28 junho, 2024

#Sinodalidade!

Para refletir:

Sinodalidade para viver em comunhão com o Criador e a criação, no espírito de partilha e diálogo, fraternidade e comunidade, onde não há quem saiba mais ou que saiba menos, porque com a escuta e a partilha uns aprende com as e os outros.


27 junho, 2024

A herança colonial e escravocrata constitui o racismo no Brasil. Entrevista especial com Berenice Bento

Para a pesquisadora, “a questão racial e negra é estrutural e estruturante do Brasil. O que somos passa por aí e não poderia ser diferente, pois não estamos falando de uma experiência histórica que durou 40 anos, mas de uma experiência que durou quase 400 anos”.

Entrevista publicada pelo IHU em 27 de julho de 2024

clique aqui e confira a entrevista


Foto: Canal Apaixonados por História

#Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2024

#Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2024

O tema da mensagem é " Espera e age com a criação"

Publicada em 27 de junho de 2024

Celebramos no dia 1º de setembro, o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. É um convite para refletirmos nossa responsabilidade a toda criação de Deus que a nós confiou. É preciso deixarmo-nos seduzir e a contemplar a beleza e a complexidade do mundo e responsabilizar-nos. “o tempo da criação” vai até o dia 4 de outubro, Dia de São Francisco de Assis. É um tempo ecumênico.

Segue a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2024






Espera e age com a criação

Queridos irmãos e irmãs!

“Espera e age com a criação”: é este o tema do Dia de Oração pelo Cuidado da Criação, que se realizará no próximo 1 de setembro. Refere-se à Carta de São Paulo aos Romanos 8, 19-25. O Apóstolo, ao esclarecer o significado de viver segundo o Espírito, concentra-se na esperança firme da salvação pela fé, que é vida nova em Cristo.


1. Comecemos, pois, por uma pergunta simples, mas que poderia não ter uma resposta óbvia: quando realmente acreditamos, como é que temos fé? Não é tanto porque “acreditamos” em algo transcendente e incompreensível para a nossa razão, ou seja, o mistério inacessível de um Deus distante e longínquo, invisível e inominável. Antes, é porque o Espírito Santo habita em nós, como diria São Paulo. Sim, somos cristãos porque o próprio Amor de Deus foi «derramado nos nossos corações» (Rm 5, 5). Por isso, o Espírito é agora, verdadeiramente, a «garantia da nossa herança» (Ef 1, 14), como uma “pro-vocação” a vivermos sempre inclinados para os bens eternos, segundo a plenitude da humanidade bela e boa de Jesus. O Espírito torna os fiéis criativos, proativos na caridade. Coloca-os num grande caminho de liberdade espiritual, não isento da luta entre a lógica do mundo e a do Espírito, que têm frutos opostos entre si (Gl 5, 16-17). Como sabemos, o primeiro fruto do Espírito, síntese de todos os outros, é o amor. Assim, guiados pelo Espírito Santo, os que acreditam são filhos de Deus e podem dirigir-se a Ele tal como Jesus, chamando-lhe «Abbá, ó Pai» (Rm 8, 15), na liberdade de quem já não recai no medo da morte, porque Jesus ressuscitou dos mortos. Eis a grande esperança: o amor de Deus venceu, vence sempre e vencerá de novo. Apesar da morte física, o destino de glória já está garantido para o homem novo que vive no Espírito. Esta esperança não desilude, como também nos recorda a Bula de proclamação do próximo Jubileu[1].


2. A existência do cristão é vida de fé, laboriosa na caridade e transbordante de esperança, enquanto aguarda o regresso do Senhor na sua glória. E a “demora” da parusia, da sua segunda vinda, não causa qualquer problema. A questão é outra: «quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?» (Lc 18, 8). Sim, a fé é um dom, fruto da presença do Espírito em nós, mas é também uma tarefa, a realizar em liberdade, na obediência ao mandamento do amor de Jesus. Eis, aqui, a feliz esperança que deve ser testemunhada! Onde? Quando? Como? No interior dos dramas da carne humana que sofre. E se alguém sonha, então que sonhe com os olhos abertos, animados por visões de amor, fraternidade, amizade e justiça para todos. A salvação cristã entra no âmago da dor do mundo, que não atinge apenas o ser humano, mas todo o universo, a própria natureza, o oikos do homem, o seu ambiente vital; ela abarca a criação como “paraíso terrestre”, a mãe terra, que deveria ser lugar de alegria e promessa de felicidade para todos. O otimismo cristão baseia-se numa esperança viva: sabe que tudo tende para a glória de Deus, para a consumação final na sua paz, para a ressurreição corporal na justiça, “de glória em glória”. Contudo, no tempo que passa, partilhamos dores e sofrimentos: toda a criação geme (cf. Rm 8, 19-22), os cristãos gemem (cf. vv. 23-25) e o próprio Espírito geme (cf. vv. 26-27). Gemer manifesta inquietação e sofrimento, juntamente com anelo e desejo. O gemido exprime confiança em Deus e abandono à sua companhia amorosa e exigente, tendo em vista a realização do seu desígnio, que é alegria, amor e paz no Espírito Santo.


3. Toda a criação está implicada neste processo de um novo nascimento e, gemendo, espera a libertação: trata-se de um crescimento escondido que amadurece, como “um grão de mostarda que se transforma numa grande árvore” ou “o fermento na massa” (cf. Mt 13, 31-33). Os inícios são minúsculos, mas os resultados esperados podem ser de uma beleza infinita. Enquanto expectativa de um nascimento (a revelação dos filhos de Deus), a esperança é a possibilidade de permanecer firme no meio das adversidades, de não desanimar nos momentos de tribulação ou diante da barbárie humana. A esperança cristã não desilude, mas também não ilude: se o gemido da criação, dos cristãos e do Espírito é antecipação e expectativa da salvação já em ato, São Paulo descreve os numerosos sofrimentos em que estamos imersos como «tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada» (cf. Rm 8, 35). Assim, a esperança é uma leitura alternativa da história e dos acontecimentos humanos: não ilusória, mas realista, do realismo da fé que vê o invisível. Esta esperança é uma espera paciente, como a não visão de Abraão. Gosto de recordar aquele grande crente visionário que foi Joaquim de Fiore, o abade calabrês “dotado de espírito profético” [2], segundo Dante Alighieri: numa época de lutas sangrentas, conflitos entre o Papado e o Império, Cruzadas, heresias e mundanização da Igreja, ele soube apontar o ideal de um novo espírito de convivência entre os homens, marcado pela fraternidade universal e pela paz cristã, fruto do Evangelho vivido. Foi este espírito de amizade social e de fraternidade universal que propus na Fratelli tutti. E esta harmonia entre os homens deve estender-se também à criação, a partir de um “antropocentrismo situado” (cf. Laudate Deum, 67), na responsabilidade por uma ecologia humana e integral, caminho de salvação da nossa casa comum e dos que nela vivemos.


4. Por que há tanto mal no mundo? Porquê tanta injustiça, tantas guerras fratricidas que provocam a morte de crianças, destroem cidades, poluem o ambiente em que vive o homem, a mãe terra, violada e devastada? Referindo-se implicitamente ao pecado de Adão, São Paulo diz: «Bem sabemos como toda a criação geme e sofre as dores de parto até ao presente» (Rm 8, 22). A luta moral dos cristãos está ligada ao “gemido” da criação, porque ela «foi sujeita à destruição» (v. 20). Todo o cosmos e cada criatura gemem e anseiam “impacientemente”, para que a condição atual possa ser superada e a original restabelecida: efetivamente, a libertação do homem implica também a das outras criaturas que, solidárias com a condição humana, foram colocadas sob o jugo da escravidão. Tal como a humanidade, a criação – sem culpa sua – é escrava e vê-se incapaz de fazer aquilo para que foi concebida, isto é, ter um significado e um propósito duradouros; está sujeita à dissolução e à morte, agravadas pelos abusos humanos sobre a natureza. Mas, em sentido contrário, a salvação do homem em Cristo é esperança segura inclusive para a criação: com efeito, «também ela será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus» (Rm 8, 21). Portanto, na redenção de Cristo, é possível contemplar na esperança o vínculo de solidariedade entre o ser humano e todas as outras criaturas.


5. Na esperançosa e perseverante espera do regresso glorioso de Jesus, o Espírito Santo mantém vigilante a comunidade dos fiéis e instrui-a continuamente, chamando-a à conversão dos estilos de vida, a resistir à degradação humana do meio ambiente e a manifestar aquela crítica social que é, em primeiro lugar, testemunho da possibilidade de mudança. Esta conversão consiste em passar da arrogância de quem quer dominar os outros e a natureza – reduzida a um mero objeto manipulável – à humildade de quem cuida dos outros e da criação. «Um ser humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo» (Laudate Deum, 73), porque o pecado de Adão destruiu as relações fundamentais da vida do homem: a relação com Deus, consigo mesmo, com os outros seres humanos, e a relação com o cosmos. Todas estas relações devem ser, sinergicamente, restauradas, salvas, “corrigidas”. Não pode faltar nenhuma. Se faltar uma, falha tudo.


6. Esperar e agir com a criação significa, antes de mais, unir forças e, caminhando juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade, ajudar a «repensar a questão do poder humano, do seu significado e dos seus limites. Com efeito, o nosso poder aumentou freneticamente em poucas décadas. Realizamos progressos tecnológicos impressionantes e surpreendentes, sem nos darmos conta, ao mesmo tempo, que nos tornámos altamente perigosos, capazes de pôr em perigo a vida de muitos seres e a nossa própria sobrevivência» (Laudate Deum, 28). Um poder descontrolado gera monstros e volta-se contra nós mesmos. Por isso, hoje, é urgente colocar limites éticos ao desenvolvimento da inteligência artificial, que com a sua capacidade de cálculo e de simulação poderia ser utilizada para dominar o homem e a natureza, em vez de estar ao serviço da paz e do desenvolvimento integral (cf. Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2024).


7. «O Espírito Santo acompanha-nos na vida»: assim o compreenderam as crianças reunidas na Praça de São Pedro para a sua primeira Jornada Mundial, que coincidiu com o Domingo da Santíssima Trindade. Deus não é uma ideia abstrata de infinito, mas é Pai amoroso, Filho amigo e redentor de todo o homem, e Espírito Santo que guia os nossos passos no caminho da caridade. A obediência ao Espírito de amor muda radicalmente a atitude do homem: passa de “predador” a “cultivador” do jardim. A terra está confiada ao homem, mas continua a ser de Deus (cf. Lv 25, 23). Este é o antropocentrismo teológico da tradição judaico-cristã. Por isso, pretender possuir e dominar a natureza, manipulando-a a seu bel-prazer, é uma forma de idolatria. É o homem prometeico, embriagado com o seu próprio poder tecnocrático, que com arrogância coloca a terra numa condição de “des-graça”, isto é, privada da graça de Deus. Ora, se a graça de Deus é Jesus, morto e ressuscitado, então é verdade o que Bento XVI disse: «Não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor» (Carta Encíclica Spe Salvi, 26), o amor de Deus em Cristo, do qual nada nem ninguém nos pode separar (cf. Rm 8, 38-39). Continuamente atraída pelo seu futuro, a criação não é estática nem está fechada em si mesma. Hoje, graças também às descobertas da física contemporânea, a ligação entre matéria e espírito é cada vez mais fascinante para o nosso conhecimento.


8. Por conseguinte, a salvaguarda da criação não é apenas uma questão ética, mas é eminentemente teológica: na realidade, diz respeito ao entrelaçamento entre o mistério do homem e o mistério de Deus. Este entrelaçamento pode dizer-se que é “generativo”, na medida em que remete para o ato de amor com que Deus cria o ser humano em Cristo. Este ato criador de Deus confere e funda o livre agir do homem e toda a sua dimensão ética: livre precisamente por ter sido criado na imagem de Deus que é Jesus Cristo; e, por isso, “representante” da criação no próprio Cristo. Há uma motivação transcendente (teológico-ética) que compromete o cristão a promover a justiça e a paz no mundo, também através do destino universal dos bens: é a revelação dos filhos de Deus que a criação espera, gemendo como se estivesse com as dores do parto. Nesta história, não está em jogo apenas a vida terrena do homem, está sobretudo em jogo o seu destino na eternidade, o eschaton da nossa bem-aventurança, o Paraíso da nossa paz, em Cristo Senhor do cosmos, o Crucificado-Ressuscitado por amor.


9. Esperar e agir com a criação significa, então, viver uma fé encarnada, que sabe entrar na carne sofredora e esperançosa das pessoas, partilhando a expectativa da ressurreição corporal a que os fiéis estão predestinados em Cristo Senhor. Em Jesus, o Filho eterno na carne humana, somos verdadeiramente filhos do Pai. Pela fé e pelo batismo, começa para o cristão a vida segundo o Espírito (cf. Rm 8, 2), uma vida santa, uma existência como filhos do Pai, à semelhança de Jesus (cf. Rm 8, 14-17), visto que, pela força do Espírito Santo, Cristo vive em nós (cf. Gl 2, 20). Uma vida que se torna um cântico de amor para Deus, para a humanidade, com e para a criação, e que encontra a sua plenitude na santidade[3].


Roma, São João de Latrão, 27 de junho de 2024.


FRANCISCO

________________________

[1] Spes non confundit, Bula de proclamação do Jubileu Ordinário do ano 2025 (9/V/2024).
[2] Divina Comédia, Paraíso, XII, 141.
[3] O padre rosminiano Clemente Rebora exprimiu-o poeticamente: «Enquanto a criação sobe em Cristo ao Pai, / no destino arcano / tudo são dores de parto: / quanto morrer para que a vida nasça! / Mas de uma só Mãe, que é divina, / felizmente se vem à luz: / vida que o amor produz em lágrimas, / e, se anela, aqui em baixo é poesia; / mas só a santidade realiza o canto» (Curriculum vitae, “Poesia e santità”: Poesie, prose e traduzioni, Milano 2015, p. 297).
[01097-PO.01] [Texto original: Italiano]

17 junho, 2024

É preciso sempre um posicionamento pastoral iluminado pelo Evangelho de Jesus Cristo. A reforma agrária é uma obrigação política e moral.




Bolsonarista monta ofensiva contra bispo católico que defendeu reforma agrária

Fonte: IHU

Presidente da Comissão de Agricultura aprovou moção de repúdio contra o Vice-Presidente da CNBB, Dom João Justino.

A reportagem é de Augusto Tenório, publicada por O Estado de S. Paulo, 16-06-2024.


O presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Evair Vieira de Melo (PP-ES), deu início a uma ofensiva contra o vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Justino. O religioso fez um discurso a favor da reforma agrária durante missa no Santuário de Anchieta, no Espírito Santo. Por coincidência, Evair, que é vice-líder da oposição e expoente da bancada do agronegócio, estava no local.

Irritado, o deputado protocolou uma moção de repúdio ao bispo, já aprovada na Comissão de Agricultura. “Dom João Justino, ao expressar visões políticas sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas durante uma celebração dedicada a São José de Anchieta, não só foi inoportuno, mas transgrediu a sacralidade do evento e desrespeitou a expectativa de devoção dos participantes”, diz o texto.


14 junho, 2024

“Esperanza” de Alexis Valdés, o Poema que comoveu o Papa Francisco!

ESPERANÇA


Quando a chuva passar e se acalmarem os caminhos,
Seremos sobreviventes de um naufrágio coletivo.
Com o coração choroso e o destino abençoado
Nos sentiremos sortudos apenas por estarmos vivos.

E daremos um abraço no primeiro desconhecido
E louvaremos a sorte de conservar um amigo.
E então nos lembraremos de tudo aquilo que perdemos
De uma vez aprenderemos tudo o que não aprendemos.

E não teremos inveja, pois todos terão sofrido.
E não teremos apatia, seremos mais compreensivos.
Valerá mais o que é de todos, o que jamais conseguiram.
Seremos mais generosos, e muito mais comprometidos.

Entenderemos o quanto significa estarmos vivos.
Sentiremos empatia por quem está e por quem já se foi
Admiraremos o velho que pedia dinheiro no mercado,
Que não sabíamos o nome e que sempre esteve ao seu lado,
E talvez o velho pobre fosse o seu Deus disfarçado.
Nunca perguntou o nome dele,
porque estava com pressa.

E tudo será um milagre, tudo será um legado.
E se respeitará a vida, a vida que nos foi dada.
Quando a chuva passar, te peço
Deus, arrependido,
Que nos devolva coisas melhores, como tinha sonhado para nós.

Esperanza un poema de Alexis Valdés en su propia voz.

07 junho, 2024

Secretário-geral da ONU defende proibição de propaganda de combustíveis fósseis

Publicada por ClimaInfo, 07-06-2024.

Para António Guterres, as empresas de combustíveis fósseis são “padrinhos do caos climático” e não podem mais fazer publicidade às custas da destruição do clima.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez uma sugestão interessante: barrar a publicidade de empresas de combustíveis fósseis, como foi feito por vários governos com outras indústrias nocivas, como as do tabaco e das bebidas alcoólicas. Para ele, essas empresas são os “padrinhos do caos climático” e não deveriam mais se beneficiar com a divulgação publicitária de seus produtos.

“Muitos governos restringem ou proíbem a publicidade de produtos que prejudicam a saúde humana, como o tabaco. Alguns estão fazendo o mesmo agora com os combustíveis fósseis. Peço a todos os países que proíbam a publicidade dessas empresas, e apelo aos meios de comunicação social e às empresas tecnológicas que parem de aceitar publicidade de combustíveis fósseis”, disse Guterres em discurso em Nova York na última 4ª feira (5/6).

Guterres também destacou os dados recentes da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que colocaram maio de 2024 como o 12º mês consecutivo com recordes históricos de temperatura média global. Segundo a OMM, há 80% de chance de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o primeiro ano em que a temperatura média global temporariamente exceda 1,5oC acima dos níveis pré-industriais.

Mesmo com esse quadro desafiador, Guterres defendeu que a meta de se limitar o aquecimento global em 1,5oC neste século ainda é “praticamente possível”, mas que é necessário um esforço muito maior por parte dos países para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, para que se aumente o financiamento climático aos países mais pobres, e para que a indústria fóssil deixe de receber benefícios e facilidades governamentais.

“O custo de todo esse caos está atingindo as pessoas onde dói: desde as cadeias de abastecimento interrompidas, aumento de preços, aumento da insegurança alimentar e casas e empresas não seguráveis. Essa conta continuará crescendo. (…) Enquanto isso, os padrinhos do caos climático – a indústria de combustíveis fósseis – obtêm lucros recordes e festejam trilhões em subsídios financiados pelos contribuintes”, afirmou o chefe da ONU.

“O secretário-geral reconheceu uma verdade simples: a indústria dos combustíveis fósseis é a principal culpada pela escalada da crise climática”, observou David Tong, gerente de campanha da Oil Change International. “Apesar da necessidade urgente de se reduzir as emissões, a indústria continua a obter enormes lucros enquanto o nosso planeta arde”.

A fala de Guterres foi destacada em diversos veículos, com matérias em AFP, BBC, Bloomberg, Climate Home, Guardian, Independent, Reuters e Valor, entre outros.

06 junho, 2024

Seminário das CEBs Província Eclesiástica de Maringá


“Deus caminha com o seu povo” - tema da mensagem do Papa para o 110º Dia Mundial do Migrante

“Deus caminha com o seu povo” 
Tema da mensagem do Papa para o 110º Dia Mundial do Migrante

A mensagem do Papa Francisco para o 110º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, foi divulgada, na seguda-feira, três de junho, será celebrado em 29 de setembro sobre o tema “Deus caminha com o seu povo”.


Leia na íntegra


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 110º DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO 2024
(Domingo, 29 de setembro de 2024)

Deus caminha com o seu povo

Queridos irmãos e irmãs!

No dia 29 de outubro de 2023, terminou a primeira Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que nos permitiu aprofundar a sinodalidade vista como vocação originária da Igreja. «A sinodalidade apresenta-se sobretudo como caminho conjunto do Povo de Deus e como diálogo fecundo de carismas e ministérios ao serviço do advento do Reino» (Relação de Síntese, Introdução).

A ênfase posta na sua dimensão sinodal permite à Igreja descobrir a sua natureza itinerante de povo de Deus em caminho na história, peregrinante – poderíamos dizer «migrante» – rumo ao Reino dos Céus (cf. Lumen gentium, 49). Espontaneamente vem-nos ao pensamento a narração bíblica do êxodo, que apresenta o povo de Israel a caminho da Terra Prometida: uma longa viagem da escravidão para a liberdade, que prefigura a da Igreja rumo ao encontro final com o Senhor.

Da mesma forma, é possível ver nos migrantes do nosso tempo, como aliás nos de todas as épocas, uma imagem viva do povo de Deus em caminho rumo à Pátria eterna. As suas viagens de esperança lembram-nos que «a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde certamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo» (Flp 3, 20).

As duas imagens – a do êxodo bíblico e a dos migrantes – apresentam diversas analogias. Como o povo de Israel no tempo de Moisés, frequentemente os migrantes fogem de situações de opressão e abuso, de insegurança e discriminação, de falta de perspetivas de progresso. Como os hebreus no deserto, os migrantes encontram muitos obstáculos no seu caminho: são provados pela sede e a fome; ficam exaustos pelo cansaço e as doenças; sentem-se tentados pelo desespero.

Mas a realidade fundamental do êxodo, de qualquer êxodo, é que Deus precede e acompanha o caminho do seu povo, dos seus filhos de todo o tempo e lugar. A presença de Deus no meio do povo é uma certeza da história da salvação: «o Senhor, teu Deus, vai contigo; não te deixará sucumbir nem te abandonará» (Dt 31, 6). Para o povo saído do Egito, tal presença manifesta-se de diversas formas: uma coluna de nuvem e de fogo indica e ilumina o caminho (Ex 13, 21); a tenda da reunião, que guarda a arca da aliança, torna palpável a proximidade de Deus (Ex 33, 7); a haste com a serpente de bronze assegura a proteção divina (Nm 21, 8-9); o maná e a água (Ex 16 – 17) são os dons de Deus para o povo faminto e sedento. A tenda é uma forma de presença particularmente querida ao Senhor. Durante o reinado de David, Deus recusa-Se a ser encerrado num templo preferindo continuar a viver numa tenda e poder assim caminhar com o seu povo «de tenda em tenda, de morada em morada» (1 Cr 17, 5).

Muitos migrantes fazem experiência de Deus companheiro de viagem, guia e âncora de salvação. Confiam-se-Lhe antes de partir, e recorrem a Ele em situações de necessidade. N’Ele procuram consolação nos momentos de desânimo. Graças a Ele, há bons samaritanos ao longo da estrada. Na oração, confiam a Ele as suas esperanças. Quantas bíblias, evangelhos, livros de orações e terços acompanham os migrantes nas suas viagens através dos desertos, rios e mares e das fronteiras de cada continente!

Deus caminha não só com o seu povo, mas também no seu povo, enquanto Se identifica com os homens e as mulheres que caminham na história – particularmente com os últimos, os pobres, os marginalizados –, prolongando de certo modo o mistério da Encarnação.

Por isso o encontro com o migrante, bem como com cada irmão e irmã que passa necessidade, «é também encontro com Cristo. Disse-o Ele próprio. É Ele –faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente, preso – que bate à nossa porta, pedindo para ser acolhido e assistido» (Homilia na Missa com os participantes no Encontro «Libertos do medo», Sacrofano, 15/II/2019). O Juízo Final narrado por Mateus, no capítulo 25 do seu evangelho, não deixa dúvidas: «era peregrino e recolhestes-Me» (25, 35); e, ainda, «em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (25, 40). Então cada encontro ao longo do caminho constitui uma oportunidade para encontrar o Senhor, revelando-se uma ocasião rica de salvação, porque na irmã ou irmão necessitado da nossa ajuda está presente Jesus. Neste sentido, os pobres salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto do Senhor (cf. Mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres, 17/XI/2019).

Queridos irmãos e irmãs, neste Dia dedicado aos migrantes e refugiados, unamo-nos em oração por todos aqueles que tiveram de abandonar a sua terra à procura de condições de vida dignas. Sintamo-nos em caminho juntamente com eles, façamos «sínodo» juntos e confiemo-los todos, bem como a próxima Assembleia Sinodal, «à intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, sinal de segura esperança e de consolação no caminho do Povo fiel de Deus» (Relação de Síntese «Para continuar o caminho»).

Oração

Deus, Pai omnipotente,
somos a vossa Igreja peregrina
a caminho do Reino dos Céus.
Habitamos, cada qual, na própria pátria
mas como se fôssemos estrangeiros.
Cada região estrangeira é a nossa pátria
e contudo cada pátria é, para nós, terra estrangeira.
Vivemos na terra,
mas temos a nossa cidadania no Céu.
Não nos deixeis tornar patrões
da porção do mundo
que nos destes como habitação temporária.
Ajudai-nos a não cessar jamais de caminhar,
juntamente com os nossos irmãos e irmãs migrantes,
rumo à habitação eterna que Vós nos preparastes.
Abri os nossos olhos e o nosso coração
para que cada encontro com quem está necessitado,
se torne um encontro com Jesus, vosso Filho e nosso Senhor.
Amen.

Roma, São João de Latrão, na Memória da Bem-Aventurada Virgem Maria Auxiliadora, 24 de maio de 2024.

FRANCISCO

04 junho, 2024

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