17 janeiro, 2025

Campanha da Fraternidade 2025

Campanha da Fraternidade 2025
Tema: Fraternidade e Ecologia Integral
Lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).


Síntese do Texto Base
Explicação do Cartz
Oração


Capítulo I
VER/OUVIR

“Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31) Trata da atual crise socioambiental e dos desafios para superá-la; da importância de uma Ecologia Integral; e da necessidade da conversão ecológica.

- Somos chamados a acolher tudo como dom, a reconhecer com gratidão a generosidade de Deus para conosco, a louvar o Criador e cuidar da criação;

- Em nossa realidade brasileira, temos a graça de contar com a fertilidade da terra, a abundância das águas, a diversidade da fauna e da flora e a pluralidade de povos e culturas;

- Vivemos uma crise que envolve tanto a vida social como o meio ambiente. Ela tem raízes históricas. As comunidades tradicionais são as que mais sofrem com essa crise, mas também são as que mais têm a nos ensinar;

- Há que se lembrar que existem importantes acordos internacionais que precisam ser cumpridos. O mesmo acontece com a legislação nacional e com as políticas públicas que podem e devem avançar ainda mais;

- Eventos e mudanças climáticas são uma realidade a ser enfrentada com seriedade. Uma autêntica educação ambiental precisa ser incentivada a fim de fomentar novos hábitos e assegurar o cuidado com a Casa Comum e seus habitantes;

- Entretanto, existem pessoas que insistem em negar a existência dessa crise, dificultando, assim, a sua superação. Devemos acreditar na força transformadora das pequenas ações cotidianas;

- Diante do visível aumento da proliferação de doenças e da exploração que gera escassez de recursos, o modelo econômico-social que valoriza apenas a técnica e o lucro se revela cruel e excludente;

- A Ecologia Integral nos convida a olhar de forma nova para o meio ambiente, para o ser humano e para Deus Criador e a viver relações justas com o outro, conosco mesmos e com Ele;

- Também nesse campo, a Igreja possui uma postura profética. Recorda-nos que o ambiente não é um simples recurso, mas sim a nossa Casa Comum. De modo que não há como separar as questões ambientais, sociais e antropológicas da fé que professamos;

- Por isso, o Papa Francisco nos alerta quanto ao risco de cairmos no pecado ecológico, que são ações ou omissões contra Deus, contra o próximo e contra o meio ambiente. Pecado que fere a vida;

- A CF, vivida nesse tempo quaresmal, nos chama à conversão nesse aspecto. Uma conversão ecológica que leve à mudança do nosso modo de ser, pensar e agir, como pessoas e comunidades de fé;

- Neste Jubileu, somos convidados a nos colocar no caminho de conversão, como "Peregrinos da Esperança", na confiança de que somos capazes de, seguindo a Jesus Cristo, transformar a realidade e reproduzir gestos fraternos e solidários em defesa da Casa Comum.


Capítulo II
ILUMINAR/DISCERNIR: “Este é o sinal da aliança que faço entre mim e toda a carne sobre a terra”(Gn 9,17)


Focaliza a Palavra de Deus como luz para o nosso caminho; a presença e a ação do Espírito de Deus na criação; a conversão integral e ecológica e a Ecologia Integral na Tradição, na Doutrina Social da Igreja e nos Padres da Igreja; e a Ecologia Integral à luz das ciências e da sabedoria dos povos.

- As narrativas da criação, no livro do Gênesis, nos levam a compreender que a bênção e a Aliança não são apenas para o ser humano, mas para toda criatura. Todos os seres criados gozam de uma dignidade inegável por causa de sua origem divina;

- Deus dá ao ser humano uma tarefa especial: "cultivar e guardar" a Terra, para que ela seja sempre um jardim, e tudo o que nela habita. Não se trata de exercer poder sem limites sobre os demais seres, pois não faria sentido destruir o que Deus, repetidamente, avaliou como "bom";

- O Livro Sagrado também nos alerta para os riscos da maldade do ser humano que resultam no pecado. Mas mantém viva a esperança na Aliança que Deus estabeleceu com seu povo;

- Aprendemos da Escritura a existência de políticas opressivas, violentas e contraditórias, que resultam em catástrofes ambientais, como na relação de escravidão do povo hebreu nas mãos do faraó do Egito. Porém, na travessia libertadora pelo deserto, a natureza favorece a sobrevivência do ser humano: a água, o maná, as codornizes obras de Deus Criador;

- No Pentateuco, a partir do Decálogo, encontramos "leis ambientais", recomendações que unem a fé ao cuidado com a fauna e a flora. Um destaque, pode ser dado ao descanso sabático, previsto não apenas para o ser humano, mas também para os animais;

- O ano sabático e o ano jubilar, presentes na Bíblia, preveem o repouso também da terra, para que assim ela continue a ser generosa, o perdão das dívidas e a libertação dos escravos. É um "não" dito à exploração sem limites. O Jubileu de 2025 é uma oportunidade para vivermos essa experiência;

- Em Jesus e em sua forma de anunciar, a Boa-Nova do Reino de Deus traz consigo várias conotações socioambientais. Isso se expressa nas parábolas, com sementes, árvores e seus frutos, como imagem do Reino;

- Os pães ázimos da Última Ceia, frutos da terra e do trabalho humano, expressão ao mesmo tempo do uso moderado dos bens da terra e da opressão e miséria sofrida por aqueles que são escravizados, são tomados por Jesus, consagrados ao Pai e entregues aos seus discípulos. Assim, somos convidados a deixar de lado todo fermento, ou seja, tudo o que é excesso, e abraçar a simplicidade do necessário;

- Ao longo das Escrituras Sagradas, vemos que a ação do Espírito é sopro que dá vida a toda criatura. É Deus que cria, dá a vida e a renova constantemente, recordando-nos de que sua força tudo abraça e transforma;

- A Igreja, a cada Quaresma, reafirma o convite à única conversão ao Evangelho vivo, que é Jesus Cristo. Essa mudança de vida deve se desenvolver em diversos setores da nossa vida pessoal e eclesial, abarcando o cuidado com a Casa Comum em que habitamos;

- Os Padres da Igreja, vivendo as necessidades de seu tempo, tomam a natureza, o cosmos, com seus ciclos e sua organização, como uma referência para o ser humano olhar para si e rever suas relações sociais. Utilizando exemplos das relações entre os seres vivos, eles nos apresentam as lições do equilíbrio e do limite. É o que se pode chamar de função pedagógica do cosmos;

- O Magistério dos Papas, que formam o tesouro que é a Doutrina Social da Igreja, tem nos ensinado muito sobre o tema. Desde Leão XIII, passando por São João XXIII, São Paulo VI, São João Paulo II e Bento XVI, tal Magistério nos chama a atenção para o princípio da destinação universal dos bens da terra, o desenvolvimento dos povos, os perigos da exploração e da crescente ruptura entre sociedade e natureza, princípios da ética ambiental, a urgência de se educar para a responsabilidade ecológica, a interligação entre o zelo pelo ser humano e pela natureza. Tudo isso como expressão de uma ampla tarefa eclesial que decorre da fé;

- No pontificado do Papa Francisco, recebemos a Carta Encíclica Laudato Si', primeiro documento do Magistério da Igreja plenamente dedicado ao tema socioambiental. Seu ponto de partida é a "convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo"(LS, n. 16). Nós e nosso planeta existimos em comunhão;

- O pecado mais perigoso de nosso tempo talvez seja a ruptura que estabelecemos entre humanidade e natureza, como se fôssemos superiores às demais criaturas, com os e, cada uma delas, não tivesse valor intrínseco e não fosse capaz por si mesma de louvar a Deus!;

- Não podemos nos deixar levar pelas falsas promessas do paradigma tecnocrático, pois nem sempre o que parece progresso representa as melhores condições de vida para todos. Por isso, a atuação social e política dos cristãos é essencial;

- As ciências da Terra têm muito a nos ensinar sobre o que está acontecendo ao nosso planeta. Estudos apontam, desde o final dos anos 1980, que nosso planeta vem se aquecendo cada vez mais, como resultado do nosso modo de vida. A Terra passa por uma mudança e os seus efeitos afetam todas as formas de vida de maneira imprevisível;

- A sabedoria ancestral dos povos originários também tem muito a nos ensinar: "Ensinai a [seus filhos] o que ensinamos aos nossos: que a terra é a nossa mãe. (...) tudo está associado. O que fere a terra fere também aos filhos da terra. O homem não tece a teia da vida: é antes um dos seus fios. O que quer que faça a essa teia, faz a si próprio" (Cacique Seattle, Estados Unidos, 1855);

- Não podemos ficar paralisados! E isso nos compromete no seguimento de Jesus de Nazaré, neste tempo quaresmal, a aprofundar o percurso de penitência e conversão integral.


Capítulo III
AGIR/PROPOR: “Para cultivá-lo e guardá-lo” (Gn 2,15)

Apresenta algumas alternativas de superação da crise socioambiental; proposta de ações no âmbito pessoal, comunitário e social; a promoção da CF 2025 e da Ecologia Integral na arte, cultura e mídia; e o convite a participar em eventos e Tempos de Mobilização global.

- O agir é consequência do ver e ouvir a realidade e de processos de discernimento espiritual, debate coletivo, planejamento comunitário e decisões conjuntas que fazem parte de instâncias maiores de participação e transformação social;

- É preciso alimentar um olhar otimista e realista, convicto de que ainda podemos evitar os piores impactos das mudanças climáticas. A Esperança nos move a unir os esforços das ciências ao profetismo da fé, para superar a crise que vivemos;

- Olhando a realidade, vemos que a alternativa mais econômica e eficaz consiste em reduzir em curto prazo as emissões de gases poluentes, fazendo a transição energética e apoiando formas limpas de energia;

- Como Igreja, "perita em humanidade" (PP, n. 13), não podemos deixar de propor que "chegou a hora de aceitar um certo decréscimo do consumo" (LS, n. 193). É preciso redescobrir a dimensão transcendente da vida, a capacidade humana de contemplação;

- É preciso reafirmar a dimensão profunda do repouso considerando formas menos produtivistas de organização do trabalho e do seu tempo, com uma remuneração digna e justa e condições de trabalho e previdenciárias cada vez mais humanizadas;

- É importante conhecer as várias iniciativas de cuidado com a Casa Comum na Igreja no Brasil e buscar nelas inspiração para transformar nossas realidades locais. Unidos em nossa fé e comprometidos com a missão de cuidar da nossa Casa Comum, somos chamados a reconhecer a urgência da grave crise socioambiental que assola nosso país e o mundo;

- O tempo de agir é agora. Como filhos e filhas de Deus, somos responsáveis por proteger e preservar a obra de suas mãos. Este é o nosso chamado, este é o nosso dever como discípulos de Cristo;

- Cada um pode colaborar. As pequenas, mas consistentes, ações de cada pessoa têm uma grande importância e força de desencadear processos transformadores em níveis maiores, "que agem a partir do nível profundo da sociedade" (LD, n. 71);

- Mas não basta que cada um faça sua parte. É preciso também agir coletivamente, em comunidade, orientados pelo Evangelho e pela Doutrina Social da Igreja. Um apelo especial é feito às comunidades religiosas e instituições educativas católicas para despertar a sensibilidade e formar hábitos sustentáveis nas futuras gerações;

- Atitudes e iniciativas sociais e no âmbito da boa política também precisam ser desenvolvidas. "O amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor" (LS, n. 231);

- O universo da arte, da cultura e da mídia alcança as pessoas no seu cotidiano e é chamado colaborar efetivamente na promoção e animação da CF, no louvor a Deus pela criação e na vivência da Ecologia Integral;

- Existem tempos especiais de mobilização que são iniciativas mundiais e que podem ser incluídos nos calendários de nossas comunidades, pastorais e movimentos, paróquias, Dioceses e regionais. A promoção de ocasiões de reflexão, vigílias de oração, preces nas celebrações Eucarísticas, publicações nas redes sociais e cobertura nos meios de comunicação será uma valiosa contribuição.


Fonte: scribd




Os elementos da identidade visual
Fonte: site da CNBB

A identidade visual da Campanha da Fraternidade 2025 é de autoria do Paulo Augusto Cruz, da Assessoria de Comunicação da CNBB. Nela estão representados os seguintes elementos:


Cartaz

São Francisco de Assis
Em destaque no cartaz, São Francisco de Assis representa o homem novo que viveu uma experiência com o amor de Deus, em Jesus crucificado, e reconciliou–se com Deus, com os irmãos e irmãs e com toda a criação. Esta reconciliação universal ganha sua maior expressão no Cântico das Criaturas, composto por São Francisco há precisos 800 anos. O recorte é da obra do período barroco “Êxtase de São Francisco de Assis”, de Jusepe De Ribera. 

A cruz
No centro, a Cruz é um elemento importante na espiritualidade quaresmal e franciscana. No cartaz, ela recorda a experiência do Irmão de Assis com o crucifixo da Igreja de São Damião, em Assis, na Itália, onde Francisco ouviu o próprio Cristo que falava com ele e o enviava para reconstruir a sua Igreja. No início, Francisco entendeu que era a pequena Igreja de São Damião. Mais tarde, compreendeu que se tratava de algo bem maior, a Igreja mesma de Deus. A Quaresma é este tempo de reconstrução de cada cristão, cada comunidade, a sociedade e toda a Criação, porque somos chamados à conversão. 

A natureza
A araucária, o ipê amarelo, o igarapé, o mandacaru, a onça pintada e as araras canindés, representam a fauna e a flora brasileiras em toda a sua exuberância, que ao invés de serem exploradas de forma predatória, precisam ser cuidadas e integradas pelo ser humano, chamado por Deus a ser o guarda e o cuidador de toda a Criação. 

As cidades
Os prédios e as favelas refletem o Brasil a cada dia mais urbano, onde se aglomeram verdadeiras multidões num estilo de vida distante da natureza e altamente prejudicial à vida. Cada um de nós, seres humanos, o campo, a cidade, os animais, a vegetação e as águas fomos criados para ser, com a nossa vida, um verdadeiro “louvor das criaturas” ao bom Deus. 

A colagem
O uso do estilo de colagem é uma escolha artística e simbólica. A técnica possibilita a união de elementos diferentes em uma única composição, refletindo a diversidade e a interligação entre tudo o que existe, entre toda a Criação. A escolha do estilo também faz referência à Ecologia Integral, onde todos os aspectos da vida – espiritual, social, ambiental e cultural – são considerados e valorizados. Cada pedaço na colagem, apesar de único, contribui para a totalidade da imagem, assim como cada pessoa e cada parte do meio ambiente tem um papel crucial na criação de um mundo sustentável e harmonioso. 




Oração:



Ó Deus, nosso Pai, ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom! O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra, e hoje experimentamos suas consequências.

Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos: dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento e da conversão de nossas atitudes.

Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação, no cuidado e no respeito à vida.

Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça. Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum, na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste para nós no Céu. Amém!


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