O papa Francisco disse ser uma vergonha a
tragédia na ilha de Lampedusa, que matou pelo menos 90 migrantes, hoje pela
manhã. “Não posso não recordar com grande dor as numerosas vítimas do trágico
naufrágio ocorrido hoje, no largo de Lampedusa. Vem-me a palavra ‘vergonha’”,
disse o papa, que solicitou orações por quem perdeu a vida. Francisco pediu,
ainda, a união de esforços para que tragédias semelhantes não se repitam.
“Somente uma colaboração firme de todos pode ajudar a preveni-las”, afirmou.
Segundo informações da Rádio Vaticano, a embarcação, que incendiou e
naufragou, tinha cerca de 500 refugiados, entre eles 30 crianças, provindos da
Eritreia e da Somália.
O pronunciamento do papa ocorreu ao final da audiência, no Vaticano, com
participantes do Congresso Organizado para comemorar os 50 anos da Encíclica
Pacem in Terris, promulgada pelo beato João XXIII, em abril de 1963.
Para Francisco, tragédias como as de Lampedusa acontecem porque o mundo ainda tem o mesmo espírito que predominava na
época em que a encíclica foi publicada. “No final de 1962, a humanidade se
encontrou à beira de um conflito atômico mundial, e o papa fez um dramático
apelo de paz. O diálogo que então os blocos antagonistas empreenderam com muita
dificuldade levou, durante o pontificado de João Paulo II, à superação daquela
fase. As sementes lançadas pelo beato João XXIII deram frutos. Todavia, não
obstante a queda de muros e barreiras, o mundo continua a necessitar de paz e o
chamado da Pacem in terris permanece fortemente atual”, explicou.
No discurso, o papa questionou se a sociedade compreendeu a lição da
encíclica, se as palavras justiça e solidariedade estão somente no dicionário
ou se todos trabalham para que elas se tornem realidade. “A encíclica do beato
João XXIII nos recorda claramente que se não trabalharmos por uma sociedade
mais justa e solidária e se não superarmos egoísmos e individualismos, não
poderão existir paz e harmonia verdadeiras”, ressaltou.
Por CNBB, com Rádio Vaticano
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