11 agosto, 2009

Cá Entre Nós


ANTES DE TER APROVADO projeto de lei tornando obrigatória a tradução para o português de palavras estrangeiras em propagandas expostas no Paraná, os deputados paranaenses deveriam ter ouvido com mais atenção a posição da população e principalmente de especialistas em línguas. Tal proibição não faria o menor sentido no passado e muito menos agora, em plena era global, de superação das fronteiras geográficas, econômicas, políticas e culturais. Ainda bem que a Justiça corrigiu o Legislativo, suspendendo a lei, que vigorou apenas 16 dias. Esperamos que a decisão seja definitiva.
Embora com a nobre justificativa de “valorizar a língua pátria”, a proposta do governo do Estado é absurda, a começar pelos gastos que iria representar em mudanças de placas, eslogans, cartazes, outdoors, etc, mas principalmente porque fere a Constituição, a liberdade de expressão, e de forma violenta os princípios de estruturação das línguas, que nascem e se desenvolvem não por decreto, mas de forma livre, no caldo da cultura de cada época, emprestando termos e tomando emprestado, criando, combinando elementos, estabelecendo trocas entre falantes de diferentes países. Foi assim que se formou o nosso português, recebendo inicialmente vocabulário do latim, do grego e do árabe, e depois de quantos outros idiomas; e distanciando-se um pouco do português de Portugal.

Paulo César Caetano de Souza
Presidente do CRCPR

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