05 março, 2013

Semana da Mulher, violência e Flor Duarte

Por: Margot Jung

Uma vida sem violência é um direito das mulheres. É um direito de TODAS as pessoas!
Esta semana, no dia 08 de março, como sempre e há mais de 100 anos, comemora-se o Dia Internacional da Mulher.
Infelizmente, abrimos a semana com uma servidora da UEM sendo vítima de violência pelo ex-companheiro. Ela tomou um tiro e hoje faleceu!
Lágrimas me vêem aos olhos ao pensar nos filhos que ficarão sem a mãe.
Ao pensar que um grandessíssimo safado, não aceitando a condição de “ex”, pôs cabo à vida de mais uma vítima do machismo.
E nossa digníssima Secretária da Mulher de Maringá, Flor Duarte, vai ao jornal dizer que tem muitos projetos para as mulheres de nossa cidade. A Secretaria oferecerá cursos de corte e costura, bordado, crochê, tricô e outras coisinhas mais.
Nas mãos de quem nós mulheres estamos entregues? O que tem na cabeça essa secretária? Quando o nome dela foi anunciado na secretaria, eu falei que essa nomeação se explicava apenas pelo fato de ela ser mulher, pois nunca militou em movimentos de mulheres. A constatação veio antes do se esperava.
Considero muito válido aprendermos artes manuais. Eu mesma sou uma praticante fervorosa do crochê.
Mas nós mulheres precisamos de muito mais. Precisamos ir além dos cursos que nos tornam donas de casa exemplares, destinadas ao forno e fogão!
Precisamos de políticas públicas que nos contemplem! Precisamos de salários iguais aos dos homens em trabalhos iguais. Precisamos da descriminalização do aborto para que mulheres deixem de morrer todos os dias ao fazerem abortos clandestinos. Precisamos de licença maternidade de seis meses para todas as trabalhadoras, independente de incentivos fiscais. Precisamos de direitos iguais.
E, acima de tudo, precisamos que acabe a violência contra a mulher!
Precisamos que os homens entendam que somos donas e senhoras de nossos corpos e que se não queremos mais compartilhá-lo, temos esse direito.
Não queremos ver mulheres morrerem, serem estupradas, seviciadas por seus companheiros ou ex-companheiros. Aliás, aquele que agride não pode ser considerado companheiro...
Não queremos mais viver num mundo no qual meninas são abusadas sexualmente e familiares se calam, com medo ou por descrédito nas leis que deveriam punir exemplarmente os bandidos.
Precisamos urgentemente de um código penal que realmente puna esses homens. Precisamos que a Lei Maria da Penha seja de fato aplicada no Brasil e que nossa política e nosso governo ofereçam proteção efetiva para as mulheres e as meninas que vivem em situação de risco!
Não podemos mais viver essa barbárie em pleno século XXI!
Mas essa possibilidade se torna cada vez mais longínqua, enquanto tivermos, no poder, mulheres que pensam como a dona Flor!
Diana Ferreira Tenório não pode virar mais um número na triste estatística da violência contra a mulher!

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