A Ampliada Nacional das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) foi momento de reconhecer a vocação desta forma de organização eclesial para ajudar a Igreja missionária “que quer fazer amadurecer a fé das pessoas para alimentar a semente do Reino de Deus”. A avaliação é do bispo de Floresta (PE) e referencial das CEBs na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Gabriel Marchesi. O evento foi realizado em Rondonópolis (MT), entre os dias 23 e 26 de janeiro, e abordou a preparação do próximo encontro intereclesial, o diálogo entre a ampliada e as bases, entre outros temas.
O encontro
Dom Gabriel revelou que esta reunião da ampliada nacional foi a primeira que teve a oportunidade de participar, mesmo com o trabalho junto às CEBs por vários anos. O bispo de Floresta ressaltou que o bom ambiente com pessoas de todos os lugares do Brasil, “com experiências diferentes, mas unidas na perspectiva de continuar a dar força à presença das CEBs na vida da Igreja”.
Ele considera importante reconhecer a vocação das CEBs “para ajudar a vida, a missão da nossa Igreja hoje, essa Igreja em saída, esta Igreja povo, essa Igreja missionária que quer fazer amadurecer a fé das pessoas para alimentar a semente do Reino de Deus”.
Participaram do encontro articuladores e assessores; representantes dos 18 regionais da CNBB; a equipe colegiada de Assessoria Nacional; representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e do secretariado do 15º Intereclesial; o bispo de Rondonópolis-Guiratinga (MT), dom Juventino Kestering; dom Gabriel Marchesi; e o bispo de Tocantinópolis (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Giovane Pereira de Melo; além de convidados da diocese anfitriã.
Com participação ativa, segundo dom Gabriel, foram discutidas temáticas internas sobre o funcionamento da ampliada e a preparação do 15º Encontro Intereclesial das CEBs, que será na diocese mato-grossense. “Fizemos uma visita aos locais onde vão ser acolhidas as pessoas, onde vão ter os trabalhos do próximo intereclesial”, partilha o bispo referencial.
Outro ponto de atenção na reunião foi a forma de chegar às bases. “Eu lembro que no Intereclesial de Londrina (PR) voltou esse grito de voltar às bases, então a atenção de como fazer chegar a formação, não somente as informações, mas também a formação de um laicato amadurecido, de uma visão de Igreja, das CEBs até as comunidades, até as bases. Foram estudadas possibilidades a fim de que o diálogo entre a ampliada e as bases fossem sempre mais fecundos”, contou.
O bispo relatou ainda que foram feitas propostas, a partir de trabalhos em grupos, de diferentes temáticas para fazer com que as CEBs possam cumprir com seu papel “num leque bastante amplo de atenções às diferentes tarefas da vida da Igreja”. Foi um “momento bastante positivo que serviu para reafirmar a vida e a decisão das CEBs de continuar com a sua missão”.
CEBs são missionárias e instrumento eclesial e social indispensável
Ao final do encontro, os participantes da ampliada divulgaram carta às CEBs de todo o Brasil. No texto, afirmam sentir e reafirmam “que as CEBs são missionárias e continuam sendo um instrumento eclesial e social indispensável para o resgate da humanização e solidariedade frente ao capitalismo que desumaniza”. Também reforçam o desejo de manter vivo o compromisso na construção de “um novo céu e uma nova terra”.
Confira o texto na íntegra:
Fonte: CNBBCARTA DA AMPLIADA DAS CEBs A TODAS AS
COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE DO BRASIL“Vejam! Eu vou criar novo céu e uma nova terra” (Is 65,17)Caros Irmãos e Irmãs da caminhada,Na alegria e compromisso que o evangelho de Jesus Cristo nos suscita, durante o período de 23 a 26 de janeiro do corrente ano, na Diocese de Rondonópolis-Guiratinga MT, nós articuladores e articuladoras e assessores e assessoras, representantes dos 18 Regionais da CNBB, a Equipe Colegiada de Assessoria Nacional, representante do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, do Secretariado do 15º Intereclesial juntamente com o Bispo anfitrião, Dom Juventino Kestering, o Bispo Referencial das CEBs Dom Gabriel Marchesi e o Presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB, Dom Giovane Pereira de Melo e convidados da Diocese anfitriã, nos reunimos na Ampliada Nacional das CEBs do Brasil para refletir a caminhada das Comunidades Eclesiais de Base e a preparação do 15º Intereclesial das CEBs.Principiamos nosso trabalho com um olhar sobre a realidade atual que desafia nosso modo de viver a fé em Jesus. Vivemos um Tempo Histórico permeado de contradições políticas, econômicas e sociais, em que a natureza, dádiva de Deus, tornou-se objeto de disputas e de comercialização e os povos que nela habitam são tidos como meros instrumentos para execução do modelo neoliberal que devora a natureza e as pessoas, especialmente os mais pobres. Desafia a fé que professamos, o avanço do agronegócio, a primazia do latifúndio, o descaso com a agricultura familiar, o desmonte das culturas dos povos tradicionais, a instrumentalização da religião e a relativização dos valores de justiça socioambiental e da solidariedade.Frente a esse cenário desafiador, ousamos continuar a sonhar e manter vivo nosso compromisso na construção de “um novo céu e uma nova terra” que começa entre nós. No anseio de animar, motivar, fortalecer e avivar as comunidades, apresentamos uma série de indicações e propostas para os regionais e dioceses. Dentre diversas ações, escolhemos o cartaz e definimos aspectos importantes para o próximo Intereclesial e assinamos o pacto pelo cuidado com a Casa Comum.Manifestamos, através de uma carta, nosso apoio ao papa Francisco e ao seu projeto de Igreja e de sociedade em defesa dos pobres e do cuidado com a nossa Casa Comum. Acolhemos e agradecemos o apoio carinhoso que nos chegou da Pastoral da Juventude do Brasil que se reconhece como “filhos e filhas da mística profética das CEBs” e também nos interpelam a “olhar com carinho para as juventudes”. Nesse sentido reiteramos nossa acolhida e disposição a caminhar juntos, também através da carta-resposta escrita pela Ampliada. Pois, os jovens sempre terão o seu lugar entre nós.Neste momento tão dramático de nossa história, sentimos e reafirmamos que as CEBs são missionárias e continuam sendo um instrumento eclesial e social indispensável para o resgate da humanização e solidariedade frente ao capitalismo que desumaniza.Confiantes no Ressuscitado, trazemos sempre diante de nós a profecia: “O povo que andava na escuridão, viu uma grande luz…pois, o jugo que oprimia o povo, a carga sobre seus ombros, o orgulho dos fiscais, tu os abateste”. (Is. 9,1.3)Rondonópolis/MT, 26 de janeiro de 2020Amém! Axé! Awire! Aleluia!
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