Esse será o chão da missão!
Por isso é importante, não levemos respostas prontas, mas o Evangelho vivido em gestos simples: presença, escuta, cuidado e esperança.
Rio Bonito do Iguaçu-Paraná - A vida pode renascer dos escombros
Passados pouco mais de um mês da destruição causada pelo tornado, o sentimento que habita Rio Bonito do Iguaçu é profundo e contraditório. É um misto de dor, medo, cansaço, mas também de solidariedade, fé e resistência.
A dor ainda é muito presente. As imagens das casas destelhadas, dos móveis perdidos, das lavouras destruídas e dos sonhos interrompidos continuam vivas na memória das famílias. Muitos ainda acordam assustados com o barulho do vento mais forte, pois o trauma não se apaga com a reconstrução material. Há um luto silencioso: não apenas pelo que foi perdido, mas pela sensação de segurança que o tornado levou junto.
O medo permanece. Medo de que aconteça de novo, medo das chuvas, medo do futuro. Para muitas famílias, o tornado não foi apenas um fenômeno natural, mas uma experiência que abalou a confiança na vida cotidiana. O céu, antes sinal de esperança para quem vive da terra, passou a ser também motivo de apreensão.
Junto disso, cresce o cansaço emocional. Após a comoção inicial e a ajuda emergencial, vem a fase mais difícil: lidar com a burocracia, com a lentidão da reconstrução, com a escassez de recursos e com a sensação de que a solidariedade externa diminui com o tempo, enquanto os problemas permanecem.
Mas, no meio de tudo isso, floresce algo muito forte: a solidariedade. Vizinhos que ajudam vizinhos, comunidades que se organizam, igrejas, associações e movimentos populares que partilham o pouco que têm. O sofrimento aproximou as pessoas. Onde o vento derrubou paredes, o povo levantou pontes de cuidado e partilha.
A fé também se tornou um abrigo. Muitos encontram força na oração, nas celebrações simples, na Palavra partilhada, na certeza de que Deus caminha com os que sofrem. Não uma fé ingênua, mas uma fé que chora, questiona e, ainda assim, insiste em acreditar que a vida pode renascer dos escombros.
Por fim, há a resistência e a esperança teimosa. Um mês depois, Rio Bonito do Iguaçu não é mais o mesmo — mas seu povo também não é. Há feridas abertas, sim, porém há também uma consciência mais forte de que ninguém se salva sozinho. A reconstrução é lenta, desigual e dolorosa, mas cada telha recolocada, cada roça replantada, cada abraço solidário é um ato de esperança.
O sentimento que permanece é claro: o povo está ferido, mas não derrotado. Entre lágrimas e coragem, Rio Bonito do Iguaçu segue caminhando, reconstruindo não apenas casas, mas a dignidade, a confiança e a vida em comunidade.
Eu, Lucimar Moreira Bueno