14 agosto, 2018

"Vidas que Falam - Promotores dos Direitos Humanos, da Justiça e da Paz"

Uma obra que reúne mais de 20 autores e que contam a história de vida de 30 pessoas que atuam ou atuaram no Estado do Amazonas na área dos direitos humanos.

Abaixo uma matéria publicada no site CEBs do Brasil


Vidas que falam: testemunhas da vida que inspiram nossa vida

“Que o testemunho de vocês ajude a aumentar as redes de lutadores/as pelos direitos humanos”

Márcia Dias

“Vidas que Falam” é um conjunto de histórias de pessoas que lutam ou lutaram pelos direitos humanos, pessoas que impressionam pela gratuidade, testemunhas de vida. As 15 mulheres e os 15 homens que aparecem no livro, apresentado nesta última quinta-feira, 9 de agosto, na Maromba de Manaus, são “pessoas que se doam no silêncio, com os pés e o corpo onde o povo está, onde os pobres estão”, como reconhecia, diante de um auditório lotado, a militante social Márcia Dias, que vê “uma obra que faz ecoar o testemunho de vida e que inspira nossa vida”.

O testemunho de vida dessas pessoas, religiosos e não religiosos, nascido no Brasil e no exterior, valoriza a palavra, numa “época em que a palavra está perdendo força, se fala como verdade aquilo que não é”, como dizia aos presentes Dom Luiz Soares Vieira, Arcebispo emérito de Manaus, e autor da apresentação da obra, afirmava que “estamos numa sociedade onde se vê o outro para explorar ou como inimigo”.

No livro aparecem pessoas engajadas nas lutas por políticas públicas, cuidado pelas crianças, moradia, luta LGBT, ensino, orçamento participativo, pessoas com deficiência, hanseníase, migrantes, tráfico humano e de drogas, violência sexual, idosos, saúde pública, doentes mentais, indígenas, pastoral operária, Terra, Cáritas, presos políticos, jovens, segurança pública, discriminação racial, alcoolismo e drogas… Muitas lutas em muitos campos, contadas pelos 31 colaboradores no livro, coordenado por Cristiane Silveira, jornalista e escritora, e o deputado estadual do Amazonas, José Ricardo Wendling.

Cristiane Silveira disse: “aprendi muito com esse livro; me ensinou a ter mais esperança, amor e solidariedade ao próximo, com gente que faz a diferença e histórias que inspiram e nos fazem não desistir e sim resistir”. A ideia do livro é, segundo José Ricardo, “mostrar um pouco o trabalho e o testemunho de várias pessoas que dedicaram sua vida, ou dedicam, na luta pelos direitos humanos, que algumas pessoas de forma deturpada dizem que é para defender bandidos, uma coisa totalmente equivocada”. Segundo o deputado estadual, “direitos humanos é lutar pela saúde, pelos idosos, pelos hansenianos, pelos indígenas, lutar por um planeta melhor, pelo povo, pelos pobres”.

O testemunho dos homenageados nos mostra, segundo José Ricardo, que “podemos fazer muita coisa, desde gestos pequenos até obras mais grandiosas, obras físicas, outras mais relacionadas com a formação das pessoas”. Numa sociedade brasileira onde estão sendo tirados muitos direitos, “o que está acontecendo na sociedade desestimula muita gente a se envolver nas questões públicas, a se manifestar. Por isso, mostrar o trabalho destas pessoas dá esperança, porque estão lutando até hoje. São sinais de vida e um estímulo para quem está precisando de referências para continuar lutando por melhorar nossa sociedade”, afirma o deputado.

“Eles são a força do Evangelho”, afirma Dom Sérgio Castriani, Arcebispo de Manaus. Por isso, “que o testemunho de vocês ajude a aumentar as redes de lutadores/as pelos direitos humanos”, lembrava Márcia Dias, que os definia como “gente que não gosta de aparecer, que não gosta de elogios, que lutando pelos direitos renuncia a muitas coisas e ganha inimigos”.

A irmã Santina Perin, uma das homenageadas, missionária no Haiti por 22 anos e que trabalha em Manaus desde janeiro de 2011, sobretudo na Pastoral do Migrante, acompanhando o povo haitiano, e no combate ao tráfico de pessoas e exploração sexual de crianças e adolescentes na Rede um Grito pela Vida, reconhece que aparecer no livro Vidas que Falam “é mais uma oportunidade e um chamado que Deus e a vida estão me fazendo para eu continuar a ser mais solidária ainda, mais presente na vida do povo, porque na verdade tem outras pessoas que poderiam e deveriam estar no meu lugar. Mas como me colocaram, para mim foi um chamado de Deus e da vida para que enquanto Deus me deixar aqui nesta terra que eu continue sendo solidária e atenta aos problemas do povo”.

Por Luis Miguel Modino

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