07 janeiro, 2020

"Opinião: CEBs, Comunidades Eclesiais de Base missionárias"



Em 2019, percorremos as Regiões Pastorais da Arquidiocese de Maringá, o texto base foi o evangelho de hoje. Veja a síntese:

"Opinião: CEBs, Comunidades Eclesiais de Base missionárias"

Abrir-se a situações novas, assumir novos riscos, insistência com uma boa dose de carinho, ternura e paixão. Isso é lindo. Em vez de medo, saborear o risco, os desafios, o perigo e a ousadia.

Temos a certeza de que a evangelização é uma obra coletiva, as Comunidades Eclesiais de Base, através do Conselho Pastoral, os CPCs devem ser elo de comunhão e animadores do caminho de evangelização, fomentando a arte da denúncia e do anúncio sobre a figura do profeta, assim, o profetismo implica ato de denúncia da realidade dura, opressora, discriminadora e que nega a vida em sua integralidade, bem como no ato do anúncio de uma vida transformada que se da ao conhecer Jesus e com Ele fazer lindas experiências.

Para tanto, uma Comunidade Eclesial de Base toda missionária em saída se faz necessária.

Procuramos juntos trilhar, iluminados pelo evangelho de Marcos 6, 31-44, Atos dos Apóstolos 2, Ezequiel capítulo 37 e as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023, orientações comuns e claras para todas as Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs.

Confirmamos um caminho que já estamos trilhando, procurando responder aos desafios atuais que exigem “uma Igreja missionária toda em saída”, como reafirma o Papa Francisco. Não há ruptura entre a missão de Jesus e a nossa. O ministério de Jesus se prolonga no testemunho de suas seguidoras e dos seus seguidores.

Abrir-se a situações novas, assumir novos riscos, insistência com uma boa dose de carinho, ternura e paixão. Isso é lindo. Em vez de medo, saborear o risco, os desafios, o perigo e a ousadia.

É assim que precisam ser os Conselhos Pastoral das CEBs.  Assumir a frase dita por Jesus aos discípulos: “Vocês é que têm de lhes dar de comer”, estar atento à realidade local, daí vem o protagonismo dos CPCs, da responsabilidade amorosa pelo cuidado das pessoas e o anúncio do Evangelho. Para tanto, a pauta da reunião de um CPC tem que ir além dos itens enviados pelo Conselho Pastoral Paroquial, precisa refletir sua realidade local e lançar as redes.

“A Igreja ‘em saída’ é a comunidade de discípulos missionários que ‘primeireiam’, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor e, por isso, ela sabe ir à frente, tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos.

Vive um desejo inesgotável de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a Sua força difusiva (...) Com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se até a humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo” (Evangelli Gaudium).

As CEBs, a casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária. Sair, ir ao encontro das famílias, para sentir quanto que elas são humanas, sentir sua fragilidade, ser uma porta de esperança “ir ao encontro das famílias, com atenção especial e ternura de quem coloca uma ovelha ferida no colo” (DGAE). Isso é muito profundo.

Para as famílias feridas, elas encontram apoio em Deus na comunidade com outras famílias. Para muitas famílias o amor era vivido pelo dever, dever de dar comida, dar estudo, entre outros. Essas famílias também vieram de famílias sem afeto e ternura. Muitos experimentaram o afeto e a ternura no grupo de jovens, na comunidade, levando-as a viver esse afeto e ternura na família, fortalecendo o laço de dever e ternura antes não vividos. Com a comunidade aprendem a dialogar.

Percebemos que muitas famílias, movidas pelo dever, mesmo sem afeto e carinho mantiveram unidas e superaram, outras não conseguiram e fracassaram, dores e sofrimento.

Muitas famílias não sentem esse amor com Deus, experiência para poder superar as feridas e serem mais fortes e muitas não alcançam essa experiência antes de fracassar e vão vivendo experiências difíceis, duas, três uniões.

Mas nem por isso as famílias deixam de ser parte do Plano de Deus. O amor de Deus pode curar as minhas, as suas e as feridas das famílias.

O Evangelho de Mateus e Lucas relata a genealogia de Jesus, história de geração a geração até chegar a Jesus. Ao resgatar a genealogia de Jesus, percebemos famílias com marcas doloridas, problemas e conflitos, famílias muita humana, com ideal de amor, mas também com situações difíceis e desafiadoras.  E nem por isso Deus desistiu delas, com elas forma o povo de Israel.

Somos chamados, as Comunidades Eclesiais de Base são chamadas a comprometerem-se, porque é a Igreja que mais está perto das famílias. Deus confia as Famílias às CEBs. Hoje é preciso perguntar: CEBs, como estão às famílias?

As CEBs como sendo a Igreja mais perto das famílias precisam continuar sendo o canal de esperança para recuperar as famílias que precisam ser recuperadas, ser o sustento para manter aquelas que estão bem.

Canal de esperança, que acolhe sem julgamento; que se faz próximo para acompanhar, para alcançar discernimento, caminhos e integrar as famílias na comunidade, conforme pede o Papa Francisco na exortação Amoris Laetitia, sobre o amor na família.

Que as CEBs não se intimidam ao ouvir “santo de casa não faz milagre”, “para mudar tem que ser com gente de fora”, porque as pessoas conhecem nossas fraquezas e fragilidades. E a pergunta: Santo de fora faz milagre? Quem transforma a realidade é Deus. Santos amparam com seus exemplos e orações.

Nós também e as CEBs também, apoiamos, nos colocamos à disposição de Deus, nossa fé e nossa vida. Maria foi capaz de ver a água transformar em vinho porque acreditou. As CEBs precisam assumir e estar a serviço das famílias.

Quem esta mais perto é o responsável, mas não só perto, estar aberto para Deus conduzir. O primeiro responsável é quem esta mais perto e consciente da tarefa. As CEBs precisam criar mecanismos, meios para encorajar as pessoas a estarem a serviço da família que mais perto dela geograficamente está e Deus dá os meios e a força. Encorajar as pessoas, não baseado em cobranças, afirmar e motivar que podemos fazer. Deus vai ajudar, vamos conseguir!

As CEBs não podem se fechar diante das novas configurações familiares seja elas homoafetivas ou não. Essas configurações ameaçam a configuração mais de acordo com a fé judaica cristã. Não cabe às CEBs julgar. É preciso postura de abertura, acolhida, acompanhamento e discernimento comunitário, pelo Conselho Pastoral da CEB, o CPC, pelo Conselho Pastoral Paroquial, o CPP e o padre, para integrar, essa deve ser a postura.

As CEBs precisam continuar sendo uma Igreja em saída, que “primeireiam”, que se envolve, que acompanha, que frutifica e festeja (EG 24). Não se intimidar. “Ousemos um pouco mais no tomar iniciativa!”, como nos pede papa Francisco na Evangelii Gaudium.

Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora das CEBs na Arquidiocese de Maringá

O texto encontra-se publicado no site da Arquidiocese de Maringá e CEBs do Brasil




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