28 novembro, 2025

Finalmente o Brasil puniu o golpismo


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Esta semana premiou o Brasil com um fato inédito e que já entrou para a história: a prisão de militares, generais de alta patente e de um ex-presidente da República por atentarem contra a democracia.

Com o fim da ação penal sobre o núcleo crucial da trama golpista, o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, determinou o início do cumprimento de pena dos oito condenados por fazerem parte de uma organização criminosa que tramou mais um golpe de Estado.

Não demorou muito para as prisões começarem a acontecer. Os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira foram presos pelo próprio Exército e levados ao Comando Militar do Planalto, em Brasília (DF). Almir Garnier, almirante, a uma estação da Marinha. Braga Netto continuou onde estava, no comando da 1ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro (RJ).

Entre os civis do grupo, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, foi passar uma temporada na Papuda. Já Alexandre Ramagem fugiu para os Estados Unidos, e a PF já está providenciando seu pedido de extradição.

Finalmente, Jair Bolsonaro, o chefe da quadrilha, permaneceu onde estava desde sábado (22), quando foi preso preventivamente pela Polícia Federal por tentar violar a tornozeleira eletrônica. Mas essa é outra história.

Após a audiência de custódia, todas as prisões foram mantidas e confirmadas em plenário virtual pelos ministros da Primeira Turma por unanimidade. É o fim.

Para um país que viveu 21 anos de sombras sob um regime militar assassino, a prisão, pela primeira vez na história, de altos funcionários militares, que traíram seu mandato constitucional em nome de um projeto de poder e atentaram contra a democracia brasileira, será dedicada sempre aos que tombaram pelo caminho, como Rubens Paiva e Vladimir Herzog, e aos que resistiram com bravura e coragem inimagináveis para viver hoje esse momento histórico.

A montanha pariu um rato e o general agora finge demência

Meti um ferro quente”, disse o capitão, ao ser flagrado com as calças curtas, prestes a fugir. “Curiosidade”, completou com voz sóbria, incomum ao tom histriônico do paciente. E detalhe: sem soluçar.

Após recuperar um pouco de juízo, contou para a PF que estava sob efeito de remédios, mas a história não colou; Bolsonaro terá agora que cumprir os 27 anos e três meses de prisão, para os quais foi condenado.

De outro lado, famoso por não ter papas na língua e por dizer o que pensa, o general Augusto Heleno revelou que tem a Doença de Alzheimer, um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória.

Longe de ser algo incomum para senhores de idade avançada, o que chamou a atenção foi a revelação de que o diagnóstico teria sido confirmado em 2018, antes mesmo de virar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro.

Do outro lado, foi na quarta-feira (26), durante cerimônia no Palácio Planalto para sancionar a lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), que Lula falou pela primeira vez sobre as prisões dos condenados pela tentativa de golpe.

“Esse país deu uma lição de democracia ao mundo”, disse. “Democracia não é privilégio de ninguém, é um direito de 215 milhões de brasileiros. Portanto, eu estou feliz, não pela prisão de ninguém, e sim porque esse país demonstrou que está maduro para exercer a democracia na sua mais alta plenitude.”

Enquanto isso, as peças do xadrez da direita se movimentam para definir quem herdará o capital político do capitão que, embora desgastado, mantém meia dúzia de gatos-pingados na porta da Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

“Este é um momento em que a direita está em uma crise hegemônica. Aquele que era o polo, que orientava, ainda que de maneira errática, porque Jair Bolsonaro nunca foi um estrategista, nunca foi alguém com trânsito entre os outros parlamentares”, analisou a cientista política e professora da UFRJ Mayra Goulart em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

Este foi mais um momento em que a programação do BdF demonstrou estar totalmente atenta à justiça finalmente sendo feita. Não tem feriado emendado ou horário que nos pare. Se você confia no nosso trabalho e quer demonstrar seu apoio, doe.


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Leonardo Fernandes
Repórter do Brasil de Fato