Francisco escreve a um grupo de mulheres e homens no centro de acolhimento temporário de Lajas Blancas, no Panamá: “Nunca se esqueçam de sua dignidade humana, não tenham medo de olhar os outros nos olhos. Vocês são filhos de Deus".
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Santo Padre enviou uma carta, nesta quarta-feira (20/03), a um grupo de migrantes, homens e mulheres atualmente alojados na Estação de Acolhimento Temporário para Migração (ETRM), em Lajas Blancas, no Panamá. Este centro acolhe os migrantes que sobreviveram à floresta de Darién, a selva na fronteira entre a Colômbia e o Panamá que se tornou uma rota fundamental para aqueles que se dirigem aos EUA vindos da América do Sul, passando pela América Central e México.
Perigos e violência
Mais de meio milhão de pessoas - um número recorde fornecido pelo governo panamenho - se aventuraram neste itinerário mortal em 2023, onde, além dos perigos da selva, há o risco de se deparar com gangues criminosas que roubam ou pedem dinheiro para guiá-los neste corredor de 265 quilômetros e usam violência, especialmente contra mulheres. Os que sobrevivem se refugiam em Lajas Blancas, onde recentemente houve superlotação e agravamento dos problemas de saúde e segurança devido à falta de água e de camas.
As palavras de apoio do Papa
A mensagem de proximidade e consolo do Papa chega essas pessoas. Francisco escreve: "Gostaria de estar pessoalmente com vocês agora". Francisco recorda no texto que ele também é "filho de migrantes que partiram em busca de um futuro melhor". "Houve momentos em que eles ficaram sem nada, passaram até fome, com as mãos vazias, mas com o coração cheio de esperança", escreve o Papa.
Migrantes, carne sofredora de Cristo
A seguir, o Pontífice agradece aos bispos e aos agentes pastorais locais pelo que fazem, ressaltando que "eles são o rosto de uma Igreja mãe que caminha com os seus filhos e filhas, nos quais descobre o rosto de Cristo e, como Verônica, com carinho, proporciona alívio e esperança na via-sacra da migração". "Obrigado por se comprometerem com os nossos irmãos e irmãs migrantes que representam a carne sofredora de Cristo, quando são obrigados a abandonar sua terra, a enfrentar os riscos e as tribulações de um caminho difícil, quando não encontram outra saída", sublinha.
"Irmãos e irmãs migrantes, nunca se esqueçam de sua dignidade humana", escreve ainda Francisco, convidando-os a não "terem medo de olhar os outros nos olhos porque vocês não são um descarte, mas também fazem parte da família humana e da família dos filhos de Deus".
"Que Jesus os abençoe e que a Virgem Santa cuide de vocês. Por favor, não se esqueçam de rezar por mim", finaliza o Papa.
Na mensagem enviada, na última quarta-feira (20/03), aos participantes de um encontro dos bispos fronteiriços da Colômbia e da Costa Rica e dos bispos do Panamá sobre a emergência no Darién Tapón, o Pontífice encoraja a todos "a trabalhar incansavelmente para que seja possível erradicar essa indiferença, de modo que, quando um irmão ou irmã migrante chegar, encontre na Igreja um lugar onde não se sinta julgado, mas acolhido; onde a fome e a sede possam ser saciadas e a esperança reavivada".
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Fonte: Vatican News
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