A reportagem é de Sergio Centofanti, publicada no sítio da Rádio Vaticano, 05-05-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Tomando como ponto de partida o Evangelho do dia, em que Jesus reprova as pessoas por buscá-Lo só porque havia sido saciada depois da multiplicação dos pães e dos peixes, o papa convida a se fazer a pergunta se seguimos o Senhor por amor ou por alguma vantagem.
"Porque nós somos todos pecadores – observou – e sempre há algo de interesseiro que deve ser purificado ao seguir Jesus e devemos trabalhar interiormente para segui-Lo por Ele, para amor."
"Jesus – afirmou o Papa Francisco – menciona três atitudes que não são boas para segui-Lo ou para buscar a Deus. A primeira é a vaidade." Em particular, ele se refere àqueles notáveis, àqueles "dirigentes" que dão esmolas ou jejuam para serem vistos:
"Esses dirigentes queriam ser vistos. Eles gostavam – para dizer a palavra certa – gostavam de se pavonear e se comportavam como verdadeiros pavões! Eram assim. E Jesus diz: 'Não, não, isso não está certo. Não está certo. A vaidade não faz bem'. E, algumas vezes, nós fazemos coisas buscando com que sejamos vistos um pouco, buscando a vaidade. É perigosa, a vaidade, porque nos faz deslizar imediatamente para o orgulho, a soberba, e depois tudo acaba lá. E eu me faço a pergunta: eu, como sigo Jesus? As coisas boas que eu faço, eu as faço às escondidas ou gosto de me exibir?"
"E eu também penso em nós, pastores" – disse o papa – porque "um pastor que é vaidoso não faz bem ao povo de Deus": pode ser padre ou bispo, mas "não segue Jesus" se "a vaidade lhe agrada".
"A outra coisa que Jesus repreende aqueles que o seguem – afirma – é o poder.": "Alguns seguem Jesus, mas um pouco, não de forma totalmente consciente, um pouco inconscientemente, mas buscam o poder, não? O caso mais claro é João e Tiago, os filhos de Zebedeu, que pediam a Jesus a graça de ser primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro, quando viesse o Reino. E na Igreja há escaladores! Há muitos que usam a Igreja para... Mas se você gosta disso, vá para o Norte e faça alpinismo: é mais sadio! Mas não venha à Igreja para escalar! E Jesus repreende esses escaladores que buscam o poder."
"Somente quando veio o Espírito Santo – observou o papa – os discípulos mudaram. Mas o pecado na nossa vida cristã permanece, e nos fará bem nos fazer a pergunta: eu, como sigo Jesus? Por ele somente, inclusive até a Cruz, ou busco o poder e uso a Igreja um pouco, a comunidade cristã, a paróquia, a diocese para ter um pouco de poder?"
"A terceira coisa que nos afasta da retidão das intenções – destacou o papa – é o dinheiro": "Aqueles que seguem Jesus pelo dinheiro, com o dinheiro, buscando se aproveitar economicamente da paróquia, da diocese, da comunidade cristã, do hospital, do colégio... Pensemos na primeira comunidade cristã, que teve essa tentação: Simão, Ananias e Safira... Essa tentação existiu desde o início, e conhecemos tantos bons católicos, bons cristãos, amigos, benfeitores da Igreja, até com várias honrarias, tantos!, que, depois, descobriu-se que fizeram negócios um pouco obscuros: eram verdadeiros homens de negócios e fizeram muito dinheiro! Apresentavam-se como benfeitores da Igreja, mas pegavam muito dinheiro, e nem sempre dinheiro limpo."
"Peçamos ao Senhor a graça – concluiu o papa –, que nos dê o Espírito Santo para ir atrás d'Ele com retidão de intenção: somente Ele. Sem vaidade, sem vontade de poder e sem vontade de dinheiro."
Fonte: IHU
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