Leia a nota da SBCC na íntegra:
Nós, membros da SBCC, diante da pandemia do
Covid-19, fazemo-nos próximos e solidários aos brasileiros neste momento de
angústia, incertezas e esperanças. Reconhecemos o grande valor dos cientistas,
profissionais da saúde e de todos os demais que têm papel indispensável nesta
hora. Queremos também contribuir para a promoção e defesa da vida, o bem maior.
A Organização Mundial da Saúde, o Ministério da
Saúde e a comunidade científica têm indicado algumas ações que já estão em
andamento para conter o avanço da doença e assim evitar o colapso do sistema de
saúde, bem como reduzir o número de mortes causadas pela Covid-19.
Considerando-se que muitas outras ações ainda precisarão ser desenvolvidas, a
SBCC propõe aos pesquisadores católicos as seguintes reflexões:
1 – É preciso priorizar temporalmente os
esforços científicos, técnicos e econômicos, de modo que soluções para os
problemas mais relevantes sejam rapidamente levantadas, tendo em conta o valor
inegociável da vida humana. Sob este valor, devem estar subordinadas todas as
demais preocupações políticas e econômicas.
2 – A aplicação em larga escala de vacinas,
medicamentos e outros tratamentos deve ser baseada em conhecimentos científicos
comprovados ou, quando em condições extremas, em protocolos clínicos
devidamente justificados. Comunidades humanas não podem ser usadas como
cobaias, a fim de obter conhecimento. Isso inverte a lógica de uma ciência
humanista e fere a ética científica em diferentes níveis. Neste mesmo sentido,
as medidas políticas, sociais e econômicas adotadas devem estar baseadas em
modelos que priorizem vidas, seja evitando a disseminação da doença, seja
garantindo a subsistência dos indivíduos num cenário pós-epidemia.
3 – É mister estabelecer, em espírito
solidário, um diálogo efetivo e transdisciplinar para encontrar a dosimetria
adequada das ações no complexo enfrentamento da crise. Deve-se buscar ações
econômicas e de organização social baseadas em um humanismo solidário, que
visem o bem comum e protagonizem a opção preferencial pelos pobres.
4 – Ao fim dessa crise, a sociedade terá a
oportunidade de reavaliar os papéis tanto da comunidade científica quanto dos
profissionais de saúde, por vezes preteridos de incentivos públicos e privados,
no cenário nacional. Reafirmamos sua importância e a necessidade de que suas
orientações sejam seguidas por parte das autoridades civis, eclesiásticas, e
toda sociedade de modo geral.
Em tempo, conclamamos esses profissionais a que
assumam, com profunda solidariedade e colaboração, suas funções tão necessárias
nesse momento crítico em que vivemos. Pedimos a todos os irmãos para que rezem
por esses profissionais e que nos unamos a Cristo para sermos sinais de
esperança.
27 de março de 2020.
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