CARTA DO 11º ENCONTRÃO
DAS CEBs – DIOCESE DE CRATEÚS
Queridas irmãs e queridos irmãos,
Nossos corações estão vibrando de alegria e, por isso, nos
dirigimos a vocês, para partilhar um pouco do que foi o grande encontro de
todas as CEBs de nossa Diocese.
A participação de 735 pessoas, vindas das 14 Paróquias e da
Área Pastoral de Sucesso, além de pessoas amigas que vieram de outros cantos,
fortaleceu a nossa rede de comunidades e todos nós ficamos revigorados e
animados para tocar adiante a nossa Caminhada. Os encontros, desde o da
Paróquia até o diocesano, foram momentos de estreitar os laços campo e cidade,
de perceber melhor os desafios do mundo urbanizado e de indicar formas de
superação, na direção de outro mundo possível, sinal e anúncio do Reino.
Relendo a parábola do bom Samaritano (Lc 10,25-37), vemos que
ela ressoa forte, nos dias de hoje: somos nós o homem assaltado, roubado,
ferido e jogado à beira da estrada.
Mas como o samaritano, nós temos assumido a
missão de curar e levantar quem está caído, cuidando da vida ameaçada,
solidarizando-nos com quem sofre, por não ter acesso à terra e à água, onde
morar, trabalhar.
Estamos cientes de que (e por que) alguns se apoderaram de
nossa história, de nossas raízes, de nossa língua, de nossas terras; roubaram
nossos direitos, negaram nossa identidade, expulsaram-nos para as periferias
das cidades e invadiram o campo; seduziram-nos para adotarmos um estilo de vida
que nos nega e nos destrói, por dentro. O dragão que queria devorar o Menino do
Apocalipse (Ap 12) é o mesmo que continua querendo devorar os pobres e as
organizações populares, nos impedindo viver com dignidade. Temos nos esforçado,
portanto, para crescer na consciência e na cidadania.
De outro lado, damo-nos conta que não conseguiram roubar de
nós a comunidade, a nossa fé e a nossa esperança. Somos como a caatinga que
perde a folhagem para resistir e guarda sementes, escondidas no chão, anos a
fio, esperando o tempo bom para nascer.
Alegra-nos ver que são
muitos os sinais de resistência e de superação:
-
Anunciamos o evangelho da alegria, buscamos uma vida simples e, estamos,
sempre, com o pé na estrada, ao encontro das pessoas excluídas de nossa
sociedade;
-
Alimentamos o sonho de um mundo novo (em nossas celebrações, festas...), de uma
nova Política e de cidadãos comprometidos com a Política, para alcançar Liberdade,
Justiça e a Igualdade;
-
Ensaiamos, a partir do nosso lugar, um jeito novo de organizar a vida, de cuidar
da criação de Deus e da saúde de todas as pessoas, de fazer a educação, de
refazer a vida nas cidades, tornando-as mais humanas; reapropriamo-nos de
tecnologias antigas e aprendemos a usar tecnologias modernas a nosso favor;
-
Acreditamos na presença do Espírito em nosso meio a guiar-nos e, por isso, valorizamos
e apoiamos as pessoas e iniciativas em favor da vida.
Temos
consciência de que a missão continua e que ela é de todos/as; precisamos,
portanto, continuar avançando na compreensão e superação dos desafios do mundo
urbanizado. Confiemos no sopro do Espírito que nos move, na certeza de que o
Amanhã vai chegar!
Crateús, 3 de setembro de 2017.
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