27 julho, 2015

V Encontrão Arquidiocesano das CEBs - Arquidiocese de Maringá



Tema “CEBs: o rosto humano de Deus”
Lema “sua ternura abraça toda criatura” (cf. Sl 144(145)
Dia 23 de agosto de 2015
Das 13h30 às 17h30
Arena Azul do Parque de Exposições na cidade de Maringá.

24 julho, 2015

10 empresas dominam 75% do mercado mundial de sementes, diz relatório


“A criminalização das sementes camponesas - Resistências e lutas”, publicado pela Via Campesina e Grain, analisa que as sementes "estão submetidas a um ataque de corporações e governos"
As grandes empresas do agronegócio promovem leis que privatizam as sementes e judicializam os produtores. Esta é uma das conclusões do relatório “A criminalização das sementes camponesas - Resistências e lutas”, que analisou legislações e políticas públicas de mais de 30 países na América, Ásia, África e Europa.
O documento elenca as três empresas que controlam mais da metade (53%) do mercado mundial de sementes: a Monsanto (26%), a DuPont Pioneer (18,2%) e a Syngenta (9,2%). Entre o quarto e o décimo lugar aparecem a companhia Vilmorin (do francês Grupo Limagrain), WinField, a alemã KWS, Bayer Cropscience, Dow AgroSciences e as japonesas Sakata e Takii. Juntas, as 10 empresas dominam 75% do mercado mundial de sementes.
Publicado pelas organizações internacionais Via Campesina e Grain, o relatório também destacou a importância da livre troca de sementes entre comunidades e povos, que permitiu a expansão da agricultura com a adaptação dos cultivos a diferentes condições, climas e topografias. Tal evolução é hoje ameaçada pela apropriação das grandes empresas. “As sementes camponesas, um dos pilares da produção de alimentos, estão submetidas a um ataque de corporações e governos”, chama a atenção o relatório.
Ao analisar a situação do Brasil, que é o segundo maior produtor mundial de transgênicos, o relatório descreve o projeto de grande escala para o desenvolvimento de sementes crioulas, no marco da Política Nacional para a Agroecologia e a Produção Orgânica, adotada em 2012. Além disso, salienta a importância, desde 2003, do Programa de Aquisição de Alimentos, em que o Estado adquire os produtos dos camponeses.
América Latina
De modo geral, ao analisar a América latina, o relatório assinala que no continente surgem resistências contra as “leis Monsanto”. Em outubro de 2013, por exemplo, 5 mil agricultores brasileiros ocuparam as instalações de produção de sementes pertencentes à Monsanto em Pernambuco.
O trabalho da Via Campesina e da Grain também detalha o papel da Venezuela, onde tramita um projeto de lei que limita a entrada de transgênicos e defende as sementes camponesas, como parte de um modelo produtivo baseado na agricultura sustentável e na soberania alimentar. Resultado de uma série de consultas nacionais em diferentes pontos do país, define as sementes como um bem público, “herança coletiva que não pode ser privatizada”.
O México mantém há mais de uma década uma luta massiva em defesa do milho, o cultivo mais importante do país. Mediante o Tratado de Livre Comércio do Norte tenta-se a introdução em massa de transgênicos. Em 2005, foi aprovada uma legislação (chamada Lei Monsanto) que abriu passagem aos transgênicos. “Seguiu-se uma Lei Federal de Produção, que criminaliza a livre troca de sementes nativas. E seguiu-se o decreto presidencial para novas licenças de transgênicos”, afirmam as organizações.
Com essa engenharia legal, as multinacionais Monsanto e Dow receberam 156 licenças para o cultivo experimental de milho. O relatório recorda que existem provas conclusivas de que o milho transgênico dos Estados Unidos já contaminou o milho nativo do México. No entanto, os agricultores mexicanos seguem optando pelas sementes camponesas: 80% do milho do México segue sendo crioulo.

Por Dario Aranda - Para o Página/12
Tradução de André Langer
Fonte: Brasil de Fato

20 julho, 2015

10 coisas simples que podem mudar completamente o futuro de seu filho



Todos queremos ver nossos filhos crescerem e se tornarem adultos felizes e bem-sucedidos. É divertido vê-los crescer e desenvolver traços de personalidades e interesses diferentes. Como pais, queremos dar aos nossos filhos o melhor futuro possível. Isso não significa que precisamos dar a eles tudo o que querem ou gastar muito dinheiro com férias ou passeios. Aqui estão 10 coisas simples que podem ter um grande efeito no futuro de seu filho. 

1. Um livro

Os livros são queridos ao coração. A maioria de nós se lembra de uma história de ninar favorita, uma leitura emocionante ou personagem que estava ao nosso lado quando não havia mais ninguém. Um livro pode ajudar uma criança a decidir uma carreira ou estilo de vida. 

Um estudo do National Endowment for the Arts e publicado neste site, diz que o envolvimento de uma criança com livros afeta a vida futura de formas mais amplas também. Habilidades de leitura pobres tendem a se equiparar a salários mais baixos, falta de emprego ou maus empregos, e menos chances de progresso. Pessoas com dificuldade em leitura têm menos probabilidade de serem ativas na vida cívica, se voluntariam menos e votam menos do que bons leitores. 

É importante que as crianças tenham um bom começo em se engajar com a palavra escrita. Isso fará diferença para o resto de suas vidas. 

2. Tirar o lixo 

O guru financeiro Dave Ramsey diz: “Você deve ver o ato de ensinar seus filhos a trabalhar da mesma forma como você vê o de ensiná-los a tomar banho e escovar os dentes – como uma habilidade necessária para a vida.” 

Dar tarefas para as crianças as prepara para serem capazes de assumir e cumprir obrigações no futuro para com seus empregadores e as ensina a relação entre trabalho e sucesso. Em acréscimo, isso lhes dá confiança e um senso de comunidade conforme contribuem para o bem-estar da sua família. 

3. Um professor

A criança terá muitos professores ao longo dos anos, mas às vezes ela cria uma ligação especial com um que irá mudar sua vida. Seja por acender um amor por um determinado assunto ou ajudando a criança em um momento difícil em sua vida, um(a) professor(a) pode ganhar um lugar especial na mente e no coração de seu aluno.

4. Um amigo

Apesar de não ter relações de sangue, um amigo pode ter o mesmo lugar em seu coração que sua família. Os amigos errados podem empurrar seu filho por um escorregador descendente e os amigos certos podem apoiar e elevar seu filho a um maior sucesso. Este artigo traz conselhos que ajudam você a estimular seu filho a encontrar bons amigos. 

5. Tempo com o pai

Um estudo publicado em childwelfare.gov descobriu que “Desde o nascimento, as crianças que têm um pai envolvido com suas vidas, são mais propensas a ser emocionalmente seguras, ser confiantes para explorar os arredores, e, à medida que crescem, têm conexões sociais melhores com seus colegas. Essas crianças também são menos propensas a ter problemas em casa, na escola ou na vizinhança.” Ter um pai envolvido é um melhor indicador social de sucesso futuro do que ter dinheiro ou status social. Isso diz o suficiente. 

6. Um instrumento

Tocar um instrumento musical tem inúmeros benefícios para as crianças, que vão desde melhorar a memória e habilidades matemáticas até a criatividade, autoexpressão e alívio do estresse. Se o seu filho participar de uma banda ou orquestra isso pode melhorar suas habilidades sociais e ampliar seu grupo de amigos. Alguns músicos iniciantes até mesmo seguem carreiras musicais. 

7. A cidade em que vocês vivem

Ao longo de suas vidas os adultos vão se identificar com a sua cidade natal, mesmo após viver longe por anos. Onde você mora afeta as oportunidades educacionais e recreativas de seu filho. Cada lugar tem sua própria cultura, que irá influenciar os pensamentos e ideias de seu filho. A maneira que você fala e se sente sobre o seu bairro também vai influenciar os sentimentos deles.

8. Um animal de estimação

Ter um animal de estimação tem mostrado que ajuda a manter a pessoa saudável física e emocionalmente. Animais de estimação podem ensinar responsabilidade e compaixão às crianças. Um estudo que comparou crianças que tinham um cachorro com aquelas que não tinham, descobriu que crianças que tinham um cachorro eram significativamente mais empáticas e pró-sociais. 

Animais de estimação podem também proporcionar uma sensação de segurança e reduzir a ansiedade. Por estas razões, os animais são muitas vezes utilizados em terapias com crianças. O estudo também concluiu que crianças com níveis mais altos de apego aos animais de estimação tinham sentimentos mais positivos em relação à sua família e ao lar, do que aquelas com baixo apego a seus animais. 

9. Uma caminhada

O exercício físico regular tem muitos benefícios para a saúde de seu filho. Sair ao ar livre é particularmente importante. Ajuda a impulsionar o sistema imunológico, estimula a imaginação, promove habilidades para resolver problemas, ajuda na síntese da vitamina D (através da luz solar) e melhora o humor. Além disso, também há a conexão que você pode ter com seu filho enquanto caminham juntos. Este é um ótimo momento para conversar longe de distrações. Algumas de suas conversas mais importantes e significativas podem acontecer durante uma caminhada.  

10. Uma avó

Ou avô, tia, tio ou primo. Estudos têm demonstrado que crianças com fortes laços familiares tendem a se sair melhor quando confrontadas com um problema. “Quanto mais as crianças sabiam sobre a história de sua família, mais forte era o seu senso de controle sobre suas vidas, maior a sua autoestima e mais elas acreditavam que suas famílias eram atuantes”, de acordo com um estudo da Universidade Emory. Familiares muitas vezes proporcionam cuidados e apoio quando um dos pais não está disponível, ou em conflitos entre pais e filhos. 

Quando se trata de criar os filhos, não são as viagens à Disneylandia, os eletrônicos mais atuais ou até mesmo as melhores escolas que têm a maior influência sobre o futuro. São muitas vezes as pequenas coisas que acabam fazendo uma grande diferença. 

Traduzido e adaptado por Sarah Pierina do original 10 little things that can completely change your child’s future 

FONTE INDICADA: Família

14 julho, 2015

10 coisas sobre o Mais Médicos que a mídia convencional não conta para você

O programa cobre 3.785 municípios, sendo que 400 deles nunca haviam tido médicos. Os 34 distritos indígenas contam hoje com 300 médicos; antes não tinham nenhum.

Por Cynara Menezes, do blog Socialista Morena

Há dois anos, no dia 8 de julho de 2013, o Brasil foi tomado por uma onda de ira corporativista contra um projeto que visava ampliar a oferta de médicos especializados em saúde da família no País. Naquele dia, o governo baixou a Medida Provisória (MP) criando o programa Mais Médicos, que previa a importação de médicos de diversos países, inclusive cubanos. O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a oposição ao governo tentaram, de todas as formas, impedir que os estrangeiros viessem suprir a carência de profissionais em áreas rejeitadas pelos médicos brasileiros.
Médicos cubanos chegaram a ser vaiados e insultados por colegas em sua chegada no aeroporto de Fortaleza (CE), em uma atitude que surpreendeu os dirigentes da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), parceira do governo federal no programa. “Nunca pensei que fosse chegar a este extremo de preconceito e até racismo, que fossem dizer que as médicas cubanas pareciam empregadas domésticas, que os médicos negros deveriam voltar para a África ou que eram guerrilheiros disfarçados”, lamenta o representante da OPAS/OMS no Brasil, Joaquín Molina.
Neste meio tempo, sempre que a mídia brasileira noticiou o programa foi para contar quantos cubanos fugiram para Miami ou os erros que porventura cometeram, ainda que nunca tenha se concretizado nenhuma condenação. Molina se queixa que, cada vez que era procurado pelos jornais para defender o programa, ganhava um parágrafo na reportagem, contra dez do presidente do CFM atacando a ideia. “Pessoalmente, acho que a mídia brasileira privilegia a notícia ruim. Nunca vi uma manchete positiva neste país”, critica.
Reuni neste post 10 pontos que a imprensa não destacou para que as pessoas possam conhecer melhor o programa Mais Médicos. Confira:
1. O número de médicos na atenção básica à população na rede pública do País foi ampliado em 36%: tinha cerca de 40 mil antes do programa e ganhou 14.462 profissionais, entre eles 11.429 cubanos e 1.187 com diplomas de outros países. A lei priorizou os brasileiros, mas apenas 1.846 se inscreveram na primeira convocatória. Este ano, a situação se inverteu e 95% das 4.146 vagas foram ocupadas por médicos brasileiros.
2. Além de serem reconhecidos como excelentes médicos de saúde da família, a principal vantagem dos médicos vindos de Cuba, segundo a OPAS, é que vieram todos de uma vez, em um pacote. Outra vantagem é que qualquer abandono que não seja por razões de saúde é coberto pelo governo cubano, que envia outro profissional sem nenhum custo adicional para o governo brasileiro. A OMS situa o sistema de saúde cubano entre os 39 melhores do mundo; o sistema de saúde brasileiro aparece na 125ª posição. Ao contrário dos brasileiros e profissionais de outros países, os cubanos também não escolhem para onde querem ir, é o ministério e a OPAS que decidem para onde serão designados.
3. Os médicos cubanos ganham R$ 3 mil por mês; os outros R$ 7 mil do salário previsto no acordo vão para o governo de Cuba. Ainda assim, o pagamento que recebem no Brasil é 20 vezes superior ao que receberiam em sua ilha natal. Além disso, os municípios arcam com todas as despesas: transporte, moradia e alimentação. Ou seja, o cubano praticamente não gasta o dinheiro que recebe.
4. Uma avaliação independente feita em 1.837 municípios revelou um aumento de 33% na média mensal de consultas e 32% de aumento em visitas domiciliares; 89% dos pacientes reportaram uma redução no tempo de espera para as consultas. Uma pesquisa feita em 2014 pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), baseada em 4 mil entrevistas em 699 municípios, revelou que 95% dos usuários estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o desempenho dos médicos. 86% dos entrevistados afirmaram que a qualidade da atenção melhorou após a chegada dos profissionais do Mais Médicos e 60% destacaram a presença constante do médico e o cumprimento da carga horária. Queridos por seus pacientes, vários médicos cubanos têm sido homenageados pelas câmaras municipais por seu trabalho no Brasil.
5. O programa cobre 3.785 municípios, sendo que 400 deles nunca haviam tido médicos. Os 34 distritos indígenas contam hoje com 300 médicos; antes não tinham nenhum. Entre os yanomami, por exemplo, houve um aumento de 490 atendimentos em 2013 para 7 mil em 2014, com 15 médicos cubanos dedicados à etnia com exclusividade. 99% dos médicos que atendem os índios no programa são cubanos.
6. Um dos trabalhos mais interessantes desenvolvidos pelos médicos cubanos nas aldeias indígenas é o resgate da Medicina Tradicional, com o uso de plantas. Na aldeia Kumenê, no Oiapoque (AP), o médico Javier Lopez Salazar, pós-graduado em Medicina Tradicional, atua para recuperar a sabedoria local na utilização de plantas e ervas medicinais, perdida por causa da influência evangélica. O médico estimulou os indígenas a buscar as canoas defeituosas e abandonadas nas beiras dos rios para transformá-las em canteiros de uma horta comunitária só com ervas medicinais, identificadas com placas e instruções para uso.
7. Ao contrário do que os jornais veiculam, os médicos e médicas cubanos não são proibidos de se casar com brasileiros. Existe uma cláusula que os obriga a comunicar os casamentos para evitar bigamia em seu país natal, segundo a OPAS. Os casos de romances entre médicos/as e brasileiros/as são numerosos. Houve até uma prefeita em Chorrochó, na Bahia, que se casou com um médico cubano.
8. Desde que o programa Mais Médicos começou, 9 médicos cubanos morreram: cinco por enfarto, 3 por câncer e 1 por suicídio (em 2014, um médico de 52 anos, ainda em treinamento, foi encontrado morto em um hotel de Brasília, possivelmente por enforcamento). Até agora, somente oito abandonaram o programa e deixaram o país rumo aos EUA.
9. O programa Mais Médicos virou modelo no continente e países como a Bolívia, o Paraguai, o Suriname e o Chile, que também sofrem com falta de profissionais, já planejam fazer projetos semelhantes.
10. Além do atendimento de saúde, o Mais Médicos inclui a ampliação da oferta na graduação e na residência médica e a reorientação da formação e integração da carreira. A meta é criar, até 2018, 11,5 mil novas vagas de graduação em medicina e 12,4 mil de residência médica, em áreas prioritárias para o SUS. Os municípios onde serão instalados os novos cursos de medicina foram escolhidos de acordo com a necessidade social, ou seja, lugares com carência de médicos.

As figuras da ovelha e do pastor (P. Germanio Bender)

As figuras da ovelha e do pastor de ovelhas são símbolos muito conhecidos do povo de Deus. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento elas aparecem várias vezes. No Antigo Testamento Deus mesmo é o pastor que busca, apascenta, protege e cuida do seu rebanho, seu povo. Assim o lemos em Jeremias 23. Foi nesta mesma confiança que o autor do Salmo 23 confessou: O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. No Novo Testamento Jesus se torna o bom pastor, que conhece as suas ovelhas e as ama tanto que dá a vida por elas. O rebanho é formado pelos seus discípulos, seus seguidores, os que creem em Cristo, na igreja, o povo que foi reconciliado com Deus e passa a fazer parte de uma nova família. Assim o afirma o texto de Efésios 2.

É esta também a imagem, ou seja, a ilustração que aparece em nosso texto. Jesus se relaciona com os discípulos e com o povo como um bom pastor. Trata uns e outros como parte de um rebanho de ovelhas. Sobre como acontece este relacionamento entre o pastor e as ovelhas é o que queremos meditar.

1. Jesus, como pastor, com os discípulos!
 
Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado. E ele lhes disse: venham repousar um pouco à parte; num lugar deserto (v.30s). É importante notar que os discípulos aqui são chamados de apóstolos. Esta troca de termos é ilustrativa. Discípulo é aquele que foi chamado para seguir a Jesus. Apóstolo é aquele que foi enviado por Jesus para testemunhar e ensinar as verdades do Reino de Deus. Isso mostra que o discipulado cristão e a vivência da nossa fé acontecem nesta dupla relação entre a comunhão com o Senhor e o serviço no mundo! Os discípulos, que haviam sido enviados para anunciar a mensagem do Reino de Deus, agora voltam e relatam tudo o que fizeram, ensinaram e experimentaram. E Jesus ouve atentamente o que eles têm a dizer. Jesus ouve e se interessa pelos seus discípulos.

Depois de ouvir o relato dos enviados, Jesus conclui que eles precisam de uma folga, de um tempo de recolhimento para descanso e avaliação. Venham a um lugar deserto para descansar um pouco. (v.31). E foram sós para um lugar deserto (v.32). Os discípulos estão cansados, eles não tiveram tempo nem para comer. Mas Jesus, como bom pastor, é sensível a esta necessidade de seus seguidores. Ele convida para o recolhimento e oferece descanso. Venham a mim todos aqueles que estão cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Assim ele disse em outra oportunidade (Mt 11.28). Será que este convite de Jesus para a quietude, o recolhimento e descanso poderia valer também para você?

A seguir, o texto dirige a atenção ao povo. Conforme ouvimos, era muita gente. E eram enormes as suas carências. As pessoas precisam de alimento e saúde e por isso correm atrás de Jesus (v.33). Levam a ele os enfermos (v. 55). Assim, ao desembarcar, Jesus vê uma multidão e se compadece das pessoas, porque reconhece que elas são como ovelhas que não têm pastor (v.34). É um povo desamparado e desorientado. Mas Jesus tem um coração sensível para as suas necessidades. Assim chegamos ao segundo ponto da nossa reflexão.

2. Jesus, como pastor, com a multidão!
 
Como vive uma ovelha sem pastor? Ovelhas são animais muito dóceis e sociáveis. Mas também são animais muito frágeis e sensíveis. A saúde e a sobrevivência de um rebanho dependem basicamente dos cuidados do seu pastor. Jesus afirma que a multidão que ele encontra está como ovelhas sem pastor. Ovelhas sem pastor enfrentam sérios problemas: a) Ficam expostas a muitos perigos - pragas, ataques de moscas ou animais ferozes; b) Ficam famintas e sedentas - pois não encontram pastagem; c) Vivem inseguras porque perdem o rumo a seguir.
 
Certo criador de ovelhas ensinava que uma ovelha precisa ter supridas três necessidades para que possa descansar e procriar: Ela precisa sentir-se segura; alimentada e livre do atrito com as demais ovelhas do rebanho. O pastor de ovelhas tem exatamente estas funções: deve proteger, guiar e alimentar o rebanho, bem como cuidar das ovelhas feridas e buscar as ovelhas perdidas. Sem estas necessidades supridas, as ovelhas ficam aflitas, angustiadas, cansadas, exaustas.

Um rebanho de ovelhas sem pastor está perdido. Uma história pode ilustrar isso. Aconteceu na Europa. Um rebanho de ovelhas perdidas e desorientadas invadiu uma autoestrada. A confusão no trânsito foi geral. A polícia corria atrás das ovelhas e não conseguia reunir as coitadas. Até que chamaram o pastor responsável por aquele rebanho. Este se aproximou e começou a chamar as ovelhas. Três minutos depois ele tinha reunido todo o rebanho e a autoestrada foi liberada.

Algo semelhante acontece com a multidão aqui avistada por Jesus. Estão como ovelhas sem pastor. Por isso correm atrás de Jesus e dos discípulos. Veem na mensagem de Jesus um sinal de esperança e de orientação. E Jesus se coloca ao seu lado como um bom pastor. Sua tarefa é reunir o rebanho, proteger as ovelhas e conduzi-las em segurança para a salvação. Por isso Jesus mostra-se sensível às necessidades do povo. Ele sente compaixão da multidão. Os discípulos estão próximos de Jesus, mas a multidão está abandonada. Por isso precisa de mais atenção do que os discípulos.

Amados irmãos e irmãs! Qual é a sua situação? Você está entre o grupo dos discípulos ou entre a multidão desorientada como ovelha sem pastor? Seja qual for a sua situação, Jesus é aquele que nos acolhe, convida e chama para o discipulado para então nos enviar ao mundo a fim de testemunhar o seu amor e proclamar a mensagem do Reino de Deus.

Como cristãs e cristãos e como comunidade vivemos a nossa fé neste duplo relacionamento. Por um lado é importante nos reunirmos em culto e participarmos nas demais atividades da Igreja. Nestes encontros aprofundamos nossa comunhão com o Senhor, nos fortalecemos na fé e nos auxiliamos uns aos outros. Por outro lado é importante e necessário que voltemos nosso olhar para fora dos muros da Igreja. Pois ainda há muita gente que vive abandonada e desorientada. Há muitas ovelhas desgarradas e rebanhos sem pastor. O mundo precisa de discípulos que anunciam a misericórdia de Deus para com aqueles que sofrem. Ainda há muita ovelha sedenta e faminta que precisa ouvir o Evangelho de nosso senhor Jesus Cristo. Como discípulos de Jesus, somos convidados a ver e ouvir as ovelhas desgarradas, desviadas, perdidas, aflitas, desorientadas e desesperadas do nosso tempo. Vamos olhar para estas ovelhas com os olhos da compaixão e anunciar a elas que o Reino de Deus está próximo, que o próprio Deus está perto de nós através de seu Filho Jesus Cristo.

Que Deus nos ajude e nos dê a mesma alegria experimentada pelos primeiros discípulos, no cumprimento da nossa missão. Que assim seja.

Pregação foi escrita por P. Germanio Bender 

Fonte: Portal Luteranos

07 julho, 2015

A Igreja precisa ser presença amiga e confortadora! (Lucimar Moreira Bueno)

Segue um pequeno texto que escrevi para uma reflexão

A Igreja precisa ser presença amiga e confortadora!

As palavras de São João precisam ressoar hoje em nossas vidas. “Minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10,27). Assim como nos diz o Papa Francisco, pensando numa igreja inserida no meio do povo: “Uma Igreja que se sabe abrir para abraçar todos, onde todos podem ser renovados, transformados pelo seu amor: os mais fortes e os mais fracos, os pecadores, os indiferentes, os que se sentem desanimados e perdidos”.

Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de “saída”, que Deus quer provocar em nós.   Abraão aceitou o chamado para partir rumo a uma nova terra (cf Gn 12,1-3). Moisés ouviu o chamado de Deus: “Vai; Eu te envio” (Ex 3,10), e fez sair o povo para a terra prometida (cf. Ex 3,17).  Maria sai para visitar Isabel, Lucas acentua a prontidão de Maria em atender as exigências da Palavra de Deus, o anjo lhe falou da gravidez de Isabel e, imediatamente, Maria saiu de casa para ir ajudar a uma pessoa necessitada (cf. Lc 1,39-40). A Jeremias disse: “Irás aonde Eu te enviar” (Jr 1,7). Naquele “ide” de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova “saída” missionária.

Cada um de nós e cada uma de nossas comunidades há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todas e todos são convidados a aceitar este chamado: “sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.” (Evangelli Gaudium 20). Como são belos os pés das mensageiras e dos mensageiros que anunciam a Paz. (cf. Is 52,7).

04 julho, 2015

Crianças Guarani e Kaiowá desaparecidas depois de ataque são encontradas no MS


Geremia Lescano Gomes, de 14 anos, e Tiego Vasques Benites, de 12 anos, garotos Guarani e Kaiowá desaparecidos desde o último dia 24 de junho, foram encontrados nesta quinta-feira, dia 2, por indígenas da aldeia Taquapery, município de Coronel Sapucaia, cone sul do Mato Grosso do Sul. As crianças, debilitadas, foram localizadas a 20 km da retomada na fazenda Madama, tekoha de Kurusu Ambá, ponto de partida da fuga dos garotos durante ataque de fazendeiros ao acampamento em que estavam com suas famílias (assista vídeo do ataque aqui)

A Operação Guarani, da Fundação Nacional do Índio (Funai), confirma a informação e já presta assistência aos indígenas, que deverão permanecer mais alguns dias na aldeia Taquapery se recuperando dos dias de caminhada, fome e sede. Conforme informações apuradas com lideranças de Kurusu Ambá, a notícia animou a todos e todas no acampamento da retomada (foto) na fazenda Madama, mas os Guarani e Kaiowá exigem providências das autoridades quanto ao ataque que sofreram. 

Quando dezenas de caminhonetes invadiram a retomada Guarani e Kaiowá em Kurusu Ambá, a correria foi generalizada. Tiros, fogo nos barracos, destruição de pertences pessoais, caminhonetes manobradas de encontro aos indígenas em fuga. Nesse contexto, Geremia e Tiego saíram em disparada e quando caíram em si, com o medo um pouco mais dissipado, estavam perdidos, sem direção. Dormiram ao relento e passaram a caminhar no sentido da aldeia Taquapery. País afora a notícia do desaparecimento correu e 72 horas depois as buscas tiveram início. 

“Depois que Força Nacional tirou a gente e a Funai da operação, todas as aldeias da região passaram a procurar (os garotos). Nessas caminhadas, os parentes de lá (Taquapery) encontraram. Os dois estavam cansados, sujos, sem beber água e comer. Acho que eles talvez estivessem indo pra Taquapery, não sei. Estamos felizes, mas queremos saber quem vai ser punido por essa maldade que fizeram contra a gente e quando nossa terra será demarcada”, questiona uma liderança do tekoha de Kurusu Ambá. 

Fonte: cimi.org.br

02 julho, 2015

Era um adolescente negro, um celular... e a redução da maioridade penal (Edmilson Schinelo)



Era um adolescente negro, um celular... e a redução da maioridade penal (Edmilson Schinelo)


Meu filho Marcos, de 14 anos, saiu hoje de bicicleta para a escola de teatro e arte. Menos de vinte minutos depois, toca o celular. Vendo que era seu número, atendi como de costume: “Oi, filho!”.

O susto foi grande ao ser surpreendido com uma voz que não era a dele: “Você conhece o dono desse celular? O que você é dele?” Para o coração de um pai, um súbito e rápido silêncio parece durar muito mais tempo. O pensamento vai longe: “Caiu da bicicleta? Foi atropelado? Se tivéssemos ciclovia... Ou será mesmo um sequestro?”.

Não sei com que tom de voz respondi. Mas da outra ponta a resposta, portadora de alívio, parecia vindo dos céus: “Não é nada não, moço, é que eu achei esse celular caído aqui na rua e queria devolver. Liguei então para o último número discado. Você sabe de quem é?”.

Combinamos o local, fui até lá. Deparei-me com um adolescente negro e fico feliz que não preciso aqui apenas colocar as iniciais. Seu nome é Nelson. Sentado na calçada, me aguardava para devolver o aparelho... Olhei fundo nos seus olhos... Talvez ele não tenha entendido por que as lágrimas vieram nos meus...

Olhei fundo nos seus olhos e imediatamente pensei: “Essa noite, o Congresso tentou votar a redução da maioridade penal... bancada da Bíblia, do Boi, da Bala... A grande mídia, a serviço desse ‘BBB’, não daria importância à minha história. Fato corriqueiro, nem ‘daria notícia’. Notícias são as que eles fabricam!”.

Voltei para casa com o sorriso de Nelson impregnado em minha alma. Era um sorriso de gratidão. Mas voltei pensando: “Garoto negro e pobre de periferia... Por que meu filho num projeto de arte, música e teatro e ele não? O que estamos fazendo com os seus sonhos? Será que ele tem ‘boa índole’ e seus amigos também negros, fichados e expostos nas manchetes, não? Por que a mídia ‘martela’ tanto em nossas mentes casos de ‘menores infratores’?”.

Uma certeza eu tenho: tivéssemos nós um pouquinho mais de espaço na TV para contar histórias tão comuns como essa, as “pesquisas de opinião” seriam absolutamente contra a redução da maioridade penal! Por isso estou contando. Confesso que achei que a gratidão de Nelson também se deve ao fato de que a redução da maioridade penal não foi ainda aprovada. E que não venha a ser!

Edmilson Schinelo,
 Campo Grande/MS, 1º de julho de 2014.

NOTA: Escrevi o texto durante a manobra do presidente da Câmara, que forçou nova votação e primeira aprovação emenda à PEC 171.  Ao invés de desanimar, reafirmamos nosso compromisso em favor da vida e da dignidade da juventude!