O amor é o sal que tempera o mundo
“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.“(Mateus. 5:13)
O ensino de Jesus no monte é profético e revolucionário. Seu ensino é uma trilha que nos leva para um caminho de construção a partir de um novo paradigma, que aponta para um novo modo de vida, sob a ética do amor em práticas utópicas. Jesus partilha a palavra viva, palavra que desafia os novos discípulos e discípulas a uma profunda reflexão, animadora e cheia de esperança. São as Boas Novas de alegria e refrigério para um povo cansado, um novo caminho de fé em meio as múltiplas desigualdades e injustiças. Um ensino prático, a partir das vivências do dia a dia das pessoas, de suas angústias, medos, sofrimentos, alegrias e esperança. Um ensino pautado em propostas concretas, na unção do Espírito em uma missão libertadora. Jesus é o ungido enviado do Pai. (Lucas 4:18-19).
Nessa passagem do Evangelho de Mateus, no capítulo cinco e versículo treze, Jesus ensina sobre a missão de ser o Sal da Terra. Os discípulos e discípulas recebem do seu Mestre a importante missão de temperar o mundo, ou seja, salgar o que está sem sabor, sem alegria, mundo de injustiças e opressões, marcado pelos abusos dos sistemas dominantes contra os pequeninos e sem voz, aqueles que Deus escolheu para revelar a beleza, virtudes e bondades do seu Reino ( Mateus. 11:25). Temperar o mundo com amor não se reduz a meras palavras no ar ou discursos ensaiados, mas na prática concreta, que é a encarnação dos valores do reino de Deus. Temperar é amar como Jesus amou (João. 13:34). Essa é a missão de todos nós: amar.
Segundo o ensino de Jesus, os que não amam seus irmãos e irmãs, não podem dar sabor à vida, vida essa repleta de desafios, tribulações e desesperanças, e, portanto não tem relevância no Reino de Deus. Os que estão infectados pelo desamor, que semeiam a murmuração, a divisão e o ódio, negam o Evangelho e tornam-se semelhantes a um tipo de sal inútil, sem valor e sem serventia, pois a exemplo do seu Mestre, os discípulos e discípulas devem ser conhecidos não pela falta de compaixão, mas pelo espírito de bondade e ternura, em um profundo desejo de amar uns aos outros (João. 15:17). Jesus não escolheu a quem deveria amar, Ele não tem prediletos, Jesus amou a todos, aliás, até os seus mais terríveis inimigos que planejavam matá-lo por questões políticas e religiosas. Jesus demonstrou na prática o amor do Pai pelo mundo, realizou sua missão até aos últimos minutos de morte na cruz (João. 3:16).
O evangelista Marcos também faz uma narrativa sobre as palavras de Jesus quanto a missão de ser sal da terra. Jesus faz um questionamento sobre a qualidade do sal, produto caro e de grande importância no comércio da época. Ora, se o sal não der o devido sabor, como haverá de temperar? Como haveremos de encarnar o amor no mundo para que de fato haja paz entre as pessoas e libertação dos oprimidos? Jesus adverte que os que pretendem caminhar com Ele, devem ter sal em si mesmo, ou seja, todos nós temos a missão de viver um novo modo de vida, temperando o mundo com amor, demostrando compaixão, partilha, solidariedade, misericórdia e paz. (Marcos. 9:50).
Esse é também o conselho desafiador do apóstolo Paulo aos irmãos e irmãs da comunidade de Colossos. Paulo recomenda que a palavra proferida por eles, seja agradável, palavras amorosas, de ânimo, fé e esperança. Palavras contrárias ao preconceito, ao desânimo, divisão, discórdia e discussões tolas que não trazem edificação. Palavras acolhedoras que animam as comunidades a prosseguir no caminho de libertação. Palavras temperadas com o sal do amor. (Colossenses. 4:6).
Em que contexto devemos dar sabor à vida nos dias de hoje? Como salgar? Vivemos em um mundo de desigualdades e opressões, preconceitos e exclusão. O mundo de hoje não é diferente do tempo de Jesus. Os pobres sofrem com a desigualdade social, que concentra a riqueza em uma minoria rica, os negros e negras sofrem o racismo do dia a dia, os LGBT’S o preconceito e a violência, as mulheres vitimadas pelo feminicídio, como também muitos outros grupos de excluídos. Que sejamos sal fora do saleiro, temperando o mundo com o amor libertador de Jesus.
Texto de Marcos Aurélio dos Santos
Fonte: CEBI
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