Aumento do nível do mar ao longo do período 2000-2100 para dois cenários de aquecimento. A amplitude mostra a média estimada por todos os especialistas. Para efeito de comparação, são apresentadas projeções realizadas pelaNOAA em 2012 (linhas pontilhadas) e pelo IPCC (barras à direita).
A reportagem é de Fernanda B. Müller, publicada no sítio do Instituto CarbonoBrasil, 11-12-2013.
Um novo estudo publicado no periódico Quaternary Science Reviews sugere que as estimativas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para o aumento do nível do mar são, na verdade, conservadoras.
Reunindo 90 especialistas dentre os cientistas mais ativos na publicação de artigos sobre o assunto, o estudo compilou as suas avaliações probabilísticas do aumento do nível do mar entre 2100 e 2300 sob dois cenários de temperatura.
Um deles, considerando a concretização de medidas para mitigação das mudanças climáticas, limita o aquecimento a dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais e apresenta uma temperatura que retrai lentamente após 2050. O aumento no nível do mar nesta situação seria de entre 40 e 60 centímetros até 2100 e 60 cm a um metro até 2300.
Já no cenário de alto aquecimento (4,5º C até 2100 e 8ºC até 2300), o mar poderia subir entre 70 cm e 1,2 metro neste século e dois a três metros nos próximos três séculos. Isso colocaria em jogo a sobrevivência de algumas cidades costeiras e ilhas.
O mais recente relatório do IPCC prevê que, em um cenário com alto nível de emissões, o nível do mar subiria entre 52 e 98 cm até 2100. Em um cenário com reduções fortes nas emissões de GEEs, o aumento seria de 28 a 61 cm.
No ritmo em que as negociações internacionais para um novo acordo climático estão avançando, fica difícil de acreditar que a meta de aquecimento de dois graus Celsius seja alcançada, portanto, o cenário não parece muito promissor.
Grandes incertezas ainda cercam as projeções sobre o aumento do nível do mar devido às dúvidas sobre o aquecimento futuro e a uma compreensão incompleta dos processos complexos e mecanismos de feedback que causam a subida das águas.
Consequentemente, os modelos atuais produzem uma gama de estimativas até mesmo para cenários que consideram as mesmas temperaturas da atmosfera, explicam os pesquisadores, justificando a importância de um estudo reunir projeções variadas.
Fonte: IHU
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