Derrotar a Direita
Não Permite Vacilação*
Concluímos o
primeiro turno das eleições gerais com um Congresso Nacional mais conservador.
A onda reacionária fortaleceu as bancadas ligadas a grupos evangélicos
fundamentalistas, lideranças contra a ampliação de direitos e a chamada
"bancada da bala", defensora da intensificação de medidas
repressivas. Mas fortaleceu principalmente as bancadas patronais ligadas aos
grandes grupos econômicos.
Votos nulos, em
branco e a abstenção apresentaram um significativo crescimento, permitindo
concluir que também canalizaram a insatisfação dos eleitores.
A conjunção entre
um quadro recessivo na economia e o momento eleitoral sempre fragiliza a
situação e fortalece o discurso oposicionista. Neste contexto, as forças
neoliberais percebem a possibilidade de vitória e jogarão todas as suas fichas
nos próximos dias. O confronto entre Dilma Rousseff e Aécio Neves será uma
batalha decisiva, duríssima, que exigirá a mais ampla mobilização de todos os
setores populares e de esquerda em nosso país.
Neste momento,
assistimos o esforço da candidatura de Aécio Neves para disputar o espólio
eleitoral de Marina Silva, em especial os setores mais reacionários que haviam
enxergado uma possibilidade de vitória através da candidata do PSB. Para isso,
contará com o apoio infalível da grande mídia que também se prepara para
utilizar toda sua artilharia de denúncias nas próximas semanas.
Mais do que nas
outras eleições em que a candidatura do PT enfrentou-se com o PSDB, a vitória
de Dilma Rousseff dependerá da mobilização militante. Uma eleição a ser
decidida com o trabalho voluntário, de casa em casa, nas ruas, como nos
melhores momentos da história do PT. E dependerá, muito mais, da ousadia em
aprofundar o programa de mudanças, deixando claro para a juventude trabalhadora
e a militância popular seu compromisso e disposição concreta em enfrentar os
complexos desafios das mudanças sociais.
O segundo turno
favorecerá o debate político entre dois projetos distintos. O significado do
retorno do neoliberalismo, com suas privatizações, alinhamento com os EUA e
redução de investimentos sociais de um lado e a necessidade da frente
neodesenvolvimentista avançar no enfrentamento dos problemas estruturais que
foram relegados em nome da manutenção da unidade com setores burgueses, de
outro.
A proposta de uma
Plataforma dos Movimentos Sociais, elaborada por 60 organizações sociais de
todo o país é uma alternativa concreta, possível e imediata da necessária
radicalização que deve ser acolhida pela candidatura de Dilma para enfrentar a
ofensiva neoliberal neste segundo turno.
O momento
histórico não permite vacilações. É preciso derrotar o neoliberalismo.
Silenciar num momento tão decisivo ou esconder-se com o pretexto da coerência
num discurso sectário é cometer um grave erro político.
Permitir uma
derrota para o projeto do neoliberalismo significa uma tragédia não só para as
forças populares em nosso país, mas para todos os governos progressistas de
nosso continente, fortalecendo o imperialismo com implicações geopolíticas
mundiais.
Porém, mesmo
vitoriosa Dilma governará com uma correlação de forças desfavorável no
Congresso Nacional, com os setores médios, também chamados de "classe
média alta" extremamente rancorosos e com uma parcela do eleitorado muito
desconfiada de seus reais compromissos em aprofundar as mudanças.
Este cenário
reforça, mais ainda, a necessidade de lutar por uma Constituinte Exclusiva e
Soberana do Sistema Político. Sem enfrentar o atual sistema político estaremos
condenados a assistir o fechamento de um verdadeiro cerco político reacionário.
É fundamental
enfrentar a ofensiva neoliberal e apoiar a candidatura Dilma, mas não de forma
subordinada, apenas reproduzindo os slogans e frases de campanha. Erguer com
força a bandeira da 'Constituinte Já', exigir que seja Exclusiva e Soberana,
trabalhar a 'Plataforma dos Movimentos Sociais', aproveitar o momento eleitoral
para o debate político com o povo são os caminhos de um apoio político que
compreende que não basta ganhar, será preciso ser ousado para exigir mudanças
políticas que se não forem realizadas permitirão que se feche o cerco
conservador.”
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