É médica especializada em cuidados paliativos e está em Portugal para apresentar um livro sobre a morte. Ana Cláudia Arantes diz que andamos a desperdiçar o tempo e, no final, ninguém morre por nós.
“A morte é um dia que vale a pena viver.” Será, por ventura, difícil encontrar livros com um título que tão diretamente aborda a morte. A obra que Ana Cláudia Quintana Arantes lançou no Brasil em 2016, e que agora chega às livrarias portuguesas pela editora Oficina do Livro/LeYa, é uma conversa sobre a morte, sobre morrer, esse derradeiro ato de entrega que só pode ser protagonizado por quem o vive, seja rico ou pobre, jovem ou velho.
Ana Cláudia trabalha na área de cuidados paliativos há mais de duas décadas. Antes de conversar com o Observador a propósito do recém-chegado livro ao mercado nacional era conhecida por ser a médica que lê poemas aos pacientes, que “prescreve poesia na lida diária com a morte”. O ato inusitado valeu-lhe, em 2012, a participação numa conferência TEDx, a mesma que, chegada ao YouTube, tornou-se das mais vistas naquele país (são quase 2 milhões de visualizações) e
A mensagem da autora está longe de ser mórbida. Ana Claudia — que por estes dias está em território luso para apresentar o seu bestseller e para dar um ciclo de palestras (dia 29 no Centro Hospitalar Universitário, em Faro, às 18h, e dia 30 na Livraria Buchholz, em Lisboa, às 18h30) — quer convidar os leitores a fazer melhor uso do tempo, a não ter medo de conversar sobre a morte e a serem protagonistas de uma vida que, se não tivermos atenção, corre depressa demais:
“Podemos transferir a escolha da profissão — podemos fazer algo que a nossa mãe ou o nosso pai quer, mas que não é o que queremos realmente fazer –, podemos casar-nos com uma pessoa que todos acham que é a melhor para nós, mas que não é a pessoa que amamos… Abrimos mão de ser protagonistas da nossa vida. Só que no nosso morrer, não há quem faça isso no nosso lugar, somos nós que temos de o fazer. Há pessoas que só vão ser protagonistas da própria vida na hora de morrer porque nunca foram a pessoa mais importante da própria vida. Morrer é um processo muito intenso e pode ser muito doloroso para aquelas pessoas que nunca viveram a própria vida.”serviu de mote para esta obra.
Fonte: Observador
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