A resposta para a evangelização está nas comunidades e a resposta para as comunidades está no pertencimento!
Muitas experiências mostram que a vitalidade da evangelização floresce quando a paróquia se estrutura em comunidades.
As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) são, de fato, uma experiência visível e fundamental, desde seu nascimento até os dias atuais, porque nelas se dá o encontro entre a fé e a vida concreta do povo, onde a Palavra de Deus se ilumina com a realidade, e a realidade ganha sentido à luz do Evangelho.
As comunidades são no mundo, sinal de esperança e transformação, porque mostram que a Igreja pode ser próxima, participativa e comprometida com o povo, sobretudo para com os pobres e os que sofrem. Não se resume apenas com doações ou ações de caridade pontuais, mas a um compromisso profundo de solidariedade, justiça social e defesa da dignidade humana.
Assim, as comunidades se tornam ponte entre o Evangelho e os grandes desafios mundiais: desigualdade, violência, exclusão, crise ambiental. Nelas, a vida comunitária testemunha que outro mundo é possível quando se cria vínculos de amizade fraterna, onde cada um pode ser ouvido, se vive a fraternidade, a partilha e o amor ao próximo. Na comunidade se dá as relações vivas onde todas e todos se sentem corresponsáveis pela missão.
A proximidade com os pobres e os que sofrem é vista como uma exigência do Evangelho. Jesus Cristo se identificou com os mais vulneráveis. O Evangelho de Mateus 25 é um exemplo claro disso, onde Jesus afirma que tudo o que se faz ao "menor dos seus irmãos", o faminto, o sedento, o estrangeiro, o nu, o enfermo, o preso – é feito a Ele mesmo. A fé não é apenas oração, mas também ação: cuidado com a vida, justiça social, solidariedade, defesa da dignidade humana e da criação.
O Evangelho também está presente nos atos e ações. O Evangelho não se limita às palavras, mas se torna vivo e real quando transborda nos gestos, nas escolhas e nas ações do dia a dia. Ele se manifesta no cuidado com o próximo, na justiça, na partilha, no perdão e em toda atitude que revela amor. Assim, cada ato pode ser anúncio silencioso, da Boa Nova.
A resposta para a evangelização está nas comunidades, porque o anúncio do Evangelho, quando se aproxima da vida real das pessoas, as impulsiona a agir para além de si mesmas, move à ação no mundo, desperta missão para fora. Quando o Evangelho se encontra com a vida concreta das pessoas, deixa de ser apenas palavra e se torna experiência, porque toca dores, ilumina escolhas, dá sentido aos passos. O anúncio próximo da vida desperta, rompe os muros do individualismo e se abre à missão, ao cuidado, à solidariedade. Assim, o Evangelho deixa de ser teoria distante e se torna força que gera vida nova na comunidade e da comunidade para o mundo.
Para concretizar, é fundamental unir o povo e unir as forças, a sinodalidade que é caminhar junto, um grande desafio para as comunidades e a resposta para as comunidades está no pertencimento. O pertencimento pode ser, sim, uma resposta para muitos dos desafios que as comunidades enfrentam hoje.
O pertencimento toca em uma necessidade humana fundamental: a de se sentir parte de algo maior que nós mesmos, de ser aceito e valorizado por quem somos. Está ligado a identidade: quem eu sou; à aceitação: ser reconhecido pelos outros; e a união: sentir-se incluído e valorizado. Más, não há pertencimento sem acolhimento, só nos sentimos parte de algo quando somos recebidos com abertura e respeito.
Não há pertencimento sem acolhimento. Sentir-se parte da comunidade não acontece apenas pelo estar presente fisicamente, mas pela forma como se é recebido, de como é respeitado. Quando alguém é acolhido, encontra espaço para florescer sua identidade, percebe que há um lugar para ela, que suas contribuições são importantes e que sua presença é desejada e nesse movimento, resultado desse processo se dá o pertencimento, que não é apenas estar junto, e sim seu reconhecimento, o respeito às diferenças e o direito à participação que possibilite opinar e contribuir na comunidade.
A Comunidade é espaço acolhedor que leva as pessoas a sentirem pertencentes a ela, para tanto, precisa dar acolhida de todas e de todos os membros das pastorais, movimentos, organismos, serviços e demais pessoas dessa porção de Igreja que forma a comunidade. É por meio da comunidade e em nome da comunidade que as pessoas exercem sua missão de cristãs e cristãos batizados, colocando-se para ser catequista; visitar as famílias; participar e/ou coordenador um dos grupos de reflexões; ajudar na liturgia; visitar enfermos; fazer acolhida; contribuir no olhar e agir social, enfim, ajudar organizar e ajudar no agir da missão ad intra e ad extra da ação evangelizadora da Comunidade.
A resposta para a evangelização está nas comunidades e a resposta para as comunidades está no pertencimento.
-----------------------------------------
Eu, Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora das CEBs na Arquidiocese de Maringá, articuladora das CEBs na Província Eclesiástica de Maringá e membra da coordenação das CEBs do Regional Sul II (Paraná).