Por Frei Betto
Algo me preocupa: a confessionalização da política.
Na eleição de Dilma, o tema religioso ganhou mais relevância que programas de
governo. Na de prefeito à capital paulista, pastores e bispos se conflitaram, e
padre Marcelo Rossi virou ícone político.
Algo de
perigoso não estaria sendo gestado? Já não importa a luta de classes nem seus
contornos ideológicos. Já não importa a fidelidade ao programa do partido.
Importa a crença, a fidelidade a uma determinada doutrina ou líderes
religiosos, a "servidão voluntária” à fé que mobiliza corações e mentes.
O que seria de um Brasil cujo Congresso Nacional fosse dominado por legisladores que aprovariam leis, não em benefício do conjunto da população, e sim, para enquadrar todos sob a égide de uma doutrina confessional, tenham ou não fé nessa doutrina?
O que seria de um Brasil cujo Congresso Nacional fosse dominado por legisladores que aprovariam leis, não em benefício do conjunto da população, e sim, para enquadrar todos sob a égide de uma doutrina confessional, tenham ou não fé nessa doutrina?
Sabemos
que nenhuma lei pode forçar um cidadão a abraçar tal princípio religioso. Mas a
lei pode obrigá-lo a se submeter a um procedimento que contraria a razão e a
ciência, e só faz sentido à luz de um princípio religioso, como proibir
transfusão de sangue ou o uso de preservativo.
Não nos
iludamos: a história não segue em movimento linear. Por vezes, retrocede. E
aquilo que foi ainda será se não lograrmos predominar a concepção de que o amor
–que não conhece barreiras e "tudo tolera”, como diz o apostolo Paulo–
deve sempre prevalecer sobre a fé. Leia aqui na íntegra
Nenhum comentário:
Postar um comentário