Segue um pequeno texto que
escrevi
O mais profético dos proféticos
intereclesiais das CEBs! (Lucimar Moreira Bueno)
Com o tema CEBs e os desafios do
mundo urbano, iluminado pelo lema “Eu vi e ouvi os clamores do meu povo e desci
para libertá-lo” (Ex 3,7), a certeza que o nosso Deus se mostra como libertador;
presente e agindo na história.
Foi lindo vislumbrar a semente
das CEBs com o casal de Emaus, ícone das primeiras comunidades: caminho – casa –
mesa – missão.
O testemunho do apóstolo Paulo,
Saulo que se tornou Paulo no caminho de Damasco, perseguia Jesus e experimentou
o chamado á vocação profética e a vive anunciando a Boa Notícia de Jesus no
mundo da cultura de cidade, grandes cidades, e cidades cheias de problemas,
cheia de pobreza, cheia de pessoas que dominavam sobre as outras.
Para Paulo, se os pequenos vão se
juntando em torno da fé em Jesus Cristo, vão acreditando no amor de nosso Deus
por eles, então nosso Deus vai dando força e o apóstolo acreditou muito nisso.
Segundo a Missionária de Maria,
Tea Frigerio uma das assessoras do intereclesial, Paulo aprendeu a escutar o
clamor que sai das periferias da cidade, aprendeu a formar comunidades: 1)
Conhecer a realidade, se enxertar na cidade; 2) começar fora da porta da cidade,
na periferia, no mundo dos pobres, das mulheres, dos trabalhadores, dos
escravos; 3) Optar para trabalhar: se sustentar, se inserir no mundo dos
trabalhadores manuais; 4) Escutar grito
que sai da margem, dos emarginados, dos que não contam; 5) Anunciar Jesus
Cristo: Cruz e Ressurreição; 6) Animar: sustentar a resistência das
comunidades; 7) Apreender uma nova linguagem: ser um profeta apocalíptico. Os
profetas convidam a entrar na luta. Os apocalípticos animam a permanecer, a
resistir na luta. A apocalíptica é fruto da teimosia da fé dos pobres.
Foi bonita as palavras do
assessor Pe. Manoel de Godoy da Arquidiocese de Belo Horizonte ao dizer que
para produzir algum movimento rumo á transformação de uma situação que
detectamos necessitada de mudanças profundas o ver, ouvir, descer e libertar
precisam andar juntos.
Foi motivador ver as CEBs sendo confirmadas
como sendo a porta da igreja que se abre para acolher o que vem de fora, da
rua, das favelas, das periferias, dos grandes centros, do rural para assim sair
para fora, ir a onde há sofrimento, onde há escravidão, onde a vida esta sendo
descartável para estar juntos aos movimentos, sindicatos, de pessoas e das
organizações que lutam para transformar essa triste realidade, para transformar
a sociedade que descarta e exclui e gera morte.
A certeza que para haver mudança,
para que a justiça, a paz e a integridade da casa comum aconteçam é preciso a conscientização,
a organização popular e a formação, e assim superar a situação de alienação e
descontrole da informação e como os donos da riqueza e do poder reforçam sua
posição é preciso organizar e unir quem partilha o mesmo projeto tendo em vista
ações conjuntas, é preciso dosar as forças.
É preciso retomar o método da Formação na Ação, que implica a reflexão
em grupo sobre a prática do mesmo grupo. É o método ver, julgar e agir ao qual
se acrescentou o celebrar conforme a análise de conjuntura apresentada por
Pedro. A. Ribeiro de Oliveira.
Sobre as acusações às CEBs nesse
intereclesial, quero acreditar que infelizmente por desconhecer a realidade ou
por onda da intolerância absurda que parece estar envolvendo e conduzindo
muitas pessoas. “Espero que aqueles que
acusam as lideranças das CEBs de ideologia também sejam atentos e abertos à autocrítica
com suas próprias ideologias.” (Pe. Genivaldo Ubinge).
Precisamos
experimentar os desafios, experimentar as cidades como lugar de desigualdade;
lugar de opressão; lugar de descarte de pessoas, nas quais as pessoas se tornam
invisível a muitos olhos; lugar de violência nas quais muitas vezes nos
sentimos até ameaçados. Experimentar para conhecer, fazer parte e transformar.
Más também, experimentar as
cidades como espaço de convivência, de aproximação, pela sua diversidade e
pluralidade das idéias. De vida na cidade nos enriquecemos se conseguirmos
vivermos uma cultura de encontros. Assim nós temos idéias e sentimentos bons
sobre a cidade.
Celebrar à alegria de sabermos
que o nosso Deus escuta o nosso clamor, o clamor do povo que sofre opressões, e
Ele desce para estar junto, para caminhar junto. Para mostrar o caminho.
Celebrar a alegria da certeza que podemos marcar nossas cidades e campos com a
presença de nosso Deus, e assim, construir o Reino de Deus.
------------
O 14º Intereclesial das CEBs, aconteceu em Londrina de 23 a 27 de janeiro de 2018, com 3.300 participantes, sendo esses representantes das Comunidades católicas e de outras Igrejas Cristãs, de povos originários e tradicionais de todas as regiões do nosso País, da América Latina e da Europa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário