Francisco também declarou sua abertura a uma mulher como Prefeita da Secretaria de Economia, ainda que ao final tenha escolhido um padre – o jesuíta Juan Antonio Guerrero Alves – para suceder o cardeal George Pell.
Atualmente, quatro mulheres possuem altos cargos na Cúria vaticana.
Mulheres à frente de dicastérios: o próximo desafio de Francisco que aterroriza a Cúria.
A reportagem é de Gudrun Sailer, publicada por Vatican News, 07-03-2020.
Nos últimos dez anos, tanto o número absoluto quanto a porcentagem de mulheres no total de funcionários que servem ao Papa e à Santa Sé cresceram. Em 2010, sob o Pontificado de Bento XVI, 4.053 pessoas estavam empregadas, incluindo 697 mulheres, cerca de 17%. Em 2019, no entanto, a Santa Sé e a Cidade do Vaticano empregavam 4.618 funcionários, dos quais 22% (1.016) eram mulheres.
O que particularmente chama a atenção nesta década é o aumento do número de mulheres que trabalham na Santa Sé, ou seja, na Cúria Romana com todas as suas entidades que ajudam o Papa na administração da Igreja universal.
Em 2010, 385 mulheres trabalhavam na Santa Sé, em 2019 já havia 649. Sua participação no total de funcionários da Santa Sé aumentou de 17,6 para mais de 24% na última década.
Por outro lado, no Estado da Cidade do Vaticano, o aumento da presença feminina nos últimos dez anos foi mais discreto e diz respeito principalmente a posições menos qualificadas, como a equipe de vendas em museus. Com uma exceção notável: em 2016, o Papa Francisco nomeou a historiadora de arte italiana Barbara Jatta diretora dos Museus Vaticanos. A decisão também causou sensação no mundo da arte internacional, já que nenhum outro museu dessas dimensões e importância tem uma mulher à frente. As coleções de arte dos Papas estão entre os cinco museus mais visitados do mundo.
Quatro mulheres no topo
Mas, sobretudo na Santa Sé, o Papa Francisco colocou mais mulheres em posições de destaque. O nível mais alto que as mulheres da Cúria alcançaram até agora é o de subsecretária, uma figura que pertence à equipe de gestão de um dicastério, geralmente composta por três a quatro membros. Francisco dobrou o número de subsecretárias, passando de duas para quatro. Em janeiro de 2020, a última nomeação neste quesito, precisamente a italiana Francesca Di Giovanni como subsecretária na Seção para as Relações com os Estados, um cargo de recente criação.
Em 2017, Francisco nomeou duas subsecretárias simultaneamente no Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino e Linda Ghisoni. Ambas são mães de famílias com filhos, uma novidade para o Vaticano nesses níveis de responsabilidade.
A religiosa espanhola Carmen Ros Nortes trabalha como subsecretária na Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, a terceira mulher a exercer essa função. Enrica Rosanna, que a antecedeu, foi nomeada pelo Papa João Paulo II em 2004, uma surpresa para muitos observadores: até então os subsecretários eram sempre sacerdotes.
Mulheres em posição de liderança na Cúria triplicaram em dez anos
Também no Dicastério das Comunicações do Vaticano, onde o número de leigos é alto em comparação com outros setores da Santa Sé, duas mulheres ocupam posições de liderança. A eslovena Natasa Govekar é chefe do Departamento Teológico-Pastoral, e a brasileira Cristiane Murray é vice-diretora da Sala de Imprensa do Vaticano.
No final de 2019, um total de oito mulheres, e agora nove com Francesca Di Giovanni, ocupam posições de particular responsabilidade na Santa Sé, acima do décimo nível de remuneração no Vaticano. Dez anos atrás, havia apenas três. Em outras palavras, o número de mulheres em cargos de chefia na Cúria Romana triplicou em dez anos.
Nem todos os prefeitos devem ser sacerdotes
No total, cinco dos 22 escritórios mais importantes da Cúria (Secretaria de Estado, Secretaria de Economia, três Dicastérios, nove Congregações, cinco Conselhos, três Tribunais) têm agora mulheres na equipe administrativa.
Nenhum Pontífice nomeou uma liderança feminina para o topo de um dicastério. Necessariamente o prefeito não deve ser sacerdote, como demonstrado pelo Papa Francisco em 2018 quando nomeou o leigo Paolo Ruffini como prefeito do Dicastério para a Comunicação. Ou seja, pode ser um leigo, ou quem sabe uma mulher.
Francisco também havia declarado sua abertura a uma mulher como prefeito da Secretaria para a Economia, embora no final tenha escolhido um sacerdote - o jesuíta Juan Antonio Guerrero Alves - para suceder o cardeal George Pell.
O Papa Francisco, que chegará aos sete anos de Pontificado em poucos dias, disse repetidamente que a Igreja Católica precisa de mais mulheres em posições de liderança. Em seu território, no Vaticano e na Cúria Romana, está gradualmente preparando o terreno para isso. No entanto, Francisco sempre enfatiza que as nomeações por si só não são suficientes: as mulheres são mais, "misticamente mais" do que uma posição, mesmo que importante, na Igreja Católica. Sobre isso se deveria refletir de forma ainda mais aprofundada, diz o Papa Francisco.
Nota
Nesta panorâmica, estão incluídas as equipes das Pontifícias Obras Missionárias. Em vez disso, não estão concluídos os dados da Congregação para a Evangelização dos Povos. Ambas as unidades pertencem à Santa Sé, mas cada uma tem sua própria administração. Da Congregação para a Evangelização dos Povos, no entanto, foi possível determinar os dados referentes a 2019: lá trabalham 55 mulheres, o que corresponde a 20,4% das mulheres.
Fonte: IHU
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