Uma das características mais interessantes dos tempo que vivemos é que a capacidade de “contágio” da crise econômica global que atravessamos, vem acompanhada por uma incrível capacidade de “contágio” das lutas que se insurgem contra a sede da casta político-empresarial em transformar tudo o que é direito em negócio. A política, a cidade, a religião, a escola… tudo deve ter seu preço para eles lucrarem mais.
Alguns explicam este contágio das lutas pelo surgimento das redes sociais, o alcance da internet, etc. Há muito de verdade nesta afirmação. No entanto, a comunicação pressupõe uma interação entre interlocutores que se interessam pelo assunto em questão. Não há meio de comunicação que gere ou impeça esta interação, o meio, com o perdão da redundância, apenas media. Logo, explicar o fenômeno apenas pelo meio utilizado deixa, no mínimo, a curiosidade sobre os interlocutores.
Nosso estado hoje tem cerca de 150 escolas ocupadas. Cidadãos de 13 anos em diante tomaram para si o palácio da atividade educativa: ocuparam suas escolas. Ninguém veio de fora para influenciar a ação, ocuparam aquilo que é seu.
Ao mesmo tempo, os professores deflagraram greve, frente a uma situação de calamidade salarial do desgoverno Sartori. Para os governos que aí estão, a escola só é prioridade na hora de fazer corte orçamentário.
Mas, para o desespero dos “podres poderes”, mesmo em greve, as escolas não pararam de ensinar. Ao passo que o governo esforça-se para piorar a educação, parcelando salário dos educadores, deixando os prédios escolares desmoronarem, desequipando os laboratórios e bibliotecas, os estudantes, que estavam ali “só para aprender”, assumiram o posto de ensino.
O “vírus” das ocupações que se alastra pelo estado, contagiado pelos estudantes de São Paulo, não se transmite apenas pela proximidade dos problemas que passam as escolas. Mais que nada, as ocupações são um aprendizado da geração “Y” indignada de como construir seu futuro e o do país. Além disso são ressignificações dos espaços escolares, tantas vezes desprezados por eles mesmos. Há estudantes aprendendo a cozinhar, a limpar, a ser responsáveis pelo espaço coletivo que habitam, a respeitar os e, sobretudo, as colegas. A liderança das meninas é proeminente e “lutar como as gurias” uma exigência da realidade.
Como disse Rubem Alves, “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas” e os estudantes estão aprendendo a voar utilizando a própria escola, que muitas vezes corta asas, como pista de decolagem. Ao experimentarem esse aprendizado estão nos ensinando.
Basicamente, a lição nos desperta para a desacomodação e para a solidariedade. Nos ensina que não há idade para vencer o medo, que os direitos se conquistam e que precisamos gerir o que é nosso para que funcione para as nossas necessidades. Nos ensina também que quando aprendemos a autogestionar a vida (como a escola) ela se torna mais agradável.
A solidariedade angariada pelos estudantes que ocuparam as escolas não é menos importante na aula de cidadania que estão nos dando. Desperta os melhores sentimentos de reciprocidade, troca e cumplicidade que configuram a própria educação como prática. Se o “andar de cima” ensina a roubar, a ser demagogo, manobrar a situação ao seu bel-prazer, as ocupações estão ensinando a aprender como se luta por uma sociedade melhor: solidária, autogestionada e corajosa.
Educar é trocar. Trocar saberes, experiências e paixões. Nessa prova os estudantes ocupados estão tirando nota dez. A nós cabe apoiá-los e aprender com eles.
Alguns explicam este contágio das lutas pelo surgimento das redes sociais, o alcance da internet, etc. Há muito de verdade nesta afirmação. No entanto, a comunicação pressupõe uma interação entre interlocutores que se interessam pelo assunto em questão. Não há meio de comunicação que gere ou impeça esta interação, o meio, com o perdão da redundância, apenas media. Logo, explicar o fenômeno apenas pelo meio utilizado deixa, no mínimo, a curiosidade sobre os interlocutores.
Nosso estado hoje tem cerca de 150 escolas ocupadas. Cidadãos de 13 anos em diante tomaram para si o palácio da atividade educativa: ocuparam suas escolas. Ninguém veio de fora para influenciar a ação, ocuparam aquilo que é seu.
Ao mesmo tempo, os professores deflagraram greve, frente a uma situação de calamidade salarial do desgoverno Sartori. Para os governos que aí estão, a escola só é prioridade na hora de fazer corte orçamentário.
Mas, para o desespero dos “podres poderes”, mesmo em greve, as escolas não pararam de ensinar. Ao passo que o governo esforça-se para piorar a educação, parcelando salário dos educadores, deixando os prédios escolares desmoronarem, desequipando os laboratórios e bibliotecas, os estudantes, que estavam ali “só para aprender”, assumiram o posto de ensino.
O “vírus” das ocupações que se alastra pelo estado, contagiado pelos estudantes de São Paulo, não se transmite apenas pela proximidade dos problemas que passam as escolas. Mais que nada, as ocupações são um aprendizado da geração “Y” indignada de como construir seu futuro e o do país. Além disso são ressignificações dos espaços escolares, tantas vezes desprezados por eles mesmos. Há estudantes aprendendo a cozinhar, a limpar, a ser responsáveis pelo espaço coletivo que habitam, a respeitar os e, sobretudo, as colegas. A liderança das meninas é proeminente e “lutar como as gurias” uma exigência da realidade.
Como disse Rubem Alves, “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas” e os estudantes estão aprendendo a voar utilizando a própria escola, que muitas vezes corta asas, como pista de decolagem. Ao experimentarem esse aprendizado estão nos ensinando.
Basicamente, a lição nos desperta para a desacomodação e para a solidariedade. Nos ensina que não há idade para vencer o medo, que os direitos se conquistam e que precisamos gerir o que é nosso para que funcione para as nossas necessidades. Nos ensina também que quando aprendemos a autogestionar a vida (como a escola) ela se torna mais agradável.
A solidariedade angariada pelos estudantes que ocuparam as escolas não é menos importante na aula de cidadania que estão nos dando. Desperta os melhores sentimentos de reciprocidade, troca e cumplicidade que configuram a própria educação como prática. Se o “andar de cima” ensina a roubar, a ser demagogo, manobrar a situação ao seu bel-prazer, as ocupações estão ensinando a aprender como se luta por uma sociedade melhor: solidária, autogestionada e corajosa.
Educar é trocar. Trocar saberes, experiências e paixões. Nessa prova os estudantes ocupados estão tirando nota dez. A nós cabe apoiá-los e aprender com eles.
*Por Fernanda Melchionna
Fonte: http://www.sul21.com.br
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