30 janeiro, 2014

Os desafios a partir do 13º Intereclesial das CEBs


Os desafios a partir do 13º Intereclesial das CEBs

Tive a graça de participar do 13º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que aconteceu em Juazeiro do Norte-CE, terra do padre Cícero, de 7 a 11 de janeiro de 2014.

O tema foi “Justiça e Profecia a Serviço da Vida” e o lema “Romeiras do Reino no Campo e na Cidade”.

Foi maravilhoso estar com o povo de Juazeiro do Norte, um povo acolhedor, fraterno e de muita fé, nascida do testemunho do padre Ibiapina e do padre Cícero, da beata Maria Madalena do Espírito Santo Araujo e do beato José Lourenço, com a fé encarnada do povo das CEBs, nascida do grito profético por justiça e da certeza de que uma nova Igreja é possível e também um novo mundo.

Pela primeira vez em sua história, o intereclesial das CEBs recebe uma mensagem de um papa. Ao ser apresentada na celebração de abertura foi como fermento na massa.

O Número de participantes superou as expectativas: Mulheres: 2248; Homens: 1788; Bispos: 72; Padres: 232; Religiosas/os:146; Evangélicos: 20; Outras religiões: 35; Estrangeiros: 36; Indígenas: 75; Ampliada/Assessoras/es: 68 totalizando 5046 incluindo as equipes de serviço e visitante.

Marcante foi os gritos das excluídas e dos excluídos que ecoaram: gritos de mulheres e jovens que sofrem com a violência e de tantas pessoas que sofrem as consequências  do agronegócio, do desmatamento, da construção de hidrelétricas, da mineração, das obras da copa do mundo, da seca prolongada no nordeste, do tráfico humano, do trabalho escravo, das drogas, da falta de planejamento urbano que beneficie os bairros pobres; de um atendimento digno para a saúde e outros.

O Intereclesial foi uma ponte história entre as lutas do passado com as lutas atuais. Reafirmou que as CEBs são sinais de profecia e de esperança presentes na Igreja e na sociedade. 

Os desafios despertados foram muitos, no campo e na cidade, de fazer uma Igreja mais próximo que sente o “cheiro das ovelhas”, que assuma de fato a opção pelos pobres. Desafios de fazer que nas CEBs aconteça o protagonismo da juventude, o serviço à vida, a prática da justiça, a vocação profética e o compromisso missionário.

Enquanto nas CEBs as coisas acontece do jeito simples, há espaço da vida eclesial baseada no sucesso – na fama – nos grandes eventos (show). Para muitos as CEBs não existem porque não estão na mídia, não fazem parte da programação católicas da TV, diante deste fato, o grande desafio é não deixar morrer esse jeito simples e transformador das CEBs fazer acontecer. Jeito simples que leva a Igreja sentir o “cheiro das ovelhas”.

A cidade desafia as CEBs, as injustiças sociais no campo aparece mais visível. Acidade consegue esconder mais, o povo tem acesso a carro, eletrodomésticos e outros e tudo isso parece que anestesia o povo, anestesia a consciência crística, a consciência de uma participação mais ativa, na sociedade, na política, claro que também e de forma expressiva indusido pela grande mídia. Embora a cidade aproxima fisicamente as pessoas,  ela ao mesmo tempo produz efeito contrário, em vez de socializá-lás – isola-as no anonimato e no individualismo. As pessoas se regem antes pelos interesses.  As pessoas e os lugares passa a ter importância se levar algum interesse.

O Intereclesial deixou a certeza, que as CEBs é jeito normal da Igreja ser, enraizadas na Palavra de Deus, leva a Igreja adiante em sua missão evangelizadora com a prática da justiça e profecia a serviço da vida.

Encerro trazendo presente a frase dita pelo índio Anastácio, que em tom profético, proclamou: “Roubaram nossos frutos, arrancaram nossas folhas, cortaram nossos galhos, queimaram nossos troncos, mas não deixamos arrancar nossas raízes”.


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