Não creio no deus dos magistrados, nem no deus dos generais, ou das orações patrióticas.
Não creio no deus dos hinos fúnebres, nem no deus das salas de audiências, ou dos prólogos das constituições ou dos epílogos dos discursos eloqüentes.
Não creio no deus da sorte dos ricos, nem no deus do medo dos opulentos, ou da alegria dos que roubam do povo.
Não creio no deus da paz mentirosa, nem no deus da justiça impopular, ou das venerandas tradições nacionais.
Não creio no deus dos sermões vazios, nem no deus das saudações protocolares, ou dos matrimônios sem amor.
Não creio no deus construído à imagem e semelhança dos poderosos, nem no deus inventado para sedativo das misérias e sofrimentos dos pobres.
Não creio no deus que dorme nas paredes ou se esconde no cofre das igrejas. Não creio no deus dos natais comerciais nem no deus das propagandas coloridas. Não creio no deus feito de mentiras, tão frágil como o barro, nem no deus da ordem estabelecida sobre a desordem consentida.
O DEUS da minha fé nasceu numa gruta. Era judeu, foi perseguido por um rei estrangeiro, e caminhava errante pela Palestina. Fazia-se acompanhar por gente do povo; dava pão aos que tinham fome; luz aos que viviam nas trevas; liberdade aos que jaziam acorrentados; paz aos que suplicavam por justiça.
O DEUS da minha fé punha o homem acima da lei e o amor no lugar das velhas tradições.
Ele não tinha uma pedra onde recostar a cabeça e confundia-se entre os pobres...
O DEUS da minha fé não é outro senão o Filho de Maria, Jesus de Nazaré.
TODOS OS DIAS ELE MORRE CRUCIFICADO PELO NOSSO EGOÍSMO.
TODOS OS DIAS ELE RESSUSCITA PELA FORÇA DO NOSSO AMOR.
(Extraído do livro Salmos Latino-Americanos)
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