23 dezembro, 2025

Feliz Natal!


Celebrar o Natal em um mundo marcado pela ausência de paz e de empatia!

Celebrar o Natal em um mundo marcado pela ausência de paz e de empatia é, ao mesmo tempo, um desafio e um ato profundamente profético.

O Natal não nasceu em tempos tranquilos. Jesus veio ao mundo em meio à violência do Império, à pobreza, ao medo e à exclusão. Não encontrou palácios nem aplausos, mas uma manjedoura, o frio da noite e o coração simples de quem soube acolher. Por isso, celebrar o Natal hoje, em meio às guerras, às injustiças, às tragédias, à indiferença e ao sofrimento de tantos, não é contradição: é fidelidade à sua origem.

Quando falta paz no mundo, o Natal nos recorda que a paz começa pequena, como um menino frágil, e cresce onde há gestos concretos de cuidado. Quando falta empatia, o Natal nos provoca a sair de nós mesmos, a “ir a Belém”, a enxergar o outro, sobretudo o pobre, o ferido, o esquecido, como lugar onde Deus continua a nascer.

Celebrar o Natal não é fugir da realidade dura, nem maquiar a dor com luzes e enfeites. É afirmar, com esperança teimosa, que a violência não tem a última palavra, que o ódio não vence o amor e que a indiferença pode ser quebrada pela proximidade. Cada gesto de partilha, cada escuta sincera, cada atitude de solidariedade é uma forma de fazer o Natal acontecer de novo.

Neste mundo ferido, celebrar o Natal é escolher ser sinal de paz onde há conflito, de empatia onde há indiferença, de vida onde a esperança parece apagada. É acreditar que Deus continua apostando na humanidade — e nos chamando a ser, hoje, a manjedoura onde Ele pode nascer.

Feliz Natal!

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Eu, Lucimar Moreira Bueno

19 dezembro, 2025

Direita raiz, esquerda nutella

Direita raiz, esquerda nutella

Olá, a direita segue a ofensiva no Congresso de olho nas urnas, enquanto o governo negocia.

.A banca sempre vence. A aprovação do PL da Anistia no Senado encerra o ano ilustrando bem o que foi o Congresso em 2025. Com exceção da PEC da Blindagem, o centrão levou tudo o que quis, principalmente emendas. Para aprovar a taxação de bets e fintechs, o governo ressuscitou o pagamento de emendas parlamentares de 2023, que já estavam canceladas, num valor estimado de R$3 bilhões. Mas o episódio também ilustra as dificuldades internas do próprio governo. Jaques Wagner causou um mal estar generalizado ao negociar o PL com os senadores, supostamente por iniciativa própria, sendo repreendido publicamente por Gleisi Hoffmann e, na prática, pelo PT e por Lula. Na melhor das hipóteses, a atitude confirma a crítica interna do próprio PT de que o partido tem o seu “centrãozinho”. E, mais uma vez, se comprovou que não é possível confiar na base governista. O PSB do vice-presidente Geraldo Alckmin deu quatro dos seus cinco votos para a anistia dos golpistas. Há poucos indícios de que o próximo ano possa ser diferente. É verdade que o ano eleitoral pode favorecer o governo, já que até aqui as pesquisas de opinião são francamente favoráveis à reeleição de Lula e esse é um fator poderoso de atração, além da sensação de que a inflação diminuiu. Como já se percebe pelo União Brasil, que derrubou um ministro porque tinha permanecido fiel a Lula, mas definiu o substituto, ficando com o Ministério do mesmo jeito. No mínimo, o Planalto espera neutralidade dos partidos do centrão na disputa eleitoral, em especial do MDB e do PSD. Além disso, o governo, queira ou não, vai ter que continuar convivendo com a fragilidade que é ter um Hugo Motta à frente da Câmara. A incapacidade e a inabilidade do presidente da Câmara tem sido tanto um problema para os governistas, quanto uma oportunidade para o centrão. Mas sem ter o que fazer até que seu mandato termine, o jeito é achar uma coexistência com o playboy trapalhão. O que poderia mudar radicalmente a relação desfavorável com o Congresso é uma ofensiva bem sucedida do STF - e por que não da PF - sobre as emendas. O fato de que as investigações já tenham chegado ao gabinete de Arthur Lira é um bom sinal.

.Hora de aventura. Ninguém gostou da indicação de Flávio Bolsonaro como candidato da oposição, nem o centrão, nem o mercado, nem Silas Malafaia. A bolsa despencou e o dólar subiu. Além da Faria Lima não estar disposta a embarcar de novo nas aventuras da família Bolsonaro, o mercado considera que a candidatura de Flávio facilitaria uma vitória folgada de Lula, considerado por eles o pior dos mundos. Mesmo assim, segundo alguns analistas, Lula teria preferência por uma disputa contra Tarcísio porque isso abriria a corrida eleitoral ao governo de São Paulo e daria maior consistência ideológica às eleições presidenciais, já que Tarcísio é mais identificado como um candidato do mercado e dos bancos. Outros, porém, avaliam que o petista estaria satisfeito em enfrentar um opositor fraco como Flávio. Seja como for, o eleitorado tem sua própria maneira de ver as coisas. A última pesquisa Genial/Quaest indica que a população absorveu rapidamente a candidatura de Flávio Bolsonaro. Apesar de perder por uma diferença de 10% dos votos num hipotético segundo turno contra Lula, ele se sairia melhor do que o governador de São Paulo. Isso só mostra que, mesmo depois da prisão, Bolsonaro continua sendo um elemento simbólico decisivo para 2026, confirmando que o bolsonarismo deve ter mesmo vida longa. Para variar, a direita e o centrão foram incapazes de produzir uma “terceira via” e já começam a desmobilizar a candidatura de Tarcísio, assim como faz o mercado, mais por pragmatismo que por convicção. Mesmo com dúvidas, o PL sente-se confortável em levar adiante a aventura porque ela deve impulsionar as candidaturas do partido à Câmara e ao Senado. Mas o dilema deve adentrar 2026 e tudo dependerá das próximas pesquisas de opinião para saber o ânimo do eleitorado e a capacidade do filho do ex-capitão reduzir sua taxa de rejeição, que chega a 60%. Além disso, se Flávio quiser realmente seguir adiante, terá que conquistar o coração da Faria Lima e, assim como fez seu pai em 2018, encontrar seu próprio Paulo Guedes. Sem chances de vencer Lula e vendo suas oportunidades minguarem fora do bolsonarismo, o centrão já sonha com um milagre ou um outsider, ao estilo Pablo Marçal, que possa bagunçar o cenário eleitoral do ano que vem.

.Ponto Final: nossas recomendações.

.A América Latina diante da ameaça Trump. A nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos coloca o controle do continente como prioridade. Por Jeffrey Sachs, no Outras Palavras.

.Fim da escala 6x1: o que muda e quem ganha se PEC for aprovada no Congresso. A Pública mapeia a proposta legislativa e seus impactos.

.Netflix compra Warner: o que vai mudar no Brasil? Maura Martins analisa os riscos trazidos pelo monopólio no setor audiovisual. Na Escotilha.

.Conexões de milhões. O Intercept revela que a produtora de filme sobre Bolsonaro é financiada com dinheiro público da prefeitura de São Paulo.

.Ken Loach: o cinema como espelho da devastação neoliberal. Ricardo Antunes analisa a obra de um dos maiores cineastas de nosso tempo. Na Terra é Redonda.

.Terceiro Reich and Roll. A Jacobina explora a obsessão das bandas de Rock pela estética nazi, revelada no recente livro do historiador Daniel Rachel.

.As melhores leituras de 2025. Quinze jornalistas da Piauí sugerem os melhores livros do ano.

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Ponto é escrito por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile.

Quem merece ficar preso no Brasil?


O que segue a baixo, é newsletter, recebido em meu e-mail, do "Brasil de Fato (19/12/2025)

Quem merece ficar preso no Brasil?

A questão da Justiça brasileira é curiosa e, com frequência, um pouco confusa. Nos últimos meses, a palavra dosimetria passou a fazer parte do cotidiano da população, mesmo que pessoas sejam presas há décadas. Aparentemente, o tema da redução da pena de alguém condenado por cometer um crime só é interessante dependendo da pessoa.

Este ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso por ter participado — ou até organizado — de uma tentativa de golpe de Estado. Não foi pela ineficiência e deboche enquanto milhares de brasileiros morriam na pandemia de covid-19. Tampouco por sua associação com milícias, rachadinha ou roubo de joias. Foi porque ele produziu provas de que planejava matar o presidente Lula, o vice Alckmin e até ministros do Supremo Tribunal Federal.

O que, para muitos, significa que a justiça finalmente foi feita, para outros, é motivo de escândalo e drama. Tudo para reduzir os 27 anos e três meses que Bolsonaro deve ficar preso. E ele até poderia reduzir este tempo lendo alguns livros específicos, mas não, o meio encontrado por seus aliados é o de um projeto de lei.

Para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, o PL da dosimetria é “uma forma de anistia” e “um convite aos cidadãos brasileiros que queiram fazer um golpe de Estado”. Para ele, “uma redução da pena do Bolsonaro significa dizer que a porta do inferno está aberta” e deixa uma brecha para “outras possibilidades de golpe”, já que futuros golpistas poderiam ficar “no máximo, presos dois, três anos, não mais que isso”.

Já juristas ouvidos pelo Brasil de Fato analisam que essa aprovação pode ter um efeito massivo, beneficiando outros criminosos. Eles apontam que, ao mexer em normas gerais de aplicação e progressão de pena, o texto criou um efeito colateral inesperado: a possível libertação e o benefício de milhares de condenados por crimes comuns.

A população também não concorda: no último domingo (14), milhares foram às ruas de todo o país, unindo-se a políticos e artistas contra os “inimigos do povo”, ou seja, o Congresso Nacional que aprovou o projeto de lei na madrugada do dia 10. Votaram a favor da matéria 291 deputados federais. Contra, 148.

Em seguida, Davi Alcolumbre enviou o PL à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para apreciação, cujo relator foi o senador Espiridião Amim. Na CCJ, o texto também foi aprovado, com 17 votos favoráveis e 7 contrários.

Foi neste momento, inclusive, que o relator incluiu uma emenda proposta pelo senador Sergio Moro que limita o alcance do projeto aos golpistas do 8 de janeiro e retira crimes comuns dessa redução das penas. Ou seja: realmente existe uma agenda nesta pauta, não é um assunto de interesse geral dos brasileiros.

Chegando ao Senado, o texto foi aprovado por 48 a favor a 25 contrários e o próximo passo é a sanção presidencial. O presidente Lula, por sua vez, após evitar o assunto diretamente, finalmente afirmou que vai vetar o PL quando o projeto chegar até ele, e que não houve acordo com o governo para aprovação.

Não houve acordo, mas houve “falha de comunicação”. Essa foi a justificativa para o atrito entre o senador Jaques Wagner (BA) e a cúpula do PT, em uma situação que também envolveu a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Então, mesmo o momento da votação foi, novamente, confuso.

Ainda assim, além da perspectiva de veto do presidente, quatro bancadas partidárias da Câmara ingressaram com mandado de segurança junto ao STF pedindo a suspensão da tramitação do PL da Dosimetria, que contestado diretamente no STF caso seja sancionado.

O cientista político Pedro Arruda acredita que a aprovação por parte do Senado se enquadra em uma “tentativa de demonstração de força do campo conservador no Brasil”, para “enfraquecer e fustigar” o governo Lula, como uma maneira de se preparar para as eleições presidenciais de 2026.

As forças que governam o país se digladiam de forma institucional, e a população só observa. Na verdade, não. A população observa, sim, mas sai às ruas, grita, se expressa, e faz acontecer para impedir o que é considerado abuso, manipulação, injustiça.

Enquanto Brasil de Fato, cabe a nós seguirmos informando essa população sobre os desdobramentos de projetos de lei como o da dosimetria, para que cada um possa formar sua opinião e lutar pelo que realmente importa, que é a pauta do povo. Se você está conosco, apoie o nosso trabalho doando pelo pix: doe@brasildefato.com.br (Centro Popular de Mídias Cpmidias).

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Rafaella Coury
Coordenadora de redes sociais

18 dezembro, 2025

Rio Bonito do Iguaçu-Paraná - A vida pode renascer dos escombros


Esse será o chão da missão!

Por isso é importante, não levemos respostas prontas, mas o Evangelho vivido em gestos simples: presença, escuta, cuidado e esperança.


Rio Bonito do Iguaçu-Paraná - A vida pode renascer dos escombros

Passados pouco mais de um mês da destruição causada pelo tornado, o sentimento que habita Rio Bonito do Iguaçu é profundo e contraditório. É um misto de dor, medo, cansaço, mas também de solidariedade, fé e resistência.

A dor ainda é muito presente. As imagens das casas destelhadas, dos móveis perdidos, das lavouras destruídas e dos sonhos interrompidos continuam vivas na memória das famílias. Muitos ainda acordam assustados com o barulho do vento mais forte, pois o trauma não se apaga com a reconstrução material. Há um luto silencioso: não apenas pelo que foi perdido, mas pela sensação de segurança que o tornado levou junto.

O medo permanece. Medo de que aconteça de novo, medo das chuvas, medo do futuro. Para muitas famílias, o tornado não foi apenas um fenômeno natural, mas uma experiência que abalou a confiança na vida cotidiana. O céu, antes sinal de esperança para quem vive da terra, passou a ser também motivo de apreensão.

Junto disso, cresce o cansaço emocional. Após a comoção inicial e a ajuda emergencial, vem a fase mais difícil: lidar com a burocracia, com a lentidão da reconstrução, com a escassez de recursos e com a sensação de que a solidariedade externa diminui com o tempo, enquanto os problemas permanecem.

Mas, no meio de tudo isso, floresce algo muito forte: a solidariedade. Vizinhos que ajudam vizinhos, comunidades que se organizam, igrejas, associações e movimentos populares que partilham o pouco que têm. O sofrimento aproximou as pessoas. Onde o vento derrubou paredes, o povo levantou pontes de cuidado e partilha.

A fé também se tornou um abrigo. Muitos encontram força na oração, nas celebrações simples, na Palavra partilhada, na certeza de que Deus caminha com os que sofrem. Não uma fé ingênua, mas uma fé que chora, questiona e, ainda assim, insiste em acreditar que a vida pode renascer dos escombros.

Por fim, há a resistência e a esperança teimosa. Um mês depois, Rio Bonito do Iguaçu não é mais o mesmo — mas seu povo também não é. Há feridas abertas, sim, porém há também uma consciência mais forte de que ninguém se salva sozinho. A reconstrução é lenta, desigual e dolorosa, mas cada telha recolocada, cada roça replantada, cada abraço solidário é um ato de esperança.

O sentimento que permanece é claro: o povo está ferido, mas não derrotado. Entre lágrimas e coragem, Rio Bonito do Iguaçu segue caminhando, reconstruindo não apenas casas, mas a dignidade, a confiança e a vida em comunidade.

Eu, Lucimar Moreira Bueno

Arquidiocese de Maringá - CEBs: Presença Solidária em Rio Bonito do Iguaçu

CEBs: Presença Solidária em Rio Bonito do Iguaçu

A missão revela o rosto de uma Igreja em saída: organizada no amor, enviada com fé, sustentada na solidariedade e comprometida com a vida.

A Arquidiocese de Maringá, por meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), envia 16 missionários a Rio Bonito do Iguaçu. Eles se unirão aos demais missionários do Paraná na ação “Missão Natal da Esperança”, promovida pelas CEBs do Regional Sul 2 da CNBB. O evento realizar-se-á no próximo final de semana, dias 20 e 21 de dezembro, com o tema: "CEBs, fortalecendo a caminhada sinodal no cuidado com a casa comum" e o lema: "Caminhavam juntos, partilhavam o pão e perseveravam nas orações e no Bem Viver" (cf. At 2,42) — uma iniciativa em parceria com a Cáritas da Diocese de Guarapuava.

Nossos representantes vão em nome do Povo de Deus, levando as alegrias, as dores, as lutas e as esperanças de nossas comunidades. Como no tempo dos primeiros cristãos, a comunidade reza, abençoa e confia, sabendo que o Espírito Santo precede os passos daqueles que se colocam em missão. Não levam respostas prontas, mas o Evangelho vivido em gestos simples: presença, escuta, cuidado e esperança.

Que Nossa Senhora da Glória acompanhe nossos representantes e a Missão Natal da Esperança em Rio Bonito do Iguaçu. Sob a intercessão de Nossa Senhora do Rocio e com as bênçãos do Menino Jesus de Nazaré.

Eu, Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora das CEBs na Arquidiocese de Maringá

17 dezembro, 2025

IA não pode ocupar o lugar da participação!

 

IA não pode ocupar o lugar da participação!

Jesus andou com o povo, sentou-se à mesa, escutou as dores, partilhou o pão e chamou cada pessoa pelo nome, não enviou somente os doze, mas setenta e dois discípulas/os conforme o capítulo 10 do Evangelho de Lucas, quase a totalidade dos que o seguiam naquele tempo. Assim, nos ensinou que o conhecimento que liberta nasce da convivência, do serviço partilhado e da solidariedade.

Hoje a Inteligência artificial (IA), com apenas uma palavra, ela transforma essa palavra em texto para diversos objetivos, orações, reflexões, enfim, ela é realidade e deve ser usada como instrumento de apoio ao conhecimento, más não deve ser substituta daquilo que é essencialmente humano, daquilo que é a essencial dos primeiros cristãos, essência presente principalmente nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Ela pode organizar informações, ampliar o acesso ao saber e facilitar processos, mas não pode ocupar o lugar da participação, da partilha e do trabalho humano, que são espaços de encontro, escuta, criatividade e responsabilidade.

A tecnologia pode gerar isolamento, autossuficiência, dependência e até exclusão se deixar-se envolver e ficar no esquecimento que o conhecimento verdadeiro nasce do diálogo, da experiência vivida, do trabalho coletivo e do compromisso com a realidade, especialmente numa perspectiva comunitária e social, como a das CEBs, da educação popular ou da ação pastoral.

As lideranças, agentes de pastorais, cada pessoa precisa com consciência compreender que a IA só faz sentido quando: fortalece a participação, e não a passividade; estimula a partilha, e não o individualismo; valoriza o trabalho humano, e não o descarta; serve à vida e à justiça, e não ao lucro ou ao controle.

O Reino de Deus se constrói com gente, com presença, com mãos que se estendem e corações que partilham. A tecnologia deve estar a serviço do ser humano, e nunca o contrário. Por isso, somos chamados a usar a IA com consciência e responsabilidade, porque é na relação entre as pessoas que a vida acontece.

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Eu, Lucimar Moreira Bueno

16 dezembro, 2025

A Missão é uma só — e é de todo o povo de Deus!


A Missão é uma só — e é de todo o povo de Deus!

A missão nunca é improviso. Ela nasce do discernimento, cresce na organização e se realiza na comunhão. Organizar a missão é sinal de amor e cuidado: com quem vai, com quem fica e com aquelas e aqueles que serão alcançados.

Nas CEBs aprendemos que missão não começa longe, começa na comunidade. Começa quando a gente se reúne, escuta a Palavra, olha a realidade e pergunta: o que Deus espera de nós hoje? Por isso, a missão precisa de organização. Organizar é partilhar tarefas, valorizar os dons de cada pessoa e planejar juntos. Onde há organização comunitária, o povo caminha com mais força.

Quem vai em missão não vai por conta própria, vai em nome do povo de Deus. Vai levando as alegrias, as dores, as lutas e as esperanças da comunidade. Como nos primeiros cristãos, a comunidade reza, abençoa e confia, sabendo que o Espírito Santo precede os passos dos que se colocam em missão. Não levam respostas prontas, mas o Evangelho vivido em gestos simples: presença, escuta, cuidado e esperança. Quem vai descobre que também é evangelizado, pois a missão transforma tanto quem recebe quanto quem anuncia.

Mas missão não é só de quem vai, a missão também é sustentada pela solidariedade dos que ficam. Ficar é resistir, sustentar, cuidar. É manter viva a comunidade, rezar pelos missionários, partilhar o pouco que se tem, acompanhar as famílias, defender a vida ameaçada. Quem fica também fica em missão, sustenta o caminho, porque a missão é do povo de Deus em caminhada, lembrando que a missão é obra de todos, ainda que em tarefas diferentes.

Assim, a missão revela o rosto de uma Igreja em saída: organizada no amor, enviada com fé, sustentada na solidariedade e comprometida com a vida. Todos participam, cada um a seu modo, porque a missão é uma só — e é de todo o povo de Deus.

Eu, Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora das CEBs na Arquidiocese de Maringá

12 dezembro, 2025

Mulheres dependentes de álcool terão assistência especializada no SUS

O presidente Lula sancionou, segunda-feira (8), a lei 15.281/2025, que cria estratégias de assistência multiprofissional e interdisciplinar às mulheres usuárias e dependentes de álcool, em especial às gestantes e às puérperas no Sistema Único de Saúde. A nova norma altera a lei 11.343/2006, também chamada de Lei de Drogas.

Pesquisa apresenta aumento do consumo alcoólico entre mulheres
O tratamento específico se mostra importante porque as mulheres apresentam tendência a maiores riscos de desenvolver problemas de saúde relacionados ao álcool, como doenças hepáticas, câncer, doenças cardiovasculares e danos neurológicos. Além disso, as mulheres enfrentam estigmas e barreiras ao buscar tratamento, como o medo de julgamento social, a falta de serviços especializados na rede de assistência, além da sobrecarga de responsabilidades familiares.

De acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2006-2023, do Ministério da Saúde, o aumento na ingestão de bebidas alcoólicas entre o público feminino passou de 7,7% em 2006 para 15,2% em 2023, com maior impacto entre as mulheres jovens e negras. A pesquisa foi realizada com adultos das 26 capitais dos estados e DF. A frequência de consumo abusivo de bebidas alcoólicas considera a ingestão de quatro ou mais doses, para mulheres, ou de cinco ou mais doses, para homens, em uma mesma ocasião, pelo menos uma vez nos últimos 30 dias.

Segundo a Agência Senado, apenas uma em cada 18 mulheres com diagnóstico de uso de substâncias psicoativas está em tratamento, enquanto que entre os homens a relação é de um a cada sete, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

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Altera a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, para dispor sobre a criação de estratégia de saúde direcionada às mulheres alcoolistas.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º O art. 23 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:

“Art. 23. .........................................................................................................

Parágrafo único. Será criada estratégia específica de assistência multiprofissional e interdisciplinar às mulheres usuárias e dependentes de álcool, em especial às gestantes e às puérperas, em consonância com os princípios da universalidade e da integralidade e com o disposto nos incisos I, II, III, IV, IX e X do caput do art. 22 desta Lei.” (NR)

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 5 de dezembro de 2025; 204º da Independência e 137º da República.

09 dezembro, 2025

Novas regras para obtenção de CNH

A resolução, aprovado por unanimidade na semana passada, simplifica etapas, retira a obrigatoriedade de passar por autoescola para fazer a prova de direção, amplia formas de preparação do candidato e reduz em até 80% o custo total da carteira de motorista. Durante o evento, também foi lançada a nova versão do aplicativo da CNH.

O texto prevê curso teórico gratuito e digital, flexibilização de aulas práticas e abertura para instrutores credenciados pelos departamentos de trânsito (Detrans). A abertura do processo pode ser feita pelo site do Ministério dos Transportes ou pela Carteira Digital de Trânsito (CDT).

Já o aplicativo vai viabilizar a obtenção da CNH sem necessidade de passar por uma autoescola, disponibilizando o material para que os pretendentes a condutor estudem as regras de trânsito. Quem quiser ainda poderá fazer aulas teóricas e práticas em uma autoescola.

Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que 20 milhões de brasileiros dirigem sem habilitação enquanto 30 milhões têm idade para ter a CNH, mas não possuem o documento principalmente por não conseguirem arcar com os custos, que podem chegar a R$ 5 mil.

Veja as principais mudanças:

Abertura do processo

- Poderá ser feita pelo site do Ministério dos Transportes ou pelo aplicativo da Carteira Digital de Trânsito (CDT).
- Aulas teóricas
- O Ministério dos Transportes irá disponibilizar todo o conteúdo teórico online gratuitamente.
- Quem preferir poderá estudar presencialmente em autoescolas ou instituições credenciadas.

Aulas práticas

- A exigência de aulas práticas passará das atuais 20 horas-aula para duas horas.
- O candidato poderá escolher entre: autoescolas tradicionais, instrutores autônomos credenciados pelos Detrans ou preparações personalizadas.
- Será permitido uso de carro próprio para as aulas práticas

Provas

- Mesmo sem a obrigatoriedade das aulas, o condutor ainda é obrigado a fazer as provas teórica e prática para obter a CNH.
- Outras etapas obrigatórias como coleta biométrica e exame médico devem ser feitas presencialmente no Detran.

Instrutores

- Os instrutores autônomos serão autorizados e fiscalizados pelos órgãos estaduais, com critérios padronizados nacionalmente.
- A identificação e o controle serão integrados à Carteira Digital de Trânsito.

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