Em 1973, três anos após se tornar arcebispo de São Paulo --a maior arquidiocese do mundo naquela época--, dom Paulo Evaristo Arns tomou uma atitude que até hoje soa como surpreendente no meio católico. Simplesmente vendeu por US$ 5 milhões o Palácio Episcopal Pio 12, o imponente imóvel no bairro do Paraíso usado como residência oficial da autoridade católica, e mudou-se para uma casa mais simples no Sumaré.
O mais radical, porém, viria depois. Com o dinheiro arrecadado, determinou a construção de 1.200 centros comunitários na periferia de São Paulo para criar ambientes mais informais para reuniões do que as paróquias locais.
Foram nesses barracos de madeira, muitos feitos em mutirão, que os moradores, sempre incentivados pela igreja de dom Paulo, passaram a se organizar para brigar por creches, escolas, transporte e postos de saúde, entre outras melhorias.
"Como a igreja atua em silêncio, pouca gente associou uma coisa a outra. Mas foi nesse instante que começaram a explodir reivindicações populares por toda São Paulo", diz o jornalista Ricardo Carvalho, repórter da Folha até o fim dos anos 70 e autor da recém-lançada biografia "O Cardeal da resistência -- as muitas vidas de dom Paulo Evaristo Arns" (314 páginas, editora Instituto Vladimir Herzog, R$ 49,90). Leia na íntegra
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