Em uma entrevista televisiva, James Elder denunciou que recém-nascidos estão nos corredores dos hospitais, compartilhando o pouco oxigênio de que os médicos em Gaza ainda dispõem.
A informação é publicada por El Salto, 02-10-2025.
Em uma entrevista publicada pelo portal Zeteo, o porta-voz da agência das Nações Unidas para a Infância, James Elder, defendeu os esforços da Flotilha Global Sumud para chegar a Israel. Para Gaza e para as agências que atuam no terreno, “obter ajuda diretamente é um divisor de águas”, afirmou, lembrando que o comboio de barcos transporta alimentos, medicamentos e outros itens como incubadoras, oxigênio e kits de higiene. Elder denunciou que o sequestro da Flotilha “fala repetidas vezes dos esforços deliberados” de Israel para impedir a entrada de alimentos em Gaza.
Elder relatou sua experiência no Hospital al-Aqsa, onde esteve em “uma sala cheia de crianças, quatro ou cinco delas, todas atingidas por disparos de quadricópteros”. Nos últimos meses, foi denunciado o uso desses drones como “ferramentas de intimidação psicológica, vigilância e assassinato direto”.
O porta-voz da Unicef esteve seis vezes na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023 e destacou, na entrevista, como a fome que devasta Gaza não tem relação com problemas de logística: “é política”.
“Tudo o que os palestinos precisam está a poucos quilômetros”, denunciou o porta-voz. “As pessoas comem em bons restaurantes a 32 ou 48 quilômetros daqui. Esta fome foi totalmente provocada.” Elder contou ter visto “uma dúzia, quinze recém-nascidos nos corredores”, bebês que necessitam de oxigênio e incubadoras, mas não têm acesso a esses recursos devido ao bloqueio israelense. Ele detalhou que o corpo médico é obrigado a fazer com que esses bebês compartilhem oxigênio. Em toda Gaza, restam apenas 14 hospitais, todos completamente sobrecarregados e afetados pela quase total falta de suprimentos.
Segundo a Unicef, 151 crianças perderam a vida na Faixa de Gaza em decorrência da desnutrição aguda, a maioria delas em 2025. A própria agência lembrou nesta semana que a crise de desnutrição em Gaza atingiu “níveis catastróficos, com toda a população infantil menor de cinco anos — mais de 320 mil crianças — em risco de sofrer desnutrição aguda”.
Fonte: IHU
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