"Escola de Formação de Formadores e
Articuladores para as CEBs" - Um grande desafio
A cidade e também o campo é um grande texto
para ser lido e relido no dia a dia, com o risco da interpretação. Grande
desafio, principalmente com o Papa Francisco insistindo na ideia de uma “Igreja
em saída”, que “rompe com a crosta do egoísmo” (D. Hélder Câmara) e que gera
pessoas comprometidas e alegres. De fato, “a alegria do Evangelho, que enche a
vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária” (EG 21). Uma
Igreja ousada presente em todas as periferias e em todas as “periferias
existenciais” onde há sofrimento, solidão e degrado humano.
Cada dia mais a necessidade de aproximar com
simplicidade e humildade das pessoas para entender melhor seus problemas. O
papa chama atenção, quando diz, diante desta situação, o que as pessoas querem
é “uma Igreja que, na sua noite, não tenha medo de sair”. Isso é lindo e desafiador.
Uma Igreja capaz de encarar os desafios de
frente, que saiba dialogar com aquelas discípulas e aqueles discípulos, que,
fugindo de Jerusalém, vagam sem meta, sozinhos, com o seu próprio desencanto, com
a desilusão de uma igreja ainda fechada e estacionada.
É preciso despertar nossas Comunidades
Eclesiais de Base (CEBs) para a dinâmica do êxodo e do dom, de sair de si
mesmo, de caminhar e de semear sempre de novo, sempre mais além.
“Se alguma coisa nos deve santamente inquietar
e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a
força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de
fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida.” (EG 49)
Coordenar uma CEB, ser agente de pastoral,
animar um grupo de reflexão nunca foi fácil. Para Francisco “Evangelizar é uma alegria”, é preciso pedir a
graça de não cair num anúncio “aborrecido e triste”.
Hoje deparamos com pessoas com pouca
experiência comunitária, ou até incapazes de experiência, mas cheios de
informação e de opinião. A informação pode ser muitas coisas, mas não é experiência
e não deixa espaço para a experiência. Numa cultura em que se permanece online
o tempo todo, a ânsia por informação é cada vez mais evidente, é preciso estar
informado e ser informante. Há excesso
de informação e um excesso na busca de informação e pelo saber, más não se tem
“sabedoria” e sim informação “verdadeira ou não” o que distorce ou dificulta a possibilidade
de se enxergar a realidade com clareza, diante de tantas informações.
Os discursos dos grupos dominantes ocupam os
principais veículos de comunicação, definindo aquilo que deve ou não ser dito,
pensado e realizado. Não restando meios para que discursos diferentes ocupem o
mesmo espaço.
A pessoa da coordenadora/or das CEBs e seus
agentes de pastorais são desafiadas, de um lado pela Igreja que o papa tanto
insiste e que vem ao encontro da mística de nossas Comunidades Eclesiais de
Base, do outro lado todas essas realidades presente não só na cidade, mas no
campo também.
O que é muito bonito nas CEBs é que uma grande
parcela do Povo de Deus se torna protagonista da ação evangelizadora ad intra e
ad extra da ação pastoral evangelizadora, social e missionária. Tem sido assim,
uma grande parcela desse povo são gente muito simples com ações simples e que fazem
a diferença.
Mas sente-se, diante de tantos desafios uma
lacuna quanto ao processo formativo que os prepare para desempenhar funções de
serviço à CEBs, muitos sentem despreparados e inseguros quanto à organização de
uma reunião de CPC, ao método ver-julgar-agir-celebrar; à condução de um
encontro de grupo de reflexão, de uma celebração, benção e oração nas casas, da
Leitura Orante da Palavra, de uma abordagem evangelizadora; à organização de
ações e projetos para atender as diversas demandas das comunidades. E sentem
muito mais inseguros quanto à participação na sociedade, nos seus diversos
espaços de militância em favor da sociedade justa e fraterna.
Nessa perspectiva nasce a "Escola de
Formação de Formadores e Articuladores para as CEBs", que terá sua
primeira etapa no dia trinta de junho e primeiro de julho deste ano de 2018. Um
grande desafio, formar formadores e articuladores das CEBs, para atuarem nas
bases em nossas paróquias.
O assessor, Celso Pinto Carias, um dos mais
destacados teólogos leigos do Brasil, doutor em teologia pela PUC do Rio de
Janeiro e assessor nacional das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
A "Escola de Formação de Formadores e
Articuladores para as CEBs" foi projeto apresentado pelas CEBs e aprovado
em Assembleia arquidiocesana dentro da prioridade “missão” do 24° Plano de Ação
Evangelizadora (2017-2021) da Arquidiocese de Maringá.
No 7° Intereclesial das CEBs do Paraná,
realizado em abril de 2016, a Província Eclesiástica de Maringá, quando no
momento por província, sentiu também essa necessidade, a Arquidiocese de
Maringá, abriu a escola á província, que é composta além da Arquidiocese de
Maringá pelas dioceses de Campo Mourão, Paranavaí e Umuarama.
Lucimar Moreira Bueno (Lúcia)
Assessora Leiga das CEBs na Arquidiocese de
Maringá
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