É maior que a Itália a nação dos sem nação, fugitivos, deslocados e refugiados: as pessoas obrigadas a fugir de suas casas são, no mundo, 68,5 milhões, de acordo com o relatório anual do Global Trends 2017, apresentado na última segunda-feira pela agência da ONU para os refugiados, ACNUR.
A reportagem é de Rachele Gonnelli, publicada por Il manifesto, 20-06-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas sendo uma realidade mutável e itinerante, mesmo que na maioria estejam abarrotados em grandes campos de refugiados ou em barracas nas favelas das metrópoles (58% moram em áreas urbanas), talvez seja mais correto representá-los como fluxo: são 44.500 por dia, uma pessoa é adicionada a cada dois segundos.
Um ser humano em cada 110, em essência, é forçado a fugir. Enquanto 667 mil pessoas puderam voltar para casa ou para o seu país em 2017. De qualquer forma, há cinco anos esse número recorde de 68 milhões, tanto quanto os cidadãos da Tailândia, não diminui, alimentado em especial, em 2017, pelo êxodo em massa do Congo, do Sudão do Sul e da Birmânia (os Rohingyas).
Os refugiados que fogem de guerras, perseguições e violências são 25,4 milhões. E os requerentes de asilo, ou seja, as pessoas que ainda aguardavam em 31 de dezembro último um atestado de proteção internacional, subiram de 300 mil em 2016 para 3,1 milhões em 2017, sinal da piora das condições para o exame dos pedidos e emissão do estatuto de refugiado.
Ao contrário da falsa crença de viés racista, 85% dos refugiados vivem não em países industrializados e ricos como o nosso, mas em países pobres ou em desenvolvimento. Quase dois terços do total (40 milhões) são deslocados internos, isto é, ainda não cruzaram a fronteira de seu país, esperando poder voltar para reconstruir uma vida ali, onde eles moravam. Quatro refugiados em cada cinco se afastam um pouco mais, para os países vizinhos, sempre na esperança de voltar o quanto antes possível. Um quinto é de palestinos, assumidos pela agência Unrwa da ONU. Os restantes provêm por dois terços - de cinco áreas do globo: Síria, Afeganistão, Sudão do Sul, Birmânia e Somália. Depois, também do Iraque e da Venezuela.
A Turquia, após o acordo de 2016 com a UE para a retenção dos 3,5 milhões de sírios em fuga da guerra que dura há sete anos é o primeiro país em termos de hospedagem, seguido pelo Paquistão (que hospeda metade dos refugiados do Afeganistão), Uganda, Líbano e Irã. O Líbano tem o maior número de refugiados em relação aos cidadãos (164 por mil habitantes, a Itália tem 19, a Turquia 43). A Alemanha não é mais o lugar de chegada mais desejado, o sonho é agora novamente os Estados Unidos.
Fonte: IHU
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