30 setembro, 2025

Lula na ONU, povo na rua: o exercício da soberania

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Lula na ONU, povo na rua: o exercício da soberania


Em matéria de demonstração de soberania e força popular, a última semana nos entregou dois episódios de muita importância: Lula na ONU e o povo nas ruas.

O domingo de atos massivos nas principais cidades do Brasil contra a anistia aos golpistas, a PEC da Blindagem e pela soberania reafirmaram a capacidade da esquerda de ocupar as ruas e recuperar a bandeira nacional para o campo popular.

Se o tamanho dos atos será capaz de barrar o avanço das pautas da extrema direita no congresso, ainda é cedo para dizer. A rejeição unânime da PEC da Blindagem no Senado e as mudanças envolvendo a anistia na Câmara já dão sinais de desgaste dos ultradireitistas e a esquerda parece crescer com esses tropeços da direita, movimento debatido no episódio do podcast Três por Quatro desta semana.

Fato é que as marchas também foram um recado claro aos Estados Unidos e contra as ameaças externas.

Em Nova York, no púlpito da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula não decepcionou: fez um discurso “histórico e irretocável”, como classificou o historiador Miguel Stédile no último episódio do podcast O Estrangeiro.

O presidente chamou os ataques contra a economia brasileira de “injustificáveis” e disse que “ingerência contra assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente”.

Lula ainda falou sobre a condenação de Jair Bolsonaro, dizendo que foi “um recado a todos os candidatos a autocratas”. E, mesmo sem precisar mencionar diretamente Donald Trump ou os EUA, rebateu as ameaças imperialistas e deu o recado: “Nossa soberania é inegociável”.

Mal havia voltado para a sua cadeira, Lula ouviu Trump contar o breve encontro que tiveram, lançando afagos ao petista e revelando uma "química" entre eles. Entre absurdos e mentiras, o republicano disse que abraçou o petista minutos antes de subirem à tribuna e que ambos “concordamos em nos reunir na próxima semana”.

O que se desenha agora, diante da possibilidade de uma reunião, é a decisão que deverá tomar o governo brasileiro para tentar evitar uma arapuca "gringa", ao mesmo tempo em que se mantém aberto ao diálogo.

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Lucas Estanislau
Coordenador de jornalismo

Dinamismo, mobilidade e juventudes

Cadernos IHU ideias
ISSN 1679-0316 (impresso) | ISSN 2448-0304 (on-line)
Ano 23 | nº 380 | vol. 23 | 2025

Dinamismo, mobilidade e juventudes
Por Rosemary Fernandes da Costa.

O tema da migração nos coloca diante de uma grande crise humanitária. As causas desta emergência são quase sempre frutos de uma decisão involuntária e vêm sendo analisadas na bibliografia voltada a este Rosemary Fernandes da Costa tema. Entre tantas, podemos citar as altas taxas de desemprego e subemprego, o trabalho escravo, a privação da liberdade individual, o crescimento da violência, a exclusão do próprio território nacional, a ausência dos mínimos direitos para a vida digna, o aumento da população de vulneráveis, fragilizados pelos preconceitos e violências dirigidos às suas etnias, gêneros, religiões. Contudo, também nos cabe o discernimento ético para as respostas que vêm sendo oferecidas ou impostas a essa condição em sua complexidade. A perspectiva da hospitalidade, do acolhimento, do resgate da humanidade comprometida seria uma das respostas éticas possíveis. Mas, infelizmente, os grandes fluxos migratórios vêm recebendo tratamentos antagônicos a qualquer resposta minimamente moral.

A reflexão detém o olhar o fenômeno mediados por duas dimensões:

As relações de alteridade e a busca por uma cidadania do mundo, trabalhado em quatro etapas:

A primeira enfoca as relações intersubjetivas, o que as constitui e como podemos observar as relações de alteridade, suas reações, temores e estratégias.

A segunda volta-se ao tema da fronteira, ainda no campo inter-relacional, observando o que caracteriza a fronteira como condição de identidade e pertença, mas também como fenômeno gestado pelo processo de globalização. 

A terceira tem como foco um campo vivencial. Nela, dirigiremos nosso olhar epistemológico para as juventudes em suas muitas intersecções e elaboração das identidades múltiplas. Aí, nos encontraremos com algumas das estratégias construídas neste campo inter-relacional, plural, desafiador, mas não paralisante, de ações de cidadania. 

A última etapa aponta para possibilidades sociais, econômicas, políticas, a fim de repensarmos os conceitos Rosemary Fernandes da Costa de fronteira na direção de uma cosmovisão que nos inspira e convida a resgatar as intersubjetividades e interdependências que constituem os humanos e não humanos, com a dimensão do Bem Viver dos povos originários.

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