É louvável ver o desenvolvimento econômico do Brasil hoje, entretanto uma das lacunas mais graves desse desenvolvimento é a falta de uma política agrícola voltada para o povo brasileiro e de uma justiça no campo. Há 16 anos, em Eldorado de Carajás, no sul do Pará, 155 policiais militares abriam fogo contra 1500 pessoas, homens, mulheres e crianças, acampadas pacificamente às margens de uma rodovia. Assassinaram 19 lavradores e deixaram inúmeros feridos e mutilados. Até hoje, ninguém foi punido por esse crime. A violência contra os sem-terra continua. Nesse último mês, somente em Pernambuco, foram assassinados dois lavradores sem terra: no dia 23 de março, Antônio Tiningo e já em abril (02), Pedro Bruno. Ambos, vítimas da ferocidade da concentração da terra e da insensibilidade de senhores que se sentem ainda donos de escravos no campo. Jaime Amorim, membro da coordenação do MST em Pernambuco, afirma: "O latifúndio é essencialmente violento e impede as pessoas de viver e trabalhar no campo. O que ocorreu em Carajás nos dá força e clareza para lutar, pois enquanto houver concentração da terra, a desigualdade, a violência e a falta de democracia no Campo vão continuar”. Para Dom Tomás Balduíno, bispo emérito de Goiás e co-fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), é importante esse dia em memória dos mártires de Eldorado de Carajás. Ele declara: "esse dia lembra a força da caminhada dos trabalhadores do campo, que se arrasta desde os tempos de Zumbi dos Palmares até hoje na história do Brasil. A luta pela reforma agrária não é questão de conseguir apenas um pedaço de chão, mas de mudar nosso país. A luta é profunda, ampla e de mudanças”. Veja aqui histórico cronológico do processo jurídico publicado na página na Internet do MST.
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