11 janeiro, 2019

11 de Janeiro Dia Mundial de Controle da Poluição por Agrotóxicos


Agrotóxico: o envenenamento da Casa Comum

Estamos diante de um cenário socioambiental visivelmente degradado e que se encaminha para um colapso planetário. Isso é o que demonstra as diversas informações, resultantes de inúmeras pesquisas produzidas desde a metade do século passado, que apresentam o futuro pouco promissor que tem sido construído pela humanidade. Atualmente, as alterações ambientais são perceptíveis no cotidiano de todos, é notável, por exemplo, as alterações sofridas, nas últimas décadas, no regime de chuvas ou mesmo nas condições climática, além da redução do número e qualidade de fontes de água potável e na perda da biodiversidade local, entre muitas outras. Perante esta realidade, todos os seres humanos são chamados a assumir, com responsabilidade, os danos que suas atitudes e estilo de vida provocaram no refinado equilíbrio ecossistêmico, e a promover as transformações necessárias para reduzir os impactos e a preservar as relações de vida. Neste processo, os cristãos desempenham um papel fundamental, pois o cuidado e proteção com a casa comum é compreendida como uma missão dada ao ser humano por Deus ao criá-lo, onde "O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden, para que o cultivasse e guardasse" (Gn 2,15), portanto "viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa" (LS 217).


Frente a isso, a Arquidiocese de Maringá, através da ARAS/Caritas, lança luz sobre uma questão de grande impacto socioambiental para a região de sua abrangência, trata-se do altíssimo índice de consumo de Agrotóxico e suas consequências para o equilíbrio e saúde das comunidades locais.


O Brasil, desde o ano de 2008, é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, ultrapassando a marca de 1 milhão de toneladas kg/litros por ano. Entre os anos de 2005 e 2015 o mercado mundial de agrotóxicos teve um incremento de 93% no consumo destes produtos, no Brasil este aumento foi de 190%. O estado do Paraná, desde o ano de 2009, é o terceiro estado que mais utiliza agrotóxicos em sua agricultura. A quantidade utilizada no período de 2012 a 2014 representou uma média anual de 12,21Kg/ha, um consumo 34,9% maior que o apresentado para o estado do Rio Grande do Sul neste período. No ano de 2015 o consumo no Paraná foi de 100.572,8 toneladas, e os municípios pertencentes à Arquidiocese de Maringá consumiram um montante de 5.093,4 toneladas destes produtos, o que correspondeu a um aumento de 27,5% em relação ao ano de 2013. Dos cincos municípios do Estado que apresentaram a maior relação entre o número de estabelecimentos que utilizam agrotóxicos e o total de estabelecimentos do município, dois pertencem a nossa Arquidiocese, sendo: Floresta e Itambé. Dos quinze produtos mais consumidos no Paraná, quatro são proibidos na União Europeia (UE); em 2017, o segundo agrotóxico mais consumido foi o Paraquate, proibido desde 2009 na UE pelo altíssimo risco de contaminação, e por provocar morte devido à necrose dos rins e morte das células dos pulmões.


A média nacional per capta do consumo de agrotóxico por ano é de 7,3 litros, para o estado do Paraná esta média é de 8,7 litros. No ano de 2015, assustadoramente, 9 municípios da Arquidiocese tiveram médias superiores a 30 litros de agrotóxico/pessoa/ano, conforme tabela abaixo:



No Estado do Paraná são notificados em média 830 casos por ano de intoxicação por agrotóxico, entretanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) estipula que para cada 1 casonotificado outros 50 são subnotificados. Entre os anos de 2013 e 2017 foram registrados 450 casos de intoxicação por agrotóxico para a Arquidiocese de Maringá, sendo os municípios com maior incidência: Maringá, Marialva, Jandaia do Sul, Sarandi, Mandaguari, Bom Sucesso e Itambé.

Outro fator alarmante corresponde às causas de óbito, as neoplasias (tumores) ocupam a segunda posição dentre as causas de óbito no Paraná e apresentam taxas crescentes desde a década de 1990, onde 224 municípios do Paraná (56%) evidenciam taxas superiores à média do estado. No ano de 2017 as neoplasias foram a maior causa de morte para os municípios de Doutor Camargo e Floresta, e a segunda maior para Jandaia do Sul, Mandaguaçu, Mandaguari, Marialva, Maringá, Marumbi, Paiçandu, Paranacity e Sarandi. Existem pesquisas científicas que comprovam outros efeitos nocivos causados por agrotóxicos, como a carcinogenicidade, toxicidade reprodutiva, neurotoxicidade, efeitos de desregulação endócrina e mutagenicidade. O glifosato, agrotóxico mais consumido pelo Paraná, foi classificado como provável cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde.

Assim, consciente da gravidade desta realidade e dos seus impactos para a vida e o bem estar das populações dos municípios que constituem a Arquidiocese de Maringá, bem como do papel que a igreja, de forma profética, deve desempenhar em prol da defesa da vida e do cuidado e preservação da nossa casa comum, propomos duas ações práticas de imediato, sendo elas:


Contribuir ativamente na coleta de Assinaturas em favor do Manifesto em apoio ao Programa Estadual de Redução de Agrotóxicos e a proibição da pulverização aérea por agrotóxicos no estado do Paraná.

Realizar uma Mesa Redonda sobre a temática do uso de agrotóxico, como forma de divulgar e incentivar a discussão, contribuindo para conscientização das comunidades cristãs e da sociedade civil. O evento acontecerá no dia 26 de setembro de 2018 às 20h (local ???)


Você pode cuidar da casa comum!


Contribua com a coleta de Assinaturas e participe da Mesa Redonda sobre o uso dos Agrotóxicos

Denuncie o uso de agrotóxicos e a pulverização aérea que cause danos às moradias, comunidades, criações, culturas, mananciais e recursos de água - ADAPAR (44) 3245-4448; Ministério Público (44) 3226-0484; IAP (44) 3226-3665.

Não realiza capina química em seu terreno urbano ou propriedade rural.
Consuma e produza produtos orgânicos.

Fonte: ARAS/Caritas

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