22 outubro, 2025

Núcleo 2 da trama golpista

O Ação Penal 2694 (denominada a “trama golpista” no Brasil) descreve vários “núcleos” de atuação investigados pela Procuradoria‑Geral da República (PGR) perante o Supremo Tribunal Federal (STF). O que segue é o que se sabe até agora sobre o Núcleo 2 da trama golpista — seu papel, acusados e status processual.

O que é o Núcleo 2

Segundo a acusação da PGR, o Núcleo 2 é um dos grupos investigados que, juntos, teriam organizado ações para dar sustentação à tentativa de permanência ilegítima do Jair Bolsonaro no poder após sua derrota eleitoral em 2022. (CNN Brasil)

A definição adotada pela PGR e aceita pelo STF categoriza esse núcleo como aquele que:

- teria elaborado ou dado apoio à chamada “minuta do golpe” e coordenado ações de monitoramento e “neutralização” de autoridades públicas; (CartaCapital)

- teria articulado ações práticas para dificultar ou impedir o acesso ao voto de eleitores de determinadas regiões (especificamente a Região Nordeste) no primeiro turno de 2022. (CartaCapital)

- responderia pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência, grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. (Migalhas)

Quem são os acusados (principais)

O Núcleo 2 é composto por seis réus denunciados pela PGR, (Agência Brasil)

Os nomes são:

- Filipe Martins — ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro.

- Marcelo Câmara — ex-assessor de Bolsonaro.

- Silvinei Vasques — ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Segundo a denúncia, teria usado essa função para montar blitzes no segundo-turno para impedir eleitores de determinadas regiões de votar. (CNN Brasil)

- Mário Fernandes — general do Exército. Segundo a denúncia, estaria envolvido no plano nomeado “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía inclusive planos de assassinato de autoridades como o Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. (CNN Brasil)

- Marília de Alencar — ex-subsecretária de Segurança do Distrito Federal.

- Fernando de Sousa Oliveira — ex-secretário adjunto da Secretaria de Segurança do Distrito Federal.

O STF agendou para dezembro de 2025 as sessões de julgamento desse núcleo, especificamente nos dias 9, 10, 16 e 17. A PGR já pediu formalmente a condenação dos seis réus, com base nas provas que apontam as condutas descritas acima.

Os julgamentos de outros núcleos (ex: Núcleo 3, Núcleo 4) também estão em andamento ou já foram iniciados. (CartaCapital)

Implicações

- O Núcleo 2 é considerado pela acusação como uma engrenagem essencial para a tentativa de golpe: não apenas propagação de desinformação, mas ações práticas de obstrução eleitoral e planejamento de ruptura democrática.

- Uma eventual condenação poderá reforçar o entendimento jurídico de que não somente manifestações ou discursos, mas ações concretas organizadas para impedir o exercício do voto ou o funcionamento democrático estão fora dos limites protegidos pela democracia.

- O julgamento em dezembro precede o calendário das próximas eleições, situação que leva a reflexões políticas e institucionais sobre os prazos, efeitos de inelegibilidade e impactos no ambiente eleitoral.

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