26 abril, 2024

Urge colocar o fascismo bolsonarista na ilegalidade. O PT e o Lula têm o antídoto. Entrevista especial com Rudá Ricci

Entrevista especial com Rudá Ricci

O terceiro governo de Lula tem sido marcado por uma posição pusilânime em questões centrais de uma política de esquerda e no enfrentamento ao baixo clero do Congresso. A história da sigla, no entanto, mostra o caminho a ser trilhado, mas até agora sem perspectiva, segundo o entrevistado.


Por: IHU e Baleia Comunicação | 25 Abril 2024



O Partido dos Trabalhadores surgiu da convergência de uma setores sociais, inclusive de setores da Igreja Católica. No fim dos anos 1980 Lula perde uma eleição que contou, até mesmo, com manipulação da TV Globo no último debate. Apesar da derrota, naquele momento e desde antes, nas Diretas Já, o movimento político que resultaria no PT sempre teve um discurso contundente e destemido contra a extrema-direita.

“E, na década de 1980, o PT virou o principal partido de esquerda e, no final da década, vai para o segundo turno na eleição presidencial contra Fernando Collor. Portanto, o PT sabe lidar com a direita e a extrema-direita”, avalia o pesquisador e analista político Rudá Ricci, em entrevista por telefone ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU. “O PT tem sua história de crescimento e construção da sua imagem como um dos principais partidos do país, embaixo do enfrentamento da ditadura. Eu não vou reinventar a roda, basta olhar a história do PT e fazer o que eles fizeram quando no enfrentamento da ditadura; e não recuar como o governo está recuando”, complementa.

A vitória de Lula em 2022, importante inclusive como freio ao projeto anticivilizatório do ex-governo, foi um alento para parcela importante da população, mas até agora não implicou em grandes avanços. Ricci avalia o caso da seguinte maneira. “Do ponto de vista pragmático, o Lula ganhou a eleição, mas não teve uma vitória política. Ele saiu, de certa maneira, menor politicamente do que ele tinha entrado na eleição. Porque, rapidamente, todos os atores políticos no Brasil perceberam que ele está temendo profundamente a capacidade ofensiva do bolsonarismo”, afirma.

Nem de esquerda, nem de direita, para o entrevistado o atual governo opera com três blocos, com nomes de ministros em ambos espectros, mas quem manda mesmo, cujas decisões finais são tomadas, é o bloco do poder. “O núcleo duro do governo é liberal, de centro. A esquerda tem algumas sinalizações, mas não tem poder. Então, se o Haddad cortar dinheiro, não tem orçamento participativo, que ele anunciou como uma prioridade. Se o Haddad e a Simone Tebet cortam dinheiro, terá dinheiro para o agronegócio, que coloca agrotóxico e não tem a agenda da transição ambiental; esse é o governo”, sublinha.

A entrevista foi publicada originalmente pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, 12-04-2024.

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A Foto

A foto é de quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, no dia primeiro de janeiro do ano de dois mil e vinte e três, e recebeu a faixa presidencial de cidadãos que representam a diversidade do povo brasileiro.

Entre eles estava o cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, líder do povo Kayapó, o menino Francisco Carlos do Nascimento e Silva, o professor Murilo de Quadros Jesus, a vigília Jucimara Fausto dos Santos, o influenciador da inclusão Ivan Vitor Dantas Pereira, o metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues Rocha e a catadora Aline Sousa, a primeira-dama Janja Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e sua esposa, Lu Alckmin.

Também subiu a rampa, cadela vira-lata Resistência. Ela morava no acampamento de militantes do Partidos dos Trabalhadores em frente à Polícia Federal, em Curitiba, e foi adotada por Janja quando o presidente estava preso na cidade, em 2018.

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