15 agosto, 2014

Bióloga: ''Queridos filhos, adeus, vou curar o ebola''

Vale a pena ler a reportagem

No fim de maio, a bióloga Concetta Castilletti abraçou os dois filhos adolescentes, cumprimentou os colegas do hospital romano Spallanzani e partir para ir ao encontro do ebola. Dois aviões de linha e um Piper instável a levaram até Guéckédougou, na Guiné, o primeiro e mais letal foco da epidemia, o coração das trevas: naquele dia, já havia 241 mortos contabilizados.

Na realidade, o ebola é uma doença dos pobres, um mal da ignorância e da sujeira. Não há vacinas nem tratamentos, é verdade. Mas o vírus, embora letal, não é particularmente agressivo; não circula no ar pronto para matar quem passa. Para ser infectado, é preciso um contato físico não casual com um doente ou com os seus fluidos corporais. Para prevenir a infecção é suficiente a observância de normas de higiene básicas e um mínimo de conhecimento sobre os mecanismos de contágio. Por isso, os epidemiologistas não incluem o ebola na lista das catástrofes que podem chegar à Itália ou ao continente europeu.
Problema de pobres
Especulações políticas à parte, o ebola continuará sendo um problema africano, uma das pragas de um continente em que os gastos com saúde pública, em quase toda a parte, estão abaixo dos 100 dólares por ano por habitante, em comparação com os 8.000 dos Estados Unidos. De um lugar em que, dizem os voluntários do Médicos Sem Fronteiras, se você convencer um doente a se tratar, você quase já ganhou a batalha.
Mas é preciso não se equivocar, no entanto. O ebola não é uma doença que os africanos vão procurar, talvez porque, na ausência de outra coisa, continuam caçando e comendo morcegos-das-frutas, o maior incubador animal do vírus. O ebola é uma "doença negligenciada": uma daquelas nas quais as empresas farmacêuticas não investem, porque há pouco ou nada a ganhar.


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