Trabalho, educação, habitação e saúde são condições para uma segurança que jamais se alcançará com armas. Congratulo-me com as iniciativas já existentes e com o empenho que é manifestado diariamente a nível internacional por um grande número de homens e mulheres de boa vontade.

Confiemos em Maria Santíssima, Consoladora dos aflitos, e com Ela entoemos um canto de esperança, fazendo nossas as palavras do Te Deum: «In Te, Domine, speravi, non confundar in aeternum – Em Vós espero, Meu Deus, não serei confundido eternamente».

Vaticano, 13 de junho de 2025, memória de Santo António de Lisboa, Patrono dos pobres

LEÃO PP. XIV

Fonte: A Santa Sé

“Dilexi Te”: o cuidado da Igreja pelos pobres e com os pobres

Muitas vezes pergunto-me, quando há tanta clareza nas Sagradas Escrituras a respeito dos pobres, por que razão muitos continuam a pensar que podem deixar de prestar atenção aos pobres”, escreve o Papa Leão XIV.

Rui Saraiva – Portugal

No próximo domingo 16 de novembro a Igreja assinala o IX Dia Mundial dos Pobres, criado pelo Papa Francisco em 2016, com a Carta Apostólica “Misericórdia et Misera”, para assinalar o fim do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

Neste Ano Santo de 2025, o Papa Leão XIV escreveu a primeira Exortação Apostólica do seu pontificado. Um texto que o Papa Francisco, estava a preparar sobre o cuidado da Igreja pelos pobres e com os pobres. O título é “Dilexi te”, “Eu te amei” e é retirado de uma passagem do último livro da Bíblia, o Apocalipse (Ap 3, 9).

Leão assinala que acrescentou reflexões: “Ao receber como herança este projeto, sinto-me feliz ao assumi-lo como meu – acrescentando algumas reflexões – e ao apresentá-lo no início do meu pontificado, partilhando o desejo do meu amado Predecessor de que todos os cristãos possam perceber a forte ligação existente entre o amor de Cristo e o seu chamamento a tornarmo-nos próximos dos pobres”.

A opção pelos pobres

Logo no início do texto, o Papa Leão recorda a figura de São Francisco: “Há oito séculos, foi ele que provocou um renascimento evangélico nos cristãos e na sociedade do seu tempo. O jovem Francisco, anteriormente rico e presunçoso, renasceu a partir do impacto com a realidade daqueles que são expulsos da convivência. O impulso dado por ele não cessa de mover os corações dos fiéis e de muitos não crentes”, afirma.

Segundo o Santo Padre, “a condição dos pobres representa um grito que, na história da humanidade, interpela constantemente a nossa vida, as nossas sociedades, os sistemas políticos e económicos e, sobretudo, a Igreja. No rosto ferido dos pobres encontramos impresso o sofrimento dos inocentes e, portanto, o próprio sofrimento de Cristo”, assinala Leão.

“Preocupam-nos, de modo particular, as graves condições em que vivem muitíssimas pessoas, devido à escassez de alimentos e água potável. Todos os dias morrem milhares de pessoas por causas relacionadas com a desnutrição. Mesmo nos países ricos, as estimativas relativas ao número de pobres não são menos preocupantes”, diz o Papa na sua Exortação.

Em particular, o Papa refere a exclusão das mulheres “que padecem situações de exclusão, maus-tratos e violência, porque frequentemente têm menores possibilidades de defender os seus direitos”.

“O mundo ainda está longe de refletir com clareza que as mulheres têm exatamente a mesma dignidade e idênticos direitos que os homens”, declara.

“Toda a história do Antigo Testamento sobre a predileção de Deus pelos pobres” recorda o Santo Padre “encontra em Jesus de Nazaré a sua plena realização”.

“O Evangelho mostra que esta pobreza abrangia todos os aspetos da sua vida”, salienta o Papa. Recordando várias passagens da Sagrada Escritura, Leão XIV afirma que Jesus “é um mestre itinerante, cuja pobreza e precaridade são sinais do vínculo com o Pai e são pedidas também a quem deseja segui-lo no caminho do discipulado, precisamente para que a renúncia aos bens, às riquezas e às seguranças deste mundo seja um sinal visível do ter-se confiado a Deus e à sua providência”.

“Muitas vezes pergunto-me, quando há tanta clareza nas Sagradas Escrituras a respeito dos pobres, por que razão muitos continuam a pensar que podem deixar de prestar atenção aos pobres”, escreve o Papa Leão XIV.

E adianta: “O programa de caridade na primeira comunidade cristã não derivava de análises ou projetos, mas diretamente do exemplo de Jesus, das próprias palavras do Evangelho”.

Igreja para os pobres: desafio inadiável

No seu texto, Leão XIV afirma o vínculo indissolúvel que existe entre a fé cristã e os pobres. Enfatiza que a Igreja deve assumir “uma decidida e radical posição em favor dos mais fracos”, num texto em que retoma a tradição bíblica e patrística, na atenção aos teólogos da antiguidade cristã, convidando, assim, a reconhecer os pobres como “carne de Cristo” e “modo fundamental de encontro com o Senhor da história”.

“A caridade não é uma via opcional, mas o critério do verdadeiro culto”, aponta. Leão XIV defende o ideal de uma Igreja humilde, fiel à sua vocação de serviço aos necessitados, inspirando-se em figuras como São Francisco de Assis e os membros das ordens mendicantes, surgidas no século XIII.

Assinala também os exemplos de vida monástica na história como “testemunho de solidariedade” e de “despojamento radical”, não esquecendo as congregações femininas que foram “faróis de esperança” em “tempos de analfabetismo generalizado e exclusão”.

Leão XIV lembra na sua nota a importância de “acompanhar os migrantes”. “A Igreja sempre reconheceu nos migrantes uma presença viva do Senhor”.

“A tradição da atividade da Igreja junto aos migrantes prosseguiu e hoje esse serviço expressa-se em iniciativas como os centros de acolhimento para refugiados, as missões nas fronteiras, e os esforços da Caritas Internationalis e de outras instituições”, escreve Leão XIV.

“Em cada migrante rejeitado, é o próprio Cristo que bate às portas da comunidade”, diz o Papa indicando que a Igreja deve estar “ao lado dos últimos”.

O Papa recorda na sua Exortação Apostólica a importância da Doutrina Social da Igreja e a sua “raiz popular que não se pode esquecer”.

Leão XIV afirma que “a caridade é uma força que muda a realidade, um autêntico poder histórico de transformação”.

“É necessário, portanto, continuar a denunciar a “ditadura de uma economia que mata”, diz o Santo Padre denunciando que “enquanto os lucros de poucos crescem”, os lucros “da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar”.

“Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Por isso, negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem comum”, declara o Papa.

Alerta para o perigo de que se torne “normal ignorar os pobres e viver como se eles não existissem”. “Devemos empenhar-nos cada vez mais em resolver as causas estruturais da pobreza”, escreve Leão.

“O cristão não pode considerar os pobres apenas como um problema social: eles são uma “questão familiar”. Pertencem “aos nossos”. A relação com eles não pode ser reduzida a uma atividade ou departamento da Igreja”, diz o Papa.

O Santo Padre recorda a Encíclica “Fratelli tutti” do Papa Francisco que nos convida a refletir sobre a parábola do bom samaritano. “Na parábola, vemos que, diante daquele homem ferido e abandonado à beira do caminho, os que passam têm atitudes diferentes. Apenas o bom samaritano cuida dele”.

E o Papa pergunta: “Com quem te identificas?” Uma pergunta e um desafio para quem quer viver o amor cristão.

Para Leão XIV “o amor cristão supera todas as barreiras, aproxima os que estão distantes, une os estranhos, torna familiares os inimigos, atravessa abismos humanamente insuperáveis, entra nos meandros mais recônditos da sociedade”.

“O amor cristão é profético, realiza milagres, não tem limites”, conclui o Papa declarando que “uma Igreja que não coloca limites ao amor, que não conhece inimigos a combater, mas apenas homens e mulheres a amar, é a Igreja de que o mundo hoje precisa”.


Dez estados e o DF têm menor desemprego registrado desde 2012


Dez estados e o Distrito Federal atingiram, no terceiro trimestre do ano, a menor taxa de desemprego registrada desde 2012, quando começou a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O recorde de baixa do nível de desocupação foi alcançado pela Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santos, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Trimestral, divulgada nesta sexta-feira (14), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As onze unidades da federação (UF) se situam no mesmo status do Brasil como um todo, que terminou o terceiro trimestre com o menor desemprego já registrado pela série histórica - 5,6% - conforme divulgou o IBGE no fim de outubro.

Apesar de o estado de Santa Catarina não constar na lista de menor taxa de desemprego já apurada, o estado figura, ao lado do Mato Grosso, como a menor desocupação do país: 2,3%.

Esse patamar representa uma elevação na comparação com o segundo trimestre (2,2%). O IBGE classifica essa variação como “estabilidade”.

A pesquisa

A Pnad apura o comportamento no mercado de trabalho para pessoas com 14 anos ou mais e leva em conta todas as formas de ocupação, seja com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo.

Pelos critérios do instituto, só é considerada desocupada a pessoa que efetivamente procurou uma vaga 30 dias antes da pesquisa. São visitados 211 mil domicílios em todos os estados e no Distrito Federal.

Leia aqui: número dos que procuram emprego há mais de dois anos cai 17,8%, diz IBGE.

Confira as taxas de desocupação de todas as UF

Santa Catarina: 2,3%
Mato Grosso: 2,3%
Rondônia: 2,6%
Espírito Santo: 2,6%
Mato Grosso do Sul: 2,9%
Paraná: 3,5%
Tocantins: 3,8%
Minas Gerais: 4,1%
Rio Grande do Sul: 4,1%
Goiás: 4,3%
Roraima: 4,7%
São Paulo: 5,2%
Brasil: 5,6%
Maranhão: 6,1%
Ceará: 6,4%
Pará: 6,5%
Paraíba: 7,0%
Acre: 7,4%
Piauí: 7,5%
Rio Grande do Norte: 7,5%
Rio de Janeiro: 7,5%
Amazonas: 7,6%
Alagoas: 7,7%
Sergipe: 7,7%
Distrito Federal: 8,0%
Bahia: 8,5%
Amapá: 8,7%
Pernambuco: 10%

Estrutura econômica

Ao comentar o cenário dos estados com menores taxas de desocupação, o analista da pesquisa, William Kratochwill, apontou que esses estados apresentam patamares historicamente menores.

“A estrutura econômica dessas regiões é a principal explicação para terem números tão baixos, porque cada um tem uma característica diferente”, diz.

“Santa Catarina, por exemplo, é a unidade da federação que tem o maior percentual de pessoas contratadas na indústria, completou.

Para explicar por que estados do Nordeste apresentam taxas de desemprego mais altas, o analista do IBGE lembrou que a região é “sabidamente menos desenvolvida economicamente”, além de baixa escolarização.

“Isso talvez seja um empecilho para que se desenvolva mais economicamente, uma vez que falta mão de obra qualificada para a economia crescer”, disse.

Carteira assinada

O levantamento aponta que oito unidades da federação apresentam percentual de empregados com carteira assinada no setor privado superior à média do Brasil (74,4%):

Santa Catarina: 88,0%
São Paulo: 82,8%
Rio Grande do Sul: 82,0%
Mato Grosso do Sul: 80,8%
Paraná: 80,7%
Mato Grosso: 78,9%
Rio de Janeiro: 76,7%
Distrito Federal: 76,3%

Sete estados não chegam a 60% dos empregados com carteira assinada:

Maranhão: 51,9%
Piauí: 52,4%
Paraíba: 55,3%
Pará: 56,8%
Acre: 58,1%
Ceará: 58,9%
Bahia: 59,3%

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Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 14/11/2025 - 12:24

13 novembro, 2025

Ministério emite alerta para azeites fraudados; saiba quais marcas


O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) emitiu um alerta aos consumidores sobre a comercialização e o consumo de azeites de oliva fraudados. Os produtos foram fiscalizados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária. De acordo com o órgão, eles não atendem aos padrões de identidade e qualidade estabelecidos pela legislação.

As amostras coletadas pelo departamento foram analisadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária que confirmaram a presença de outros tipos de óleos vegetais na composição, o que caracteriza fraude.

Confira as marcas e lotes inspecionados que foram considerados impróprios:

Clique na imagem para amplia-la.

O ministério orienta os consumidores a interromper imediatamente o uso dos produtos, caso tenham adquirido. Lembra, ainda, que é possível solicitar a substituição do produto, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor.

Aos comerciantes, o Mapa reforça que a comercialização desses produtos constitui infração grave.

“Os estabelecimentos que mantêm os itens à venda podem ser responsabilizados”, disse o ministério, em nota.

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Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/

10 novembro, 2025

STF rejeita recurso de Bolsonaro e mantém condenação a 27 anos de prisão

A Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Primeira Turma do STF, rejeitou por unanimidade (4 × 0) os embargos de declaração apresentados por Bolsonaro.

A decisão mantém a condenação de Bolsonaro – de 27 anos e 3 meses de prisão – por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e demais delitos imputados no processo.

O julgamento ocorreu no plenário virtual, em que os ministros apenas votam por escrito. Sobre a prisão de Bolsonaro, ainda não há data para que isso ocorra, pois a defesa ainda pode tentar recorrer novamente.

Meu Pai, apaixonado por Roda de Viola

Meu pai, esteve internado de terça feira a sexta feira, 07 de novembro. É um apaixonado por música de viola.

Ontem domingo, 09 de novembro de 2025, uma dia após ter saído do hospital, todo contente, participativo nesse lindo evento: Nos Trilhos da Viola, Orquestra Maringaense de Viola Caipira (OMVC), no teatro Marista.

Solidariedade ao Povo de Rio Bonito do Iguaçu (Pr)



Brasil foi atingido por um forte sistema meteorológico

Foto: Ari Dias/AEN

No fim de semana de 7 a 9 de novembro de 2025, o Brasil foi atingido por um forte sistema meteorológico: uma frente fria associada a um ciclone extratropical de novembro de 2025 que provocou ventania intensa, temporais e tornados em partes do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

O sistema se formou sobre a região Sul do Brasil na sexta-feira, 7 de novembro, com o centro de baixa pressão já atuando nessa data. Na madrugada e manhã de sábado (8/11), o ciclone se deslocou sobre o oceano na costa de São Paulo e do Rio de Janeiro, e ao mesmo tempo a frente fria avançou para o interior do Sudeste e Centro-Oeste. (Climatempo). No domingo (9/11), o sistema já se afastava em alto-mar, com risco de ventania reduzido na região Sul.

Rajadas de vento superiores a 100 km/h foram registradas em diversas áreas do Sul e Sudeste. No município de Rio Bonito do Iguaçu (PR), o fenômeno tomou características de tornado — com ventos estimados em até 250 km/h — e foi classificado preliminarmente como categoria F3. Além de Rio Bonito do Iguaçu, também registraram os fenômenos Guarapuava e Turvo.

Em Rio Bonito do Iguaçu: cerca de 90% das edificações urbanas foram atingidas ou danificadas. Seis mortes confirmadas, centenas de feridos. No estado do Rio Grande do Sul: pelo menos dez municípios afetados, até 200 mil residências sem energia elétrica, queda de árvores e destelhamentos. Em áreas do Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais): ventania, queda de estruturas leves, desalojados.

07 novembro, 2025

STF tem 2 votos para rejeitar recurso e manter condenação de Bolsonaro

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), seguiu integralmente o voto do relator, Alexandre de Moraes, para manter a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão por ter liderado uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado.

Outros seis condenados, todos antigos aliados do ex-presidente, também tiveram seus recursos rejeitados por Moraes e Dino, que apenas seguiu o relator, sem anexar voto escrito.

Os ministros julgam os recursos do chamado “núcleo crucial” do golpe, ou núcleo 1, conforme divisão feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O julgamento ocorre na Primeira Turma, em ambiente virtual. Os outros dois ministros do colegiado - Cristiano Zanin e Cármen Lúcia - têm até 14 de novembro para votar.

É possível acompanhar o julgamento e ler as manifestações dos ministros na ação penal 2668 por meio do portal do Supremo Tribunal Federal. Os relatórios e os votos relativos a cada um dos recursos dos réus ficam disponíveis na aba “Sessão Virtual”.

Prisão
Se a rejeição dos recursos for confirmada pela Primeira Turma, a prisão de Bolsonaro e dos demais acusados poderá ser decretada por Moraes.

Confira as penas definidas para os condenados

- Jair Bolsonaro – ex-presidente da República: 27 anos e três meses;
- Walter Braga Netto - ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice-presidente na chapa de 2022: 26 anos;
- Almir Garnier - ex-comandante da Marinha: 24 anos;
- Anderson Torres - ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal: 24 anos;
- Augusto Heleno - ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI): 21 anos;
- Paulo Sérgio Nogueira - ex-ministro da Defesa: 19 anos;
- Alexandre Ramagem - ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin): 16 anos, um mês e 15 dias.

Ramagem foi condenado somente pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Ele é deputado federal e teve parte das acusações suspensas. A medida vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, ambos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, assinou delação premiada durante as investigações e não recorreu da condenação. Ele já cumpre a pena em regime aberto e tirou a tornozeleira eletrônica.

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Fonte: Agência Brasil

06 novembro, 2025

30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30)


A COP30, que acontecerá em Belém do Pará, entre 10 e 21 de novembro de 2025, é um chamado à conversão ecológica.

No coração da Amazônia, onde a criação revela a beleza e a fragilidade da vida, o mundo se reúne para ouvir o clamor da Terra e o grito dos pobres.

O Papa Francisco, na Laudato Si’, recorda que tudo está interligado — a dor da floresta ferida, o sofrimento dos povos e o desequilíbrio do clima são sinais de um mesmo descuido com o dom de Deus.

Cuidar do meio ambiente é um ato de fé, uma expressão concreta do amor ao próximo e da gratidão ao Criador.

Que a COP30 desperte em todos nós a coragem de mudar estilos de vida, economias e corações. Porque proteger a Amazônia é proteger a vida. E cuidar da Casa Comum é viver o Evangelho em plenitude.

Os líderes globais começam a se reunir hoje, quinta-feira (6), em Belém (PA), para a cúpula de chefes de Estado que antecede oficialmente a COP30. O encontro, que se estende até sexta-feira (7), marca o início político das discussões climáticas e deve definir o tom das negociações que ocorrerão durante COP30.

A Cúpula do Clima e a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) são grandes encontros internacionais que reúnem líderes mundiais, cientistas, empresas e representantes da sociedade civil para discutir e decidir ações globais de combate às mudanças climáticas.

Principais objetivos

- Revisar as metas climáticas globais — avaliar o cumprimento do Acordo de Paris (2015), que busca limitar o aquecimento global a 1,5°C.

- Definir novos compromissos nacionais (NDCs) para 2035, com base em emissões de carbono e transição energética.

- Fortalecer a justiça climática, garantindo apoio financeiro e tecnológico a países em desenvolvimento, especialmente os mais vulneráveis.

- Proteger a Amazônia e outros biomas tropicais, fundamentais para o equilíbrio climático do planeta.

Estimular a economia verde — com incentivos à bioeconomia, energia limpa, agricultura sustentável e conservação ambiental.

Importância da COP30 no Brasil

- O Brasil, como sede, ganha papel de protagonista global nas discussões ambientais.

Belém será a “porta de entrada da Amazônia para o mundo”, mostrando a importância do bioma na regulação do clima.

Espera-se a presença de chefes de Estado de mais de 190 países, além de milhares de especialistas, ONGs e empresas.

O evento deve impulsionar investimentos em infraestrutura sustentável, turismo ecológico e economia local.

Temas centrais esperados

- Amazônia e povos indígenas
Transição energética (do petróleo para fontes limpas)
Desmatamento zero
Financiamento climático internacional
Perdas e danos (loss and damage)
Adaptação às mudanças climáticas em regiões vulneráveis

A COP30, será mais do que um encontro político. Será um chamado à consciência global. Do coração da Amazônia, o mundo ouvirá o clamor da terra, das florestas e dos povos que nelas vivem. Discutir o clima é discutir a vida em todas as suas formas — é repensar o modo como produzimos, consumimos e cuidamos da criação. 

Que a COP30 marque um novo tempo: o tempo da esperança, da responsabilidade e do compromisso com as gerações futuras.

Senado aprova por unanimidade isenção de IR para quem ganha até RS 5 mil

Pagarão menos imposto aproximadamente 25 milhões de brasileiras/os.

Com informação da Agência Brasil

O plenário do Senado aprovou, por unanimidade, nesta quarta (5), o projeto de lei 1087/2025 que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil mensais e aumenta a taxação de altas rendas. Se o texto for sancionado até o final do ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a redução do IR passa a valer a partir de janeiro de 2026.

O governo calcula que cerca de 25 milhões de brasileiros vão pagar menos impostos, enquanto outros 200 mil contribuintes terão algum aumento na tributação. "É uma medida que dialoga com a vida real das pessoas", disse o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

Para compensar a perda de arrecadação, o projeto prevê uma alíquota extra progressiva de até 10% para aqueles que recebem mais de R$ 600 mil por ano (R$ 50 mil por mês). O texto também estabelece a tributação para lucros e dividendos remetidos para o exterior com alíquota de 10%.

O projeto foi encaminhado pelo governo em março ao Congresso e foi aprovado em outubro pela Câmara. O relator da proposta foi o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que acatou apenas emendas dos senadores Eduardo Gomes (PL-TO) e Rogério Carvalho (PT-SE).

Histórico

O relator do projeto no Senado, Renan Calheiros, defendeu a proposta e destacou que a decisão seria histórica para o país. “O projeto do imposto zero é um dos mais importantes e mais aguardados dos últimos anos”.

Renan apontou que a proposta do Executivo corrige injustiças e contribui para o bem-estar social “ao promover a justiça tributária, diminuir a carga de tributos que incide sobre a baixa renda e aumentar a carga incidente sobre os super ricos”.

De acordo com o senador, o “imposto zero” vai beneficiar perto de 25 milhões de trabalhadores e será compensado pelo aumento da carga sobre 200 mil super ricos. “Os trabalhadores terão um ganho médio de R$ 3,5 mil por ano”.

Ele destacou que, para quem tem rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7,35 mil, haverá uma redução proporcional do imposto.

Entenda o projeto

Se for sancionado pelo presidente Lula ainda em 2025, a nova legislação isentará, a partir de janeiro do ano que vem, o imposto de renda sobre rendimentos mensais de até R$ 5 mil para pessoas físicas e reduzirá parcialmente o imposto pago por quem ganha entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350.

Haverá uma alíquota mínima de IR para quem ganha a partir de R$ 600 mil por ano. O texto prevê uma progressão, chegando a 10% para rendimentos acima de R$ 1,2 milhão por ano, incluindo dividendos.

Outro ponto é que, a partir de janeiro de 2026, a entrega de lucros e dividendos de uma pessoa jurídica a uma mesma pessoa física residente no Brasil em valor total maior de R$ 50 mil ao mês ficará sujeita à incidência do IRPF de 10% sobre o pagamento, vedadas quaisquer deduções na base de cálculo.

Ficam de fora da regra, segundo o projeto, os pagamentos de lucros e dividendos cuja distribuição tenha sido aprovada até 31 de dezembro de 2025, mesmo que o pagamento ocorra nos anos seguintes.

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Luiz Claudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 05/11/2025 - 18:53

04 novembro, 2025

Enem 2025: número de inscritos autodeclarados indígenas cresce 89% em comparação com 2022

Total de inscritos confirmados passou de 19.980 para 37.489 no período. As provas deste ano serão aplicadas nos dias 9 e 16 de novembro.

Em relação à escolaridade, 16.610 dos inscritos autodeclarados indígenas, em 2025, afirmaram estar cursando a última série/ano do ensino médio.


Entre 2022 e 2025, o número de participantes com inscrições confirmadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que se autodeclaram indígenas apresentou aumento de 89%. Passou de 19.980 para 37.489 no período. Os dados são do Painel Enem e foram divulgados no sábado pelo Ministério da Educação (MEC), em alusão ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto.

Em relação à escolaridade, 16.610 dos inscritos autodeclarados indígenas em 2025 afirmaram estar cursando a última série/ano do ensino médio. O quantitativo é o dobro dos 8.279 inscritos autodeclarados indígenas que disseram, em 2022, serem concluintes do ensino médio. Este ano, o perfil dos inscritos confirmados autodeclarados indígenas por sexo apresenta diferença pequena: 55,61% feminino e 44,39% masculino. Juntos, o número de participantes que disseram já ter concluído o ensino médio é de 14.052.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA – Dentro da distribuição geográfica por unidades da federação, o Amazonas foi o estado que mais teve inscritos confirmados autodeclarados indígenas (6.764), seguido de Pernambuco (4.525) e Bahia (3.450). A realização das provas do exame desta edição está distribuída em 1.804 municípios.

APLICAÇÃO – As provas do Enem 2025 serão nos dias 9 e 16 de novembro. Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, terão agenda diferenciada. Nesses municípios, a aplicação será nos dias 30 novembro e 7 de dezembro. A diferença de data ocorre em função da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, no período da aplicação regular do exame.

ENEM – O Exame Nacional do Ensino Médio avalia o desempenho escolar dos estudantes ao fim da educação básica. Ao longo de mais de duas décadas, o Enem se tornou a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e de iniciativas como o Universidade para Todos (Prouni).

SELEÇÃO – Instituições de ensino públicas e privadas usam o Enem para selecionar estudantes. Os resultados são aproveitados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetro para auxílios governamentais, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados individuais do Enem também podem ser aproveitados em processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep para aceitar as notas do exame. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.

DIA INTERNACIONAL – O Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado anualmente em 9 de agosto, é dedicado à conscientização e ao reconhecimento das culturas, das tradições e dos direitos dos povos indígenas em todo o mundo. A data foi estabelecida pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1994, marcando o dia da primeira reunião do grupo de trabalho sobre populações indígenas, em 1982.

DIMENSÃO – No Brasil, estima-se que existam cerca de 305 etnias indígenas, que falam mais de 274 línguas diferentes. Segundo o Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população indígena no Brasil corresponde a 0,83% da população total. A garantia dos direitos indígenas é uma questão importante no Brasil e passa pelo direito à educação.

Enem
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi instituído em 1998, com o objetivo de avaliar o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Em 2009, o exame aperfeiçoou sua metodologia e passou a ser utilizado como mecanismo de acesso à educação superior.

Os resultados podem ser usados para acesso a universidades públicas, para concorrer a bolsas de estudo integrais e parciais em universidades privadas, para pleitear o crédito estudantil para o pagamento das mensalidades de faculdades privadas, para ingresso sem vestibular em faculdades, para estudar em Portugal, para autoavaliação e certificação de conclusão do ensino médio ou declaração parcial de proficiência nessa etapa do ensino básico.

» Leia mais informações sobre Enem: Painel Enem 2025 detalha inscrições no exame

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Fonte: Gov.br

03 novembro, 2025

A direita apresenta suas armas

O que segue a baixo, é newsletter, recebido em meu e-mail, do "Brasil de Fato (31/10/2025)

A direita apresenta suas armas

Olá, enquanto Lula tentava tirar um caldo da viagem à Ásia, o governo do Rio fazia seu suco de barbárie.

.Sangue nas urnas. Depois de planejar e coordenar uma chacina, Claudio Castro tentou jogar a culpa no governo federal. A versão de que o Planalto havia sido negligente não colou, dando oportunidade para o governo ressuscitar a PEC da Segurança Pública parada há meses no Congresso. Mas, o centrão deve cozinhar o projeto em banho maria até o final do ano, já que a oposição prefere a lei antiterrorismo, seguindo as orientações de Donald Trump para a América Latina. Não à toa, o governador do Rio fez questão de reportar a Casa Branca sobre os tentáculos do Comando Vermelho nos Estados Unidos. Lula, por seu lado, aproveitou o calor do momento para sancionar a Lei das Organizações Criminosas que já havia sido aprovada pelo Congresso no início de outubro. Porém, o Planalto insiste em evitar confrontos, criticando timidamente as ações da polícia fluminense e pregando que a melhor solução é uma ação coordenada entre a esfera estadual e a federal. Ao contrário da direita, que deve continuar batendo na tecla de que a culpa da violência no Rio de Janeiro é de Lula e do Judiciário, que passa pano pra bandidagem. As mesmas posições devem estar presentes na CPI do Crime Organizado do Senado. A ação de Cláudio Castro foi também uma oportunidade para galvanizar os governadores da direita em torno da linha “Bandido bom é bandido morto” ironicamente batizando o grupo de “Consórcio da Paz” e deixar para trás a falida pauta da anistia. Vale lembrar que o projeto de extermínio da população negra e pobre no Rio de Janeiro não é inédito, nem isolado. Ele também é seguido por Tarcísio de Freitas e pela PM de São Paulo a seu próprio modo. Tudo isso só confirma que, junto com a corrupção, a segurança pública é um dos temas preferidos da direita em momentos de crise e pode render votos, como aposta o secretário da PM do Rio de Janeiro, Marcelo de Menez, que cogita ser governador. Mas na esquerda também tem gente que flerta com a linha dura. Se o Planalto insiste em evitar a politização do assunto, coube ao STF, a pedido do Conselho Nacional de Direitos Humanos e da PGR, solicitar explicações ao governo do Rio. Além disso, um julgamento de Cláudio Castro no TSE vai ser retomado semana que vem e poderá culminar na sua cassação e inelegibilidade.

.Cada um por si. A chacina no Rio de Janeiro deixou em segundo plano a batalha da política econômica que vem sendo travada pelo Planalto. Assim, duas boas notícias ficaram apagadas: a MP do setor elétrico foi aprovada na Câmara, e o Senado validou a excepcionalidade orçamentária da isenção do Imposto de Renda. Quanto à queda de braços fiscal, a estratégia do governo é aprovar primeiro medidas de contenção de gastos para depois dar conta de recuperar a arrecadação. Outro resultado positivo veio do encontro entre Lula e Donald Trump. É verdade que a conversa não encerrou a questão do tarifaço, nem a investigação aberta nos EUA contra o pix, nem parece que vai resolver a curto prazo as sanções à Alexandre de Moraes. No final, dificilmente o Brasil escapa sem ceder alguma coisa. Mas é indiscutível que o diálogo foi um avanço e que outra vitória de Lula foi fazer de Bolsonaro “página virada para Trump”, como definiu um diplomata americano. Assim, chegou a hora do núcleo duro do bolsonarismo pensar na vida e planejar o futuro. Com Tarcísio mais uma vez indeciso sobre a candidatura ao Planalto, a ideia de lançar Michelle à presidência voltou à pauta, mas até a Paraná Pesquisa, instituto do PL, reconheceu que ambos são incapazes de fazer frente à Lula nas eleições. A mesma situação vivida por Eduardo Bolsonaro. Bananinha, porém, vive num universo paralelo e se lançou à presidência, mesmo com o abandono de Trump e completamente ignorado por seu próprio partido. Santa Catarina, que já havia recebido Jair Renan em Camboriú, terá Carlos Bolsonaro como candidato ao Senado, dividindo a direita nativa, e consolidando o estado como reduto inconteste do bolsonarismo. Quanto a Jair pai, se escapar da Papuda e garantir uma prisão domiciliar já será lucro. Entretanto, que o fim do clã não seja confundido com fraqueza da extrema-direita. Segundo levantamento da Real Time Big Data, a extrema-direita, com bolsonaristas fiéis ou não, pode eleger 44 senadores na próxima eleição, o suficiente para assumir o comando da casa.

.Ponto Final: nossas recomendações.

.Como Comando Vermelho surgiu e se espalhou pelo Brasil. O nascimento e expansão da mais longeva facção criminosa do Brasil. Na BBC.

.Venezuela: até onde irá Trump?. Os primeiros objetivos são intimidar Maduro, afastar a China e afagar a ultradireita. No Outras Palavras.

.Como Milei conseguiu vitória nas eleições legislativas da Argentina apesar de crises e escândalos. Na BBC, como o apoio de Trump foi fundamental para alavancar a vitória de Milei.

.'Febre do lítio' avança para Amazônia e afeta 21 áreas protegidas. A extração desenfreada de lítio pode agravar os conflitos socioambientais na Amazônia. Repórter Brasil.

.Os panteras negras que nunca voltaram para casa. A trajetória dos Panteras Negras se confunde com a história dos ex-militantes Charlotte e Pete O'Neal, exilados há cinco décadas na Tanzânia. Na Jacobin.

.Como a nostalgia virou tendência entre a Geração Z. Porque o passado alimenta o marketing para as novas gerações. Na DW.

.Ideologia hoje. A filósofa Marilena Chauí é a convidada do podcast da 451 para falar sobre a nova edição de seu clássico “O que é Ideologia?”.

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Ponto é escrito por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile.